No mercado de papel e celulose, Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) traçam caminhos distintos

Gigantes brasileiras concluíram grandes investimentos no país e agora estruturam os próximos passos

Área de plantio da Suzano (SUZB3). Foto: Ricardo Stuckert/PR
Área de plantio da Suzano (SUZB3). Foto: Ricardo Stuckert/PR

As maiores e mais antigas companhias de papel e celulose brasileiras concluíram grandes investimentos no país e agora estruturam os próximos passos, mas seguindo direções opostas.

Enquanto a Suzano (SUZB3) projeta que a celulose de eucalipto (fibra curta) vai continuar ganhando mercado, e dobra suas fichas nesse produto, a Klabin (KLBN11) entende que a maior oportunidade está na celulose vinda do pinus (fibra longa).

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Também há divergência quanto à internacionalização dos negócios. Este ano, a Suzano comprou ativos no exterior, duas fábricas da americana Pactiv Evergreen e participação acionária na austríaca Lenzing. A Klabin, por sua vez, diz que ainda não está nos planos explorar fronteiras para além do Brasil.

Modelos distintos

Suzano e Klabin têm modelos de negócio bastante distintos. Enquanto na primeira a celulose é o carro-chefe, respondendo por cerca de 80% da receita, a segunda possui uma divisão equilibrada entre celulose, papel e embalagens.

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Além disso, a Suzano produz exclusivamente com a celulose de eucalipto enquanto a Klabin trabalha com florestas de eucalipto e de pinus, sendo esta última mais relevante.

Diversificação

Ao longo dos últimos anos, a Suzano tem buscado novas avenidas de crescimento para além dos negócios de celulose, e isso inclui oportunidades dentro e fora do Brasil.

Este ano, a companhia adquiriu uma fatia de 15% da austríaca Lenzing por cerca de R$ 1,3 bilhão e duas fábricas de celulose e papel cartão da americana Pactiv Evergreen por US$ 110 milhões.

Em encontro com investidores na última quinta-feira (12), o presidente da Suzano, Beto Abreu, afirmou que transações de grande porte não estão nos planos da empresa por enquanto. O executivo acrescentou que a Suzano continuará olhando o mercado, mas que eventuais aquisições devem gerar escala.

Após entregar o projeto Cerrado, maior linha única de produção de celulose do mundo, localizada em Ribas do Rio Pardo (MS), a prioridade é reduzir o endividamento. Para isso, a companhia será mais cuidadosa na hora de fazer novos investimentos.

A Klabin também ampliou seu portfólio nos últimos anos, mas essa diversificação se limitou ao mercado interno. Desde 2017, a companhia investiu mais de R$ 21 bilhões para adquirir o negócio de papéis para embalagens e papelão ondulado da International Paper do Brasil; colocar em operação duas novas máquinas de papel do projeto Puma II, a MP 27 e a MP 28; integrar ativos florestais da Arauco, no Paraná; e inaugurar uma fábrica de embalagens de papelão, em Piracicaba (SP).

Segundo o comando da empresa, o momento agora é de “colher os frutos”, não prevendo grandes movimentações nos próximos anos. A empresa deixa claro que ainda vê espaço para crescimento orgânico no Brasil e descarta sair do país por enquanto.

Fibra longa ou fibra curta?

Nos últimos anos, diversas empresas anunciaram novas fábricas de celulose de fibra curta, aumentando de forma considerável a oferta do produto. A Suzano estima que, até 2028, sejam adicionadas quase 7 milhões de toneladas no mercado.

Enquanto isso, na fibra longa, muitas capacidades foram fechadas, principalmente por desafios relativos ao custo de produção.

Isso tem aumentado a diferença de preço entre as duas fibras. Segundo dados mais recentes, enquanto a fibra curta está em torno de US$ 550 a tonelada no mercado chinês, a fibra longa se aproxima dos US$ 730, resultando em uma diferença (“spread”, no jargão do mercado) superior a US$ 220.

Na avaliação da Suzano, esse cenário é mais favorável à celulose de fibra curta. Uma vez que o custo de produção passa a ser bastante inferior. Aos investidores, na quinta-feira, a companhia deixou claro que sua estratégia é engajar os clientes na substituição da fibra longa pela fibra curta.

A Klabin, por outro lado, entende que essa diferença evidencia o diferencial de valor agregado da fibra longa. E endossa a estratégia adotada nos últimos anos, de ampliar a produção dessa matéria-prima no país.

“Na fibra curta, muito mais volume entrou que saiu. Na fibra longa, não entrou praticamente nada”, disse Marcos Ivo, diretor financeiro da Klabin, durante evento com investidores realizado na terça-feira (10).

A companhia disse ainda que um próximo ciclo de investimentos deveria ocorrer em celulose fluff, usada em fraldas descartáveis e absorventes, a partir da fibra longa. A Suzano também produz fluff, porém a partir da fibra curta.

Por ora, o discurso de ambas é de disciplina financeira e redução do endividamento, o que gera pouca expectativa para novas movimentações. Ainda assim, concorrentes e investidores seguem monitorando os próximos passos para avaliar os desdobramentos dos caminhos escolhidos.

Com informações do Valor Econômico

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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