Aperto monetário maior: Santander vê Selic em 14,25% no fim do ciclo
Banco avalia que início do processo de cortes de juros deve ficar para depois de junho de 2023
Com a continuidade do processo de alta das expectativas de inflação e uma deterioração adicional do balanço de riscos, com novos impulsos fiscais para a demanda doméstica, além de evidências de redução adicional da ociosidade da economia, o Santander elevou sua projeção para a Selic no fim do atual ciclo de aperto monetário de 13,5% para 14,25%.
“Seguimos enxergando o Banco Central em uma estratégia de suavização da taxa de juros (ou seja, evitando um pico mais acentuado neste ciclo, mas mantendo os juros mais altos por mais tempo). Ainda assim, identificamos a necessidade de um aperto adicional na taxa Selic para que o BC (em sua ótica) possa trazer a inflação mais perto do centro da meta de 2023”, afirmam os economistas do Santander em revisão de cenário publicada nesta quinta-feira. O banco acredita que o BC elevará a Selic em 0,5 ponto percentual nas reuniões de agosto e de setembro do Copom.
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“Também adiamos nossa expectativa para o início do processo de cortes de juros em 2023 (previsto para junho) e vislumbramos uma convergência mais lenta para o nível estrutural de 7% (2025)”, apontam os profissionais do Santander. Eles esperam que a Selic encerre o próximo ano em 12% e que chegue ao fim de 2024 em 9%.
Em relação ao cenário de inflação, o Santander reduziu sua estimativa para o IPCA deste ano de 9,5% para 7,9% e justificou a alteração com a aprovação de novos cortes de impostos e medidas de sustentação à renda. “Para o curto prazo, o corte de impostos tem o efeito direto (baixista) sobre os preços dos combustíveis, energia elétrica e telecomunicações”, dizem os economistas do banco. “Entendemos que a pequena diferença para o consenso (7,7% no momento) se dá por conta de considerarmos que essa expansão fiscal significa um impulso para a demanda, que dará suporte a pressões de preços em outros segmentos (serviços, bens industriais e alimentação).”
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Ao olhar mais à frente, porém, o Santander elevou sua projeção para o IPCA no fim de 2023 de 5,3% para 5,7%, dado que parte das desonerações tributárias devem ser revertidas no próximo ano. “Além disso, com os mercados antevendo probabilidade crescente de uma expansão fiscal mais duradoura, há um viés altista para as expectativas de inflação, e uma chance de pressão futura advinda de uma depreciação cambial adicional”, afirmam os economistas do banco.
Não por acaso, o Santander passou a projetar uma taxa de câmbio mais depreciada à frente em relação às suas estimativas anteriores. O banco elevou a expectativa para o dólar de R$ 5,15 para R$ 5,30 no fim deste ano e de R$ 5,00 para R$ 5,15 no fim de 2023. “A combinação de um ambiente global mais hostil e maiores incertezas macroeconômicas domésticas pesou mais uma vez sobre a taxa cambial, sinalizando condições de mercado voláteis até meados do quarto trimestre”, observam.