Eletrobras: UBS BB vê maior interferência do governo como negativa para ações

Banco tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 70, o que representa valorização de 70% sobre a cotação atual

Eletrobras foi privatizada em processo realizado em junho de 2022. (Foto: Rafael Henrique/Reuters)
Eletrobras foi privatizada em processo realizado em junho de 2022. (Foto: Rafael Henrique/Reuters)

Uma maior interferência do novo governo e fatores setoriais podem levar a uma avaliação negativa de até R$ 46,5 por ação da empresa, afirma o UBS BB em relatório.

O analista Giuliano Ajeje, que assina o relatório, diz que o cálculo considera o risco de maior interferência política do novo governo, que o banco calcula usando o custo de capital, além do preço de energia de médio prazo a R$ 40 por megawatt-hora (MWh), menor que o previsto pelo banco, e da tarifa de Angra 3 pela metade do necessário para equilibrar o fluxo de caixa.

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Soma-se a isso o impacto negativo da indenização da Rede Básica do Sistema Existente (RBSE) para linhas de transmissão renovadas, cuja disputa teve origem na remuneração de ativos entre janeiro de 2013 a julho de 2017 e que a Aneel propôs corrigir em junho de 2021.

No período da disputa, as empresas não foram remuneradas pelo custo de capital, por causa de uma liminar, mas em 2021 todos os fluxos entre 2017 e 2020 foram atualizados, incluindo os valores não recebidos e os que não foram afetados.

Ao todo, a redução dos próximos ciclos a partir de 2023 pode chegar a R$ 4,5 bilhões a valor presente, o que representaria um impacto negativo de R$ 4 bilhões no valor patrimonial da Eletrobras, segundo o UBS BB.

O analista acredita que as concessionárias têm um modelo de negócios resiliente, mas a previsibilidade dos resultados de uma empresa depende de duas coisas: questões específicas da empresa, como provisões, fusões e aquisições, e cumprimento do contrato, lembrando que o Brasil tem tradição em cumprir contratos.

“Mesmo durante a MP 579 de 2012, que gerou instabilidade no setor elétrico, os contratos foram cumpridos. Empresas como Cesp (Auren), Cemig e Copel não aderiram à MP 579 e mantiveram os contratos de concessão até o vencimento da concessão”, comenta.

Do lado positivo, o analista cita o programa de demissão voluntária da empresa e esperam que a Eletrobras deva resolver o problema do empréstimo compulsório e melhorar a eficiência tributária no curto prazo.

“Nos próximos anos, a empresa poderá contratar executivos altamente qualificados, considerando que a última assembleia geral aprovou um aumento de remuneração dos executivos, para promover o aumento da eficiência tributária e das receitas de comercialização de energia”, comentam.

O UBS BB tem recomendação compra e preço-alvo de R$ 70 por ação da Eletrobras, o que representa valorização de 70% sobre a cotação atual.

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