Oi (OIBR) cai mais de 9,88% após notícia de grupamento de ações. Pode piorar?

Entre as principais quedas do mercado, as ações da Oi fecharam o pregão desta segunda-feira (18) em baixa de 11,11% (ON) e de 9,88% (PN), cotadas a R$ 0,32 e R$ 0,73, respectivamente. O movimento reflete a notícia de que o conselho de administração aprovou ontem o grupamento de todas as ações da companhia na proporção de 50 para 1.
A proposta, que precisa da aprovação dos acionistas, será discutida em assembleia no dia 18 de novembro. Segundo a companhia, a medida busca o enquadramento da cotação das ações em valor igual ou superior a R$ 1 por unidade, piso mínimo da B3.
Os negócios com as ações da Oi hoje giraram R$ 62,6 milhões para as ordinárias, cinco vezes o valor registrado ontem, enquanto as preferenciais movimentaram R$ 3,16 milhões, 16 vezes o volume da véspera, de R$ 184,8 mil.
O analista da Nord Research Fabiano Vaz afirma que a proposta de grupamento já era esperada e que, em termos de fundamentos, nada muda, mas que a proporção acima das expectativas pode ter gerado a reação negativa.
“O que muda é o preço de tela e a quantidade de ações, mas as perspectivas para a empresa continuam as mesmas”, afirma. “Talvez a proporção de 50 para 1 tenha assustado um pouco, acima do que o mercado estava esperando, o que pode até diminuir a liquidez, mas isso só vamos saber mais para a frente”.
Em agosto, a Oi informou que encaminharia uma proposta de grupamento até o final do ano, após ser novamente questionada pela B3, já que no período de 1º de julho a 11 de agosto as ações ordinárias permaneceram cotadas abaixo de R$ 1.
Em fevereiro, a empresa já havia sido indagada pelo mesmo motivo. Na ocasião, a bolsa solicitou o enquadramento até 19 de julho — ou até a data da primeira assembleia geral, o que ocorresse primeiro. Em resposta, a companhia informou que estava em fase final de implementação de algumas etapas fundamentais do seu plano estratégico de transformação.
Para Niels Tahara, head de análise fundamentalista da Benndorf Research, a notícia de grupamento em si não é ruim, mas simboliza que a companhia segue em um quadro desafiador.
“O fato é que mesmo depois da venda de ativos, a Oi ainda se encontra em situação de endividamento alta, apesar de menor após a venda dos ativos móveis, e com a necessidade de fazer elevados investimentos de modernização, que devem continuar a consumir caixa nos próximos anos”, comenta. “Nesse sentido, o processo de recuperação não só não foi finalizado, mas parece ter ficado mais distante, o que também acaba se refletindo na performance das ações”.