Em coletiva de imprensa de encerramento do ano, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, destacou a relação entre o crescimento do país e o desenvolvimento do setor de aço, com estimativa de produção de aço bruto de 33,8 milhões de toneladas em 2024, representando um crescimento de 5,5% frente ao ano passado.
Por outro lado, as exportações do insumo para 2024 foram estimadas em 21,1 milhões de toneladas, representando queda de 8,7%, enquanto as importações registraram aumento de 24%. Segundo o executivo, é essencial que o mercado interno cresça para fortalecer a indústria nacional, que realiza investimentos anuais de R$ 12 bilhões. No entanto, as importações, especialmente as provenientes da China, não devem ser tão expressivas a ponto de prejudicar a competitividade da indústria local.
“2024 foi um ano em que cresce o Brasil, cresce o setor e crescem as preocupações. Entre os motivos, estão a invasão das importações com práticas predatórias, situação fiscal e trajetória da dívida pública, desvalorização do câmbio, aceleração da inflação e elevação da taxa básica de juros”, ressaltou o executivo.
Lopes destacou a importância de redução do custo Brasil e da implementação da reforma tributária, além de lamentar a inclusão de carvão e minério no imposto seletivo, conhecido como “imposto do pecado”.
Cristina Yuan, diretora de assuntos institucionais, ressaltou que, no Brasil, o setor de ferro e aço é responsável por cerca de 4% das emissões, enquanto globalmente a produção de aço responde por aproximadamente 7%. Isso coloca o Brasil em uma posição de contribuição abaixo da média mundial.
“A China é a responsável pela maior parte das emissões e, em 2030, vai cair um pouco em função do aumento das emissões da Índia. (…). A América Latina representa apenas 2%”, disse Yuan.
R$ 180 bi para atingir neutralidade climática no setor
Para avançar na transição energética, o setor de ferro e aço no Brasil precisa de recursos da ordem de R$ 180 bilhões como forma de atingir a neutralidade climática, segundo avaliação do Instituto Aço Brasil. O segmento tem como meta ser Net Zero até 2050.
Essa meta envolve investimentos em tecnologias de baixo carbono, maior eficiência energética, uso de biocarbono e iniciativas como a substituição gradual do carvão mineral por alternativas mais sustentáveis nos alto-fornos. Além disso, o setor tem defendido a adoção de políticas públicas que favoreçam uma transição equilibrada e viável economicamente.
No entendimento de Mello Lopes, o Brasil precisa ainda ter oferta de sucata, o que demanda um crescimento maior do país; gás natural a preço competitivo; e recursos com custos atrativos para financiar a transição. “A Petrobras não pode estar nesta postura monopolista e nós ficamos nesta busca inglória”, diz Lopes.
O executivo ressalta que países como Brasil, China e Índia, por estarem no mesmo patamar de nações em desenvolvimento, devem ter condições específicas em relação às suas obrigações climáticas. Atualmente, o principal emissor de gases de efeito estufa no Brasil é decorrente das queimadas e do desmatamento. No entanto, segundo Cristina Yuan, a pressão recai majoritariamente sobre a indústria.
“A China é a responsável pela maior parte das emissões e, em 2030, vai cair um pouco em função do aumento das emissões da Índia. (…). A América Latina representa apenas 2%”, diz Yuan.
*Com informações do Valor Econômico
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