Super quarta: o que esperar das reuniões de juros do Copom e do Fed?

A guerra na Ucrânia adiciona pressões inflacionárias, apesar das incertezas mais recentes da China

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília-DF (Foto: Jorge William/Agência O Globo)
Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília-DF (Foto: Jorge William/Agência O Globo)

Os economistas do banco central do Brasil e dos EUA têm reuniões de juros em meio à guerra na Ucrânia.

Hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom) conclui sua segunda reunião do ano e anuncia a nova taxa Selic. Na primeira reunião do Copom, no início de fevereiro, a taxa Selic foi elevada em 1,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano.

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Até semana passada, a maioria dos analistas projetava uma alta de um ponto percentual. O cenário vem mudando e alguns mudaram sua aposta. O UBS BB, por exemplo, acredita em uma alta de 1,5 ponto percentual. O boletim Focus de segunda-feira, elevou sua estimativa de Selic ao final de 2022 de 12,25% para 12,75%.

Segundo Livio Ribeiro, pesquisador do Ibre/FGV, a guerra tem colocado pressão na política monetária global devido aos riscos inflacionários, e exigirá alguma reação de países como Estados Unidos e Brasil se essa nova pressão der sinais de disseminação pela economia.

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A resposta principal seria uma alta de juros, mas o pesquisador do Ibre/FGV afirma que “é complicado restringir, tirar estímulos em um cenário de guerra”. Com isso, o desafio dos bancos centrais será equilibrar esses dois lados, e os sinais desses esforços é o que os investidores esperam ouvir no final do dia de hoje, quando serão conhecidas as novas taxas de juros.

No Brasil, a queda da cotação do petróleo abaixo de US$ 100 o barril aumentou a defesa de economistas e operadores do mercado financeiro de uma postura mais cautelosa do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que decide hoje o rumo da taxa de juros.

Poucos acham provável, ou recomendável, que o Copom se desvie da promessa de anunciar hoje uma alta de 1 ponto percentual na meta da taxa Selic, dos atuais 10,75% ao ano para 11,75% ao ano. O que está em discussão é o que o comitê, que luta para trazer uma inflação de 10,54% ao ano para a meta de 3,25% em 2023, vai sinalizar para as suas reuniões seguintes.

O forte recuo do petróleo, que fechou em US$ 97,58 o barril, resume a volatilidade que atinge os mercados nas últimas semanas, desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. Nos momentos de maior tensão, a cotação do produto chegou perto de US$ 130.

A queda do petróleo, em tese, alivia um pouco as pressões sobre a inflação, embora o patamar em que está sendo negociado ainda seja bem alto. A grande dúvida é como a taxa de câmbio vai responder à queda das commodities.

Anteontem, o preço da moeda americana subiu 1,3%, para R$ 5,1195. Isso despertou o receio de que tenha se restabelecido a velha relação entre câmbio e commodities. Ou seja, a queda dos preços dos produtos básicos levaria e um enfraquecimento do real perante o dólar. Ontem, subiu mais, a R$ 5,16.

Subir o juro menos de 1 ponto percentual parece fora da mesa porque o Copom sinalizou esse movimento antes da guerra na Ucrânia. Há uma corrente no mercado que, há algum tempo, está preocupada com um eventual excesso da política monetária. A Selic subiu a dois dígitos e só deverá chegar na atividade econômica no terceiro trimestre.

A visão dominante, por outro lado, é que a guerra tende a adicionar pressões inflacionárias, apesar das incertezas mais recentes da China. O que pode, eventualmente, ajudar é o trabalho dos bancos centrais de países desenvolvidos e a possível desaceleração da economia global provocada pela guerra.

EUA

O presidente do Fed, Jerome Powell, realizou um ato inédito no dia 2 de março e antecipou que o banco central deverá elevar hoje os juros em 0,25 ponto percentual, o que corresponde a expectativa do mercado. Powell afirmou que a alta se justificava pela inflação alta, disseminada pela economia, e um mercado de trabalho “extremamente apertado”, apesar das incertezas na Ucrânia.

Os futuros de ações dos EUA subiram e os rendimentos dos títulos subiram, antes do aumento esperado da taxa de juros pelo Fed. As ações de tecnologia lideraram uma recuperação vertiginosa nos mercados chineses após comentários de apoio dos formuladores de políticas de Pequim.

Os futuros do S&P 500 subiram 0,9% nesta quarta-feira, indicando que as ações dos EUA crescerão com os ganhos de terça-feira. Os contratos do Nasdaq-100, focado em tecnologia, avançaram 1,5% e os futuros do Dow Jones Industrial Average subiram 0,8%.

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