- Home
- Mercado financeiro
- Rendimento do CDB fica abaixo de 1% ao mês com queda da Selic; para onde ir na renda fixa?
Rendimento do CDB fica abaixo de 1% ao mês com queda da Selic; para onde ir na renda fixa?
Com decisão do Copom de cortar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,75% ao ano, o rendimento do CDB a 100% CDI passou a ser inferior a 1% ao mês. Agora, os certificados de depósito bancário atrelados ao DI tem rendimento anual de 11,65%, ou 0,97% mensal. A queda representa um marco para o investidor de renda fixa, chamado de “rentista” pelo mercado, e é um sinal de que está na hora do investidor rodar a carteira de renda fixa.
Pelo menos, esta é a avaliação de gestores ouvidos pela Inteligência Financeira. Na análise dos especialistas, está na hora de buscar ativos “de maior risco” na renda fixa, migrando para títulos prefixados e atrelados à inflação. Mesmo assim, o CDB a 100% do CDI ainda tem “poder de fogo” na carteira.
Qual é o rendimento do CDB a 100% do CDI?
Com a taxa de juros nominal do Brasil fixada a 11,75% ao ano, o CDB atrelado a 100% do CDI rende, por mês, 0,97%. Desde maio de 2022, o CDI rendia acima de 1% até a última quarta-feira (15), quando o Copom cortou a Selic.
A mudança, dizem gestores, é um novo capítulo da renda fixa, inclusive a ser comemorado pelo mercado. O “maratonista” e principal benchmark do mercado, o CDI, vem perdendo fôlego.
Os últimos 12 meses foram “maravilhosos” para quem lucrou a partir do rendimento do CDB, explica Gilvan Bueno, sócio da Órama Investimentos.
Para ele, pelos próximos meses, os investidores pessoa física, principalmente, terão que “participar mais da economia real” para obter retornos, pensando em mudar o foco da carteira para produtos com forte marcação à mercado.
“O marco de 1% ao mês com o CDB a 100% do CDI acabou e ponto final. Com uma curva de inflação desacelerando, o BC é obrigado a cortar juros, o que torna a curva do IPCA mais interessante no período de 3 a 5 anos”, diz Bueno.
Após queda de rendimento ainda vale a pena investir no CDB?
Os cortes da Selic efetuados pelo Copom neste ano apresentam o investidor ao cenário de maior prêmio de risco, tanto para a renda variável quanto para a renda fixa. Afinal, 2024 ainda traz boa perspectiva para os rentistas, sugere Igor Cavaca, head de gestão da Warren.
Mesmo com o rendimento do CDB em queda, a perspectiva é de que ativos pós-fixados devem permanecer atrativos, avisa o especialista.
“A remuneração de modalidades pós-fixadas ainda mantém sua atratividade, especialmente quando consideramos a rentabilidade real dos investimentos”, diz Cavaca. Entende-se, portanto, que o CDB a 100% do CDI continuará com retorno positivo sobre a inflação brasileira.
Ian Lima, analista de renda fixa da Inter Asset, também acredita que o rendimento do CDB atrelado ao CDI continua sendo um bom investimento, e um dos mais “seguros” no universo rentista. No momento, afirma, o CDB a 100% do CDI “está muito parecido com os títulos prefixados sem risco de crédito do emissor”.
“Aainda vale a pena investir no CDB 100% do CDI”
Ian Lima, da Inter Asset
Gestores defendem mudança na carteira da renda fixa
Apesar de continuar um bom investimento, a queda no rendimento do CDB mostra que está na hora de mudar a carteira de renda fixa. Especialistas defendem uma exposição maior à títulos atrelados à inflação e prefixados, no âmbito dos títulos do Tesouro Direto.
De acordo com Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa do Itaú BBA, a queda dos pós-fixados traz uma oportunidade “para títulos de prazos maiores” na curva do juros.
“Neste trecho da curva, temos preferência pelos títulos atrelados à inflação”, diz Queiroz. “Mas as mudanças devem considerar a reavaliação do perfil do investidor, seus objetivos e seu horizonte de investimento”, alerta.
Ele lembra que o ritmo de mudança da carteira deve seguir, principalmente, dois critérios. “A velocidade dessa migração se dá em parte pelo ritmo de ajuste da taxa Selic e pelo nível terminal deste ciclo de corte.”
Já Ricardo Espindola, head de crédito da Porto Asset, afirma que o investidor pode recorrer ao mercado de crédito e de fundos para substituir o rendimento do CDB ou do Tesouro Selic.
“Títulos de crédito privado que rendem acima do CDI são uma opção. Os fundos de renda fixa também têm uma reação positiva com cortes da Selic, e tendem a aumentar rendimentos”, pontua.
O gestor, por outro lado, recomenda fugir da LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito Agropecuário). Para ele, os produtos precisam ter retorno e liquidez competitivos com a Selic, lembrando que as letras são isentas de imposto.
A Warren, contudo, segue em uma estratégia contrária. A casa vem apostando nos títulos pós-fixados. “Atualmente, nossa estratégia tem sido focar mais em ativos pós-fixados, uma alocação que foi ajustada recentemente, migrando de ativos prefixados”, afirma Cavaca, da corretora.
Qual deve ser a carteira de renda fixa? Itaú BBA e Inter Asset respondem.
Após o último corte da Selic, conforme a explicação de Ian Lima, a carteira de renda fixa ideal é composta em:
- 35% no Tesouro IPCA 2026 e Tesouro IPCA 2028 e
- 15% no Tesouro IPCA+ 2050 (com cupons semestrais)
- 30% no Tesouro Selic de 2029 e
- 20% no Tesouro Prefixado 2027
Já de acordo com Lucas Queiroz, do Itaú BBA, a carteira de renda fixa recomendada ao investidor que busca retorno em 12 meses, no curto prazo, é a seguinte:
- 30% no Tesouro Selic 2026
- 40% no Tesouro Prefixado
- 10% no Tesouro Prefixado
- 20% no Tesouro IPCA+ 2045
Leia a seguir