Restrições à Nvidia na China podem gerar queda de US$ 6 bilhões em receita

Novas restrições comerciais à exportação de chips de IA para a China podem impactar significativamente a receita da Nvidia, segundo analista de Wall Street. Ações da empresa chegaram a cair, mas se recuperaram no fechamento.

Os investidores devem se preparar para “possíveis novas restrições significativas” impostas pelo governo Trump às exportações de chips de inteligência artificial (IA) para a China, afirmou um analista de Wall Street nesta sexta-feira (28). A notícia tem potencial para impactar as ações da Nvidia e de outras fabricantes de chips de IA.

Em uma nota a clientes, o analista Vijay Rakesh, da Mizuho Securities, disse que espera que essas novas restrições sejam anunciadas nas próximas semanas, após a confirmação dos nomes que irão ocupar algumas cadeiras ainda vazias no governo.

“Com base nas manchetes do setor e em verificações com a nossa equipe em Washington, acreditamos que restrições significativas para a IA podem estar a caminho”, disse Rakesh. Ele mencionou as nomeações pendentes de Landon Heid para secretário assistente do Departamento de Comércio, e de Jeffrey Kessler para subsecretário do Bureau de Indústria e Segurança.

Essas nomeações podem resultar em “uma proibição total de todos os chips de IA para a China”, afirmou Rakesh. Isso afetaria os modelos H20 e B20 da Nvidia, que atualmente ainda podem ser vendidos na China. Esses processadores têm capacidades reduzidas em comparação com os chips de ponta da empresa.

A proibição pode resultar em uma potencial redução de US$ 4 bilhões a US$ 6 bilhões na receita da Nvidia no ano fiscal de 2026, além de uma queda no lucro por ação de US#$ 0,13 a US$ 0,18, estimou Rakesh.

“Acreditamos que as restrições podem se estender para todas as exportações de chips de IA para a China, incluindo alguns chips legados (chips mais antigos), e impactar licenças de exportação para países com fortes laços com a China”, afirmou o analista.

No ano fiscal de 2025, a China respondeu por cerca de 13% da receita total da Nvidia, ou aproximadamente US$ 17 bilhões, incluindo mais de US$ 10 bilhões em receita com IA.

A Broadcom também seria afetada, pois tem um projeto personalizado de chip de IA com a empresa chinesa ByteDance, segundo Rakesh.

Durante a manhã desta sexta, as ações da Nvidia chegaram a cair 3,1%, antes de se recuperarem. No fechamento, a Nvidia subiu 3,9%, encerrando o pregão a US$ 124,81.

As ações da Broadcom subiram 0,8%, fechando a US$ 199,45.

Em meio a esse cenário, a gigante de software Microsoft solicitou ao presidente Donald Trump nesta semana uma mudança na política dos EUA que restringe fortemente a exportação de chips de inteligência artificial.

Em um texto publicado na quinta-feira, Brad Smith, presidente da Microsoft, criticou a chamada “Regra Final de Difusão de IA”, implementada nos últimos momentos do governo Biden, que limita a exportação de componentes de IA dos EUA para “muitos mercados de rápido crescimento e importância estratégica”.

“Da forma como foi redigida, essa regra prejudica duas prioridades do governo Trump: fortalecer a liderança dos EUA em IA e reduzir o déficit comercial do país, que se aproxima de um trilhão de dólares”, afirmou Smith. “Se não for alterada, a regra de Biden dará à China uma vantagem estratégica na disseminação de sua própria tecnologia de IA, ecoando sua rápida ascensão no setor de telecomunicações 5G há uma década.”

A mudança na regra imposta pelo governo Biden colocou muitos aliados dos EUA em uma categoria que impõe limites quantitativos à capacidade das empresas de tecnologia americanas de construir e expandir data centers de IA nesses países. Entre os países afetados estão Índia, Indonésia, Israel, Grécia, Polônia, Arábia Saudita, Cingapura, Suíça e Emirados Árabes Unidos.

“Se não for alterada, a Regra de Difusão se tornará um presente para o setor de IA em rápida expansão da China”, alertou Smith.

*Com informações do Valor Econômico

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