Os juros futuros repetem nesta sexta-feira o movimento observado na sessão do dia anterior, a primeira de 2025, e voltam a cair em ritmo forte. Em meio a um ambiente de baixa liquidez, as taxas se ajustam ao reduzir parte do elevado prêmio de risco embutido na curva a termo no fim de 2023 antes do volume de negócios retornar a níveis mais usuais, o que só deve ocorrer na semana que vem.
Por volta de 13h10, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento de janeiro de 2026 tinha queda de 15,205%, do ajuste anterior, para 15,065%; a do DI de janeiro de 2027 recuava de 15,715% a 15,48%; a do DI de janeiro de 2029 caía de 15,55% a 15,30%; e a do DI de janeiro de 2031 cedia de 15,26% para 15,02%.
Assim como no dia anterior, o movimento dos juros futuros ocorre sem o apoio da dinâmica externa, com os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) novamente próximos da estabilidade após dados mais forte da economia dos Estados Unidos. Às 13h10, a taxa da T-note de dez anos exibia alta modesta, de 4,568% a 4,576%.
O fechamento da curva a termo doméstica é impulsionada pela liquidez mais baixa neste início de ano, o que costuma trazer mais volatilidade aos ativos. Com a tendência positiva nos dois primeiros pregões de 2025, os juros futuros já acumulam um recuo em torno de 40 pontos-base (ou 0,4 ponto percentual) em praticamente toda a extensão da curva.
Na visão de analistas da XP Investimentos, o recuo do dólar ante o real, embora modesto, ajudou a reduzir a pressão sobre os mercados domésticos nas últimas sessões. “No Brasil, apesar da questão das emendas parlamentares seguirem no radar dos investidores, a queda da cotação do dólar possibilitou uma redução na precificação de risco dos ativos locais”, avaliam.
Ainda que os juros futuros sejam beneficiados por uma reprecificação neste começo de ano, o cenário segue desafiador diante das preocupações do mercado com a política fiscal, exacerbadas nas últimas semanas de dezembro pelo impasse sobre o pagamento das emendas parlamentares bloqueadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Neste contexto de um ajuste fiscal considerado insuficiente pelo mercado dificultado pelo imbróglio das emendas, “persiste a preocupação de que o prêmio de risco para investimentos no Brasil continue elevado”, escreve em relatório Luciano Paiva, chefe de gestão de fundos exclusivos do UBS.
“Tudo isso ganhou ainda contornos de antecipação das discussões eleitorais para 2026, sobretudo após o presidente Lula ter sido submetido a cirurgias para tratar de um sangramento no cérebro. O ano que se inicia tem tudo para ser mais um período de considerável volatilidade para os mercados”, diz Paiva.
*Com informações do Valor Econômico
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