Terremoto em Mianmar: saiba o que aconteceu
O número de mortos no terremoto de magnitude 7,7 que atingiu Mianmar na sexta-feira (28) subiu para mais de 800 após a atualização dos registros de vítimas na região que inclui a cidade de Mandalay. A nova contagem foi divulgada pouco depois da chegada da primeira ajuda internacional às áreas afetadas.
A emissora estatal MRTV anunciou no aplicativo Telegram, no sábado, que 694 pessoas foram confirmadas como mortas na cidade e arredores, 68 estão desaparecidas e 1.640 ficaram feridas. A emissora acrescentou que os danos incluem 1.591 casas, 670 monastérios e 60 escolas. O epicentro do terremoto foi localizado a 17 quilômetros de Mandalay.
Na noite de sexta-feira, o governo militar do país, que enfrenta uma guerra civil, havia informado um número preliminar de 144 mortes, incluindo 30 na região de Mandalay. Com as novas atualizações, o total de mortos em todo o país subiu para 808. Além disso, outras nove mortes foram registradas em Bangcoc, segundo o gabinete do primeiro-ministro da Tailândia.
Estado de emergência
O regime militar de Mianmar declarou estado de emergência em seis regiões, e o chefe do governo, general Min Aung Hlaing, visitou Mandalay no sábado, segundo a MRTV. Durante uma reunião com autoridades locais, o general teria ordenado que operações de busca e resgate fossem realizadas o mais rápido possível e que as medidas necessárias fossem tomadas.
Os esforços de socorro em Mianmar estão sendo dificultados pela falta de eletricidade em Mandalay e Yangon, a maior cidade do país, além da guerra civil em andamento desde o golpe militar de 2021. Algumas das áreas afetadas estão sob controle do regime, enquanto outras são dominadas por grupos de oposição.
As autoridades informaram que o fornecimento de eletricidade em Yangon será reduzido para apenas quatro horas por dia a partir de sábado.
Um morador de Mandalay disse ao “Nikkei Asia” que muitas pessoas ainda estavam com medo de voltar para suas casas. Pequenos tremores secundários foram registrados durante a noite.
A embaixada da China em Mianmar anunciou que uma equipe de 37 socorristas foi enviada para Yangon e seguirá para Naypyitaw, onde os danos foram extensos.
“É a primeira equipe de resgate internacional a chegar a Mianmar dentro de 18 horas após o terremoto, demonstrando a amizade Pauk Paw [fraternal] entre China e Mianmar e o espírito de solidariedade”, disse a embaixada.
O ministro das Relações Exteriores da Índia, S. Jaishankar, escreveu na plataforma X que a Índia enviou um primeiro carregamento de ajuda humanitária para Mianmar, incluindo cobertores, lonas, kits de higiene, sacos de dormir, lâmpadas solares, pacotes de alimentos e utensílios de cozinha. Equipes de resgate e médicas foram enviadas no mesmo voo, acrescentou.
O coordenador de emergência das Nações Unidas alocou inicialmente US$ 5 milhões para os esforços de recuperação. “O terremoto agravará uma situação humanitária já crítica em Mianmar, onde cerca de 20 milhões de pessoas necessitam de assistência em todo o país, incluindo mais de 3,5 milhões de deslocados”, afirmou o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
Crise diplomática
Os países ocidentais cortaram em grande parte suas relações com Mianmar, mas a Comissão Europeia anunciou que a União Europeia está liberando 2,5 milhões de euros (US$ 2,3 milhões) em ajuda emergencial inicial. “A Comissão, juntamente com nossos parceiros humanitários, está avaliando a situação e as necessidades no local para mobilizar mais assistência da UE”, diz o comunicado.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que os EUA estão prontos para enviar ajuda a Mianmar, mas não forneceu detalhes.
Na Tailândia, no sábado, as autoridades fizeram um apelo por ajuda para resgatar 101 pessoas ainda desaparecidas após o desabamento de um prédio em construção do Escritório de Auditoria do Estado, em Bangcoc. Cinco mortes foram confirmadas nesse local e outras quatro em diferentes partes da cidade.
Um oficial do Exército tailandês disse ao “Nikkei Asia” que o resgate está sendo lento devido à falta de experiência da equipe nessas operações.
Suchatchavee Suwansawas, professor de engenharia civil, vice-líder do Partido Democrata e membro do Parlamento de Bangcoc, afirmou que ainda é cedo para determinar a causa do desabamento, mas destacou que “claramente houve um erro no projeto”, pois esse foi o único prédio em Bangcock que foi destruído. Ele faz parte dos centenas de engenheiros voluntários mobilizados pela administração da capital tailandesa para ajudar nos esforços de resgate.
Enquanto isso, o transporte público na capital tailandesa voltou quase ao normal no sábado, mas o tráfego permaneceu leve, pois muitos moradores preferiram ficar em casa.
O ministro do Interior da Tailândia, Anutin Charnvirakul, ordenou que autoridades locais inspecionem todos os prédios altos nas 13 províncias afetadas pelo terremoto, especialmente em Chiang Mai, um famoso destino turístico no norte do país, onde há relatos de rachaduras em vários condomínios e edifícios.
Com informações do Valor Econômico
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