A Copel e a Eletrobras firmaram um acordo estratégico que redistribui o controle de importantes ativos de geração e transmissão de energia no Brasil, avaliados em R$ 5,5 bilhões. A transação envolve as hidrelétricas de Colíder e Mauá, além da transmissora Mata de Santa Genebra, e busca otimizar os portfólios das duas companhias.
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A Copel, que já possuía o controle majoritário da hidrelétrica de Mauá (361 MW) e da transmissora Mata de Santa Genebra, agora passará a deter 100% desses ativos. Em troca, a Eletrobras assume o controle total da hidrelétrica de Colíder (300 MW), localizada no Mato Grosso, e recebe um pagamento adicional em dinheiro de R$ 365 milhões.
Ambas as empresas, depois que foram privatizadas, têm adotado posturas de racionalização dos ativos. A Copel promoveu a descarbonização do portfólio com a venda da distribuidora de gás Compagass para empresa do grupo Cosan, alienou a usina a gás de Araucária para a Âmbar, da J&F, vendeu 13 pequenas usinas para a Electra e vem apostando no crescimento orgânico com investimentos focados na área de concessão de sua distribuidora.
Já a Eletrobras comunicou ao mercado sua intenção de vender posições minoritárias. Com a nova reestruturação, a empresa passou a reduzir o número de sociedades de propósito específico (SPEs), transformou as subsidiárias em subsidiárias integrais, fez o desinvestimento em térmicas, enxugou o quadro de funcionários e vendeu participações consideradas não estratégicas.
Ao Valor, Daniel Slaviero, CEO da Copel, afirmou que a transação otimiza o portfólio de ativos da empresa, focando em empreendimentos alinhados ao seu “core business” e com relevância estratégica e geográfica. Além disso, a simplificação da governança dos ativos e o fortalecimento financeiro com ativos de longa concessão foram destacados como benefícios principais.
“A transação gera valor para a Copel através da otimização do portfólio, simplificação de estruturas e sinergias operacionais. Já conhecemos os ativos e sabemos como melhorar a performance. Estamos falando de ativos totais a valores contábeis de R$ 5,5 bilhões. Com isso, cumprimos mais uma promessa do nosso processo para se transformar em uma corporação, que passou pela descarbonização do portfólio, reorganização dos ativos, ganhos de eficiência e investimentos orgânicos em nossa distribuidora”, diz Slaviero.
Felipe Guterres, diretor financeiro da Copel, acrescenta que a empresa estima aproveitar sinergias operacionais e benefícios fiscais de até R$ 170 milhões com a consolidação de sua posição nesses ativos, além da consolidação do resultado da operação no Ebtida (R$ 260 milhões). O financiamento para o desembolso será feito com recursos do BNDES e emissão de debêntures.
Do ponto de vista estratégico, a operação proporciona à Copel uma maior centralização no processo de decisão e maior previsibilidade de geração de caixa e foco na região Centro-Sul do Brasil. Se desfazer da Colider foi estratégico, já que a diferença entre o valor real do ativo e o efetivamente gasto é da ordem de R$ 500 milhões e repassar a usina permite à empresa se apropriar de parte do prejuízo fiscal.
A transmissora Mata de Santa Genebra tem 887 quilômetros entre São Paulo e Paraná, com uma receita anual permitida (RAP) de R$ 321 milhões. A usina de Mauá tem 100% da energia contratada para distribuidora, o que garante uma receita previsível e estável. Já a Eletrobras reforça seu portfólio de geração hídrica com a incorporação de Colíder – a concessão vence apenas em 2046 –, com 70% da energia vendida para as concessionárias.
Em nota, o vice-presidente de estratégia e desenvolvimento de negócios da Eletrobras, Elio Wolff, disse que a assinatura do acordo de swap de ativos com a Copel reforça a estratégia de simplificação da estrutura societária da empresa.
“Esse processo, que está em curso, permite a otimização das participações com criação de valor e catalisa a retomada de investimentos em modernização e novos negócios, sempre com disciplina de capital e ganhos para os acionistas e clientes.”
*Com informações do Valor Econômico
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