IPCA, medidor oficial da inflação, é o principal destaque da semana

Nesta semana, o IPCA relativo ao mês de dezembro é o principal indicador a ser acompanhado pelos mercados locais. O IPCA é o medidor oficial da inflação. Além disso, ao longo da semana, dados de atividade econômica referentes a novembro serão conhecidos: o volume de serviços prestados será divulgado na quinta-feira e, na sexta-feira, as vendas no varejo devem concentrar as atenções dos agentes.

Na primeira semana do ano, o Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira (7) pela segunda vez em 2022 com investidores digerindo dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos. O principal índice acionário do Brasil subiu 1,14% para 102.719 pontos, enquanto o dólar caiu 0,85%, para R$ 5,631.

O Ibovespa entrou em 2022 aos 104.822 pontos. A alta de sexta-feira não foi suficiente para reverter as perdas do início da semana e o índice apresenta queda de 2,19% no ano. 

“Teremos que rediscutir esse assunto”. Esta foi a frase que mexeu com a Bolsa brasileira nesta semana. Ela foi dita na segunda-feira (4) por Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, enquanto o deputado falava sobre o teto de gastos. A fala pesou e ajudou a construir a sequência de três quedas consecutivas do Ibovespa. 

EUA no radar

A pior queda, porém, veio na quarta-feira, quando o Federal Reserve (o banco central dos EUA) divulgou a ata da última reunião de seu comitê de política monetária (Fomc). O documento indicou que a autarquia pode retirar os estímulos à economia norte-americana mais cedo do que o mercado esperava. A notícia fez o Ibovespa recuar 2,42%. 

Os Estados Unidos informaram que criaram 199 mil vagas de trabalho em dezembro, de acordo com um relatório divulgado pelo Departamento do Trabalho americano, ficando abaixo da expectativa de economistas consultados pelo The Wall Street Journal (WSJ), de criação de 422 mil postos de trabalho. O dado de novembro foi revisado para cima, a 249 mil vagas, ante leitura original de 210 mil.

Já a taxa de desemprego nos EUA caiu a 3,9% no mês passado, de 4,2% em novembro, também ficando abaixo da expectativa de consenso, de recuo a 4,1%, ainda segundo o WSJ. A geração de empregos se manteve reprimida por falta de disponibilidade de mão de obra.

“É um payroll que traz mais preocupação do que alívio. Agora, é preciso ver como o Fed irá reagir. Acredito que os membros continuarão enfatizando suas preocupações em discursos e que agora aumenta a possibilidade de antecipação do ciclo. Se indicarem um aperto mais contundente, os emergentes podem até sofrer com um fluxo de de saída de capital”, disse Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, ao Valor Econômico.

As petroleiras privadas voltaram a se destacar nos últimos pregões, mesmo com os futuros do Brent para março recuando. Na sexta, a 3R Petroleum (RRRP3) ganhou 6,88% e a PetroRio (PRIO3) subiu 4,54%, após divulgar dados operacionais preliminares da produção de dezembro.

No mês passado, a produção total de petróleo de PRIO atingiu 34.180 barris de óleo equivalente por dia, ante 31.235 barris em outubro, alta de 9,4%.

Juros futuros fecham primeira semana do ano em alta

A decepção dos participantes do mercado com a criação abaixo do esperado de postos de trabalho nos Estados Unidos não abalou o avanço dos rendimentos dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano), que continuou a puxar para cima a curva de juros no Brasil.

No fim da sessão regular da sexta, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 passava de 11,97% no ajuste anterior para 11,95%; a do DI para janeiro de 2024 avançava de 11,59% para 11,685%; a do contrato para janeiro de 2025 escalava de 11,33% para 11,435%; e a do DI para janeiro de 2027 subia de 11,23% para 11,31%.