Os juros futuros encerraram o pregão desta terça-feira (4) com a ponta curta em leve alta, ao passo que as taxas de longo prazo recuaram, seguindo o movimento externo após dados mais fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos.
Segundo participantes do mercado, a forte demanda por títulos atrelados ao IPCA (NTN-B) no leilão de hoje do Tesouro e a valorização do real ante o dólar também puxaram a redução do prêmio de risco precificado nos vértices longos, ao passo em que as taxas curtas sofreram com alguma pressão da ata da reunião da semana passada do Copom, que mostrou uma postura mais conservadora do colegiado em relação ao comunicado da última decisão de política monetária.
Assim, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 teve leve alta de 14,91%, do ajuste anterior, para 14,92%; a do DI de janeiro de 2027 manteve-se estável em 14,88%; a do DI de janeiro de 2029 recuou de 14,525% para 14,47% e a do DI de janeiro de 2031 teve baixa de 14,48% a 14,41%.
Nos Estados Unidos, as taxas dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) sustentaram queda até o fim da tarde, após o relatório Jolts mostrar um número abaixo do esperado de vagas em aberto no mercado de trabalho americano. Perto do horário de fechamento do mercado local, a taxa da T-note de dez anos caía de 4,564% para 4,515%.
O recuo dos vértices de longo prazo da curva a termo local se firmou no fim da manhã, após o Tesouro Nacional vender todo o lote de 3,3 milhões de NTN-B no leilão de hoje, a taxas abaixo das projeções do mercado. O movimento se intensificou com o recuo das vagas em aberto no mercado de trabalho dos Estados Unidos, de 8,1 milhões para 7,6 milhões entre novembro e dezembro, conforme o relatório Jolts.
Embora o relatório Jolts esteja sujeito a revisões, os investidores seguem atentos a sinais de uma virada no mercado de trabalho americano, escrevem Ian Lyngen e Vail Hartman, estrategistas de renda fixa do BMO Capital Markets.
“Com o pano de fundo de um quadro de emprego notavelmente resiliente, a surpresa mais relevante do ‘payroll’ [relatório oficial do mercado de trabalho americano] de sexta-feira [7] seria um dado mais fraco, já que esse risco está subestimado no momento”, avaliam Lyngen e Hartman.
Já em relação à política monetária local, a ata da reunião de 28 e 29 de janeiro do Copom enfatizou a desancoragem das expectativas de inflação e outros riscos de alta para os preços, ao passo que classificou o risco de desaceleração econômica como apenas “incipiente”.
Assim, o documento reduziu a percepção de que o colegiado adotou um viés menos conservador na decisão de juros da semana passada, quando subiu a taxa Selic de 12,25% a 13,25%, seguindo a orientação dada em dezembro.
Para Felipe Sichel, economista-chefe da Porto Asset Management, a desaceleração econômica recém-iniciada “não é, por si, condição suficiente para levar a um processo de desinflação, haja vista a deterioração em outros determinantes e a manutenção de expectativas negativas em relação ao ambiente fiscal doméstico”, escreve em relatório.
*Com informações do Valor Econômico
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