- Home
- Mercado financeiro
- Vendedora à moda antiga: saiba quem foi Luiza Trajano Donato, a fundadora do Magalu (MGLU3)
Vendedora à moda antiga: saiba quem foi Luiza Trajano Donato, a fundadora do Magalu (MGLU3)
Empresas citadas na reportagem:
Luiza Trajano Donato, a fundadora do grupo de varejo Magazine Luiza (MGLU3), falecida nesta segunda-feira (12), aos 97 anos, se considerava acima de tudo uma “vendedora nata”. Tia da empresária e atual presidente do Conselho de Administração do grupo, Luiza Helena Trajano, ela dava a receita de como ser ter sucesso na profissão.
“Eu, modéstia à parte, me considero uma vendedora nata. A gente vende sendo franca com o cliente”, afirmou Luiza ao Estadão em novembro de 2005, quase 20 anos atrás, em uma das raras ocasiões em que concedeu entrevista à imprensa.
Entrada triunfal
Na época, Luiza Trajano planejava a chegada da rede na capital paulista, uma das paixões da empresária. Quando na ativa, a fundadora foi a responsável pela expansão da companhia. Para ela, não era possível chegar à capital só com meia dúzia de lojas.
Assim, na visão da fundadora, a entrada da varejista no principal mercado do país, tinha que ser triunfal, com “oba-oba”, como dizia ela. O que, de fato aconteceu. A rede abriu 50 lojas num único dia na cidade de São Paulo.
De acordo com a empresa, em seu post de despedida nas redes sociais, foi assim que tia Luiza deu as boas-vindas aos funcionários das primeiras 50 lojas abertas simultaneamente na cidade de São Paulo, em 2008:
“Quero pedir a vocês, como boa vendedora que fui, para sempre atender o freguês da melhor maneira possível, sem olhar se ele é branco, preto, pobre, rico, bonito ou feio. Atender com todo carinho, não importa se um esteja usando salto e outro chinelo de dedo. Atender com educação, não tapear o cliente, não mentir de jeito nenhum. Se vocês quiserem crescer na vida, sejam sempre sinceros e honestos.”
Comerciante à moda antiga
Discreta e simples no seu dia a dia, a fundado do Magalu era uma comerciante à moda antiga: chamava cliente de freguês e no início da empresa vendeu muito de porta em porta, com o seu marido, também falecido, Pelegrino José Donato, com quem fundou a rede em 1957.
“A gente trabalhava a semana inteira na loja e no sábado, depois das 13 horas, viajava de caminhonete para as usinas da região de Franca, onde vendíamos centenas de aparelhos de TV pelo catálogo, produto que era novidade nos anos 1950. O Pelegrino até instalava as antenas. Todo o fim do mês nós íamos receber o pagamento”, contou.
De família de comerciantes, como pai e irmãos do ramo de secos e olhados, Luiza desde cedo tomou gosto pelas compras. Aos 17 anos, começou a trabalhar como compradora do armazém do irmão.
Pela habilidade na função, foi convidada a trabalhar para uma loja importante, chamada Higino Caleiro, que vendia de tudo. “Meu irmão disse que era para eu aceitar o convite porque trabalhar nessa loja era como se fosse para o Banco do Brasil. Fiquei 11 anos lá”, contou.
Foi num lance de compra que ela conheceu o futuro marido, então representante comercial de uma rede de móveis. Luiza se casou com Pelegrino, saiu da loja e passou a acompanhá-lo nas viagens, também representando empresas.
O começo do Magalu
Na época, havia em Franca uma loja chamada Cristaleira, especializada em presentes e que estava à venda. A loja ficava na praça da igreja matriz. Luiza comprou a empresa, promoveu um concurso na cidade para a escolha do novo nome da varejista. Luiza contou que recebeu mais de 800 cartas e o nome que venceu foi Magazine Luiza. Assim nasceu o Magalu.
Apesar de ter cursado só até a quarta série do antigo curso primário, ela dava aulas de como administrar a empresa de origem familiar. Segundo Luiza, se um parente fizesse algo errado, ele não podia continuar na companhia e ressaltava que as regras “eram iguais para todos”.
‘A filha que eu não tive’
Luiza não teve filhos, mas 26 sobrinhos. E os olhos da fundadora sempre brilhavam quando falava da sobrinha e afilhada Luiza Helena Trajano, hoje presidente do conselho de administração do Magalu e sócia da companhia.
“Ela é a filha que eu não tive, é uma ‘senhora’ comerciante e tem o meu nome, para variar”, afirmou Luiza Trajano Donato. Segundo ela, foi sob o comando da sobrinha, Luiza Helena, que a empresa ganhou modernidade e uma marca registrada.
Hoje, o Magalu é uma das maiores varejistas do País, com faturamento de R$ 44,7 bilhões em 2022, mais de mil lojas físicas, segundo dados do ranking da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) e todo um ecossistema de vendas online, que inclui marketplace.
Magazine Luiza na Inteligência Financeira
Você pode acompanhar as notícias sobre a MGLU3 na Inteligência Financeira, na página dedicada à companhia, clicando aqui.
Com informações do Estadão Conteúdo
Leia a seguir