Eve, da Embraer, e Zanite acertam fusão e aceleram corrida por “carro voador”
Transação deve ser finalizada até o segundo trimestre de 2022
A fusão entre a Eve e a Zanite Acquisition acelera o plano de negócios da empresa de mobilidade aérea urbana (UAM, na sigla em inglês) da Embraer e assegura recursos suficientes até a certificação do veículo elétrico de decolagem e pouso vertical (eVTOL) que está sendo desenvolvido, disse ao Valor o presidente da fabricante brasileira de aviões, , Francisco Gomes Neto.
“Esse capital será investido na composição do produto e no sistema de gestão do tráfego aéreo”, afirmou o executivo. Nesta manhã, a Embraer a anunciou a combinação dos negócios da Eve com a americana Zanite, formando uma nova empresa, a Eve Holding, que será listada na Bolsa de Nova York.
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A Eve receberá inicialmente US$ 542 milhões, dos quais US$ 237 milhões em dinheiro da Zanite, que foi constituída para fins de aquisição (Spac), e US$ 305 milhões de um fundo de investimento privado em empresas com ações negociadas em bolsa (Pipe, na sigla em inglês) ancorado pelas sócias Embraer e Zanite, outros investidores financeiros e um consórcio formado por parceiros estratégicos, entre os quais Azorra Aviation, BAE Systems, Bradesco BBI, Falko Regional Aircraft, Republic Airways, Rolls-Royce e SkyWest, Inc.
A companhia brasileira terá, inicialmente, participação de 82% na holding. “O plano é manter posição majoritária”, acrescentou Gomes Neto.
O valor de empresa atribuído à Eve na transação é de cerca de US$ 2,4 bilhões. Em 2030, a companhia deverá alcançar receitas de US$ 4,5 bilhões, com participação de mercado de 15%.
Neste momento, o fluxo de pedidos da Eve está estimado em US$ 5,2 bilhões, ou 1.735 pedidos de eVTOLs assegurados por meio de cartas de intenção não vinculantes com 17 clientes de diferentes partes do mundo, incluindo operadores de asa fixa e helicópteros, locadores de aeronaves e parceiros de plataforma de transporte compartilhado.
A maior parte da equipe da Eve Holding, de acordo com o presidente da Embraer, ficará no Brasil. O modelo produção do veículo elétrico de decolagem e pouso vertical (eVTOL) desenvolvido pela Eve será definido nos próximos meses.
“Estamos em vias de contratar uma consultoria externa para definir o melhor modelo de produção e logística. Mas ele caminha para termos uma unidade de produção de kits de peças e outras de montagem em diferentes mercados”, explicou o executivo.
De acordo com Stein, o cronograma estimado de certificação do “carro voador” da Eve em 2025, com início de operação comercial em 2026, está mantido. A recente simulação de rota aérea potencial no Rio de Janeiro, contou, foi bem sucedida e forneceu dados relevantes quanto à aceitação da operação e de controle de tráfego aéreo. Durante um mês, a rota aérea potencial no Rio de Janeiro, contou, foi bem sucedida e forneceu dados relevantes quanto à aceitação da operação e de controle de tráfego aéreo. Durante um mês, a rota entre a Barra da Tijuca e o Aeroporto Internacional Tim Jobim (Galeão) foi feita por helicóptero, com seis voos diários que alcançaram na média mais de 80% de ocupação — 630 passageiros foram transportados no período.
“Em São Paulo, deve haver entre 400 e 500 eVTOLs em operação no futuro. Será preciso criar um sistema específico de mobilidade aérea urbana e, nesse ponto, a simulação foi muito bem sucedida”, afirmou. Stein.
O mercado global de mobilidade área urbana está estimado em US$ 119 bilhões no ano de 2040 pela KPMG e será disputado por uma série de empresas. Com a fusão com a Zanite, a Eve, da Embraer, ganhou fôlego nessa corrida.
Na transação, a Embraer aportou ativos, colaboradores e propriedade intelectual relacionados à mobilidade aérea urbana. A companhia concedeu ainda uma licença livre de royalties para que suas patentes sejam utilizadas nesse mercado pela Eve Holding, que ainda terá acesso aos profissionais da fabricante brasileira de aviões e à Atech, que desenvolverá o sistema de gestão de tráfego.
Segundo o presidente da Embraer, a escolha da Zanite levou em conta a experiência de seus fundadores no mercado de aviação — Kenn Ricci, coproprietário da Directional Aviation Capital, uma das maiores operadoras de jatos executivos do mundo, e Steve Rosen, da Resilience Capital Partners. “Havia várias alternativas para acelerar o desenvolvimento do eVTOL, mas a Spac traz agilidade para acelerar o processo”, comentou.
Outros investidores participarão da transação, entre os quais a SkyWest, que também anunciou uma parceria com a Eve para desenvolver rede de operadores regionais com pedido de 100 aeronaves; a Azorra, com pedido de 200 eVTOLs; a Republic Airways, que firmou parceria para desenvolver operadora regional com pedido de até 200 eVTOLs; e a BAE Systems.