Tarifas de importação de Trump vão além de proteção local, diz especialista americano

Motivação para tarifas de importação pode estar além da proteção ao mercado local; confira entrevista com especialista norte-americano

Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos. Foto: Divulgação/Campanha de Donald Trump
Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos. Foto: Divulgação/Campanha de Donald Trump

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, pode mesmo impor tarifas de 25% sobre as importações de México e Canadá. Além de aplicar à China um adicional de 10% sobre os tributos já existentes.

Mas, diferentemente do que se tem falado, a motivação para os encargos pode estar além da proteção ao mercado local. Ou da luta com o que chamou de “invasão” de drogas e “imigrantes ilegais”.

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Segundo Robert Abad, especialista em mercados globais da gestora Wester Union, Trump luta por algo que os brasileiros conhecem bem: aumentar a arrecadação para reduzir o endividamento público.

Tarifas de importação: ação inicial de Trump é possível

O analista americano, que desenha cenários para investidores pelo mundo, diz que é plenamente possível que o presidente eleito consiga elevar os tributos de importação assim que assumir o posto na Casa Branca. “Existem mecanismos que permitem que Trump alcance esses objetivos”, diz.

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O norte-americano comum, afirma, recebeu uma série de benefícios durante o governo Joe Biden. E Trump não deverá mexer nesse vespeiro e flertar com a impopularidade. Por isso, vai se concentrar nas tarifas.

“Entre os anos de 1979 e 1986, as receitas para os Estados Unidos vinham principalmente de tarifas (internacionais). Algo como 9% das receitas do governo vinham dessas tarifas. Hoje em dia, elas representam algo como 2%”, afirma.

Norte-americano vê muita tensão no mercado

Robert Abad veio ao Brasil para participar de evento com gestores de fundos de pensão e assessores de investimento. O encontro ocorreu durante a semana em São Paulo.

Para ele, há muita tensão no mercado e expectativas em torno das ações de Trump em seu segundo mandato. “Mas, vou te dizer, é preciso respirar fundo e apenas relaxar”, diz. “Trump busca ser um vencedor. Por isso, ele não vai correr o risco de mexer no consumo dos americanos”, afirma. “Ele vai lutar para um pouso suave na economia. Se não for uma nova decolagem”, desta.

Abad aponta que nos últimos anos, os Estados Unidos encamparam a trajetória de alta do PIB, assim como a melhora consistente do consumo da população.

E Trump vai fazer de tudo para manter esse quadro de crescimento. “Mas ele sabe que precisa se preocupar com o cenário fiscal. E acho que vai trabalhar para isso”, afirma.

Uma análise sobre China

Com relação à China, mesmo que eleve as taxas de importação para o patamar de 60%, Robert Adad não espera que a medida trará impacto inflacionário para os Estados Unidos. De quebra, ainda poderá ser benéfica para o mundo.

“Durante o primeiro governo de Trump, quando impôs tarifas, os chineses desvalorizaram sua moeda, o yuan, para reduzir o impacto da alta e manter o mercado. Agora, eles já estão fazendo isso de novo.”

Não é uma visão única. Mais cedo nesta semana, reportagem da Inteligência Financeira indicava que pode haver pressão inflacionária a partir de medidas protecionistas dos norte-americanos.

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