Foi a semana que marcou a volta do presidente eleito a Brasília. Lula, depois da viagem para o Egito e da cirurgia na laringe, reassumiu o comando da transição.
E atuou para destravar acordos políticos para a votação da PEC que vai liberar espaço no Orçamento para gastos sociais prometidos em campanha.
A tendência é de que o Congresso vote e faça um enxugamento das demandas que o governo eleito apresentou, tanto no valor, que deve chegar a R$ 150 bilhões fora do teto, quanto no prazo. Em vez dos quatro anos pedidos por Lula, esse limite deve ficar em um ou dois anos.
Essa construção política passou pelo apoio do PT e de vários partidos da esquerda à recondução de Arthur Lira à presidência da Câmara. A eleição será em fevereiro, mas o líder do centrão já está com grande margem de votos para permanecer à frente da pauta do Legislativo mais dois anos.
E Lula também avançou na conversa com aliados para a formação do seu ministério. Embora os nomes mais importantes devam ser anunciados apenas depois da diplomação, o favoritismo de Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda aumentou depois que o ex-prefeito de São Paulo foi escalado pelo presidente eleito para acompanhar os trabalhos do grupo de economistas que atua na transição.
Outra prioridade para Lula é o ministério da Defesa. O favorito para o cargo é o ex-ministro José Múcio Monteiro, que trabalhou na primeira gestão de Lula e acabou de deixar o tribunal de contas da união.
A prioridade na montagem do Ministério da Defesa não ocorre por acaso. Os auxiliares de Lula demonstram preocupação com o posicionamento dos militares diante de apoiadores de Bolsonaro que não aceitam o resultado da eleição e protestam em frente a quartéis há mais de um mês. A ideia do presidente eleito é fazer alguns acenos aos generais, sobretudo indicando um nome mais moderado para a pasta e sinalizando que os novos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica seguirão o princípio de antiguidade.
E de olho na possibilidade de novas manifestações, inclusive em Brasília, o TSE chegou a um entendimento com a equipe de Lula para antecipar a data da diplomação, que será agora no dia 12, uma semana antes do previsto.
Ainda assim, o presidente Bolsonaro segue participando de solenidades em instalações militares, em silêncio e sem reconhecer objetivamente o resultado da eleição, o que gera apreensão entre líderes dos 3 Poderes na capital federal.