Tropas russas avançam no sul da Ucrânia antes de nova rodada de negociação
Kherson é a primeira grande cidade a ser ocupada pela Rússia após uma semana de intensos combates e bombardeios
A Rússia acelerou sua ofensiva militar no sul da Ucrânia, invadindo a cidade de Kherson e avançando em direção a Zaporizhya, enquanto os dois lados se preparam para retomar as negociações de um cessar-fogo.
Kherson, localizada na foz do rio Dnipro e perto do Mar Negro, é a primeira grande cidade a ser ocupada pelas tropas russas após uma semana de intensos combates e bombardeios sobre o país vizinho.
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Autoridades locais disseram que estão trabalhando para restaurar os serviços de eletricidade e aquecimento, retirar corpos das ruas e entregar alimentos e outros suprimentos vitais para os moradores da cidade.
As tropas ucranianas conseguiram até agora impedir o avanço da Rússia sobre a capital Kiev e sobre Kharkiv, a segunda maior cidade do país. A forte resistência da Ucrânia, no entanto, levou Moscou a adotar uma estratégia de ataques indiscriminados contra o país e a bombardear áreas civis, em uma tentativa de desmoralizar a população.
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Autoridades ocidentais temem que Moscou esteja preparando as bases para que os militares russos usem táticas de cerco às cidades, prendendo civis e combatentes da resistência dentro de áreas urbanas e cortando o abastecimento de alimentos e outros suprimentos.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, comparou a situação dos centros urbanos ucranianos com Aleppo, no norte da Síria, dizimada pelas forças do presidente do país, Bashar al Assad, que tem apoio da Rússia.
“O pior ainda está à nossa frente”, disse Le Drian, acrescentando que Kharkiv, cidade predominantemente de língua russa no leste do país, e Mariupol, na costa do Mar de Azov, correm o risco de serem cercadas.
Em Kherson, o som dos disparos desapareceu e as ruas estão quietas, disse uma estudante que mora na cidade, acrescentando que as forças russas parecem ter tomado o controle na região. Os civis voltaram a sair de casa para comprar comida antes de um esperado contra-ataque ucraniano, acrescentou a estudante.
O prefeito de Kherson, Igor Kolykhaev, escreveu em uma rede social que “visitantes armados” entraram no prédio do conselho da cidade, acrescentando que não negociou com eles. Ele disse que adotaria um toque de recolher e aconselhou a população a andar sozinha pelas ruas.
“Os militares não serão provocados. Parem no primeiro pedido”, disse ele, sobre uma possível verificação que pode ser feita pelas tropas russas.
A Rússia também intensificou a pressão sobre a Ucrânia para realizar uma segunda rodada de negociações sobre um cessar-fogo. O primeiro encontro, realizado na segunda, terminou sem avanços concretos e foi seguido por um aumento dos bombardeios.
“Os negociadores ucranianos claramente não estão com pressa. Vamos torcer para que eles cheguem ainda hoje”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Autoridades ucranianas disseram que planejam participar das negociações, previstas para ocorrer hoje em uma região na fronteira entre Belarus e Polônia.
O presidente russo, Vladimir Putin, lançou a ofensiva militar com o objetivo de tomar rapidamente Kiev e derrubar o governo de Volodymyr Zelensky. As tropas russas, porém, estão enfrentando forte resistência e dificuldades logísticas para avançar rumo à capital, disseram oficiais militares ocidentais e ucranianos.
O Ministério da Defesa da Rússia reconheceu ontem, pela primeira vez, ter sofrido grandes perdas. Nos sete primeiros dias do conflito, 498 soldados russos foram mortos e 1.597 ficaram feridos. Moscou disse que suas tropas mataram 2.870 militares ucranianos.
A Ucrânia não divulgou suas baixas, mas disse que seus militares mataram 5.840 soldados russos. Autoridades ucranianas estimaram que 2 mil civis já morreram desde o início da invasão pelas tropas de Moscou.
Em apenas sete dias, 1 milhão de pessoas já fugiram da Ucrânia para os países vizinhos, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi.
Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico