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Transporte, energia e alimentos: os vilões da inflação por faixa de renda em 2021
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda desacelerou em praticamente todas as classes de renda na passagem de novembro para dezembro 2021. A exceção ficou por conta do segmento de renda muito baixa, cuja taxa avançou de 0,65% em novembro para 0,74% em dezembro. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (18) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. As famílias de renda mais alta registram a maior taxa de inflação no mês de dezembro (0,82%) e os menores percentuais foram observados nas famílias com renda média e média alta (ambas com 0,70%).
Nas classes de renda mais baixas, além da alta do grupo alimentos e bebidas, os grupos habitação e saúde e cuidados pessoais também exerceram pressões adicionais. No caso dos alimentos, o reajuste das carnes (1,4%), das frutas (8,6%) e dos óleos e gorduras (2,2%), aliado à alta de 0,98% da alimentação fora do domicílio contribuíram para o resultado. Os aumentos de energia (0,50%), da tarifa de água e esgoto (0,65%), do gás encanado (6,6%), dos aluguéis (0,65%) e dos artigos de higiene (2,3%) justificaram a alta inflacionária dos grupos habitação e saúde e cuidados pessoais para estas famílias. Além disso, o reajuste de 2,2% no vestuário também pressionou a inflação desse segmento.
As famílias de renda mais alta foram impactadas pelo aumento no preço das passagens aéreas (10,3%), do transporte por aplicativo (11,8%) e do aluguel de veículos (9,3%), que fizeram com que o grupo transporte fosse o principal responsável pela inflação deste segmento em dezembro. Além disso, a alta dos serviços pessoais, principalmente os relacionados à recreação, como hospedagem (2,3%) e pacote turístico (2,3%) também contribuíram para a inflação desta classe no último mês do ano.
No acumulado de 2021, houve forte aceleração inflacionária em todas as faixas de renda. Sendo que as maiores altas foram registradas pelas famílias de renda média baixa e renda média, com taxa de 10,4% e 10,3%, respectivamente. Apesar da alta no ano de 2021 ter sido maior para a classe de renda muito baixa (10,08%) comparativamente ao segmento de renda muito alta (9,5%), esse diferencial (0,6 p.p.) foi bem menos expressivo que o registrado em 2020 (3,5 p.p.).
Ao analisar os dados desagregados, a pesquisadora Maria Andreia Lameiras, autora do indicador mensal, identificou que, no caso das famílias de renda muito baixa (com renda domiciliar menor que R$ 1.808,79), a pressão inflacionária em 2021 veio, sobretudo, do grupo habitação (3,64%), impactado pelos reajustes de 21,2% das tarifas de energia elétrica e de 37% do gás de botijão. Para as famílias de renda alta (com renda domiciliar maior que R$ 17.764,49), o impacto foi maior no grupo transporte (5,35%), em virtude do aumento de 47,5% da gasolina e de 62,2% do etanol.
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