Invasão à Ucrânia: escolha de Putin pode determinar a reação mundial

A Casa Branca divulgou um comunicado, na noite de domingo, de que o presidente dos EUA, Joe Biden, havia aceitado "em princípio" uma cúpula com Putin, especificando novamente que só ocorreria na ausência de um invasão

Vladimir Putin, presidente da Russia
em Foto de 2016/Wikimedia
Vladimir Putin, presidente da Russia em Foto de 2016/Wikimedia

Quando o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou, na sexta-feira (18), que estava convencido de que o presidente Vladimir Putin, da Rússia, havia decidido atacar a Ucrânia “na próxima semana, nos próximos dias”, os céticos entre os aliados norte-americanos, de repente, se calaram. Horas antes, Biden havia informado que as agências de inteligência norte-americanas tinham acabado de saber que o Kremlin havia dado ordem para que unidades militares russas prosseguissem com uma invasão.

Agora, o debate mudou para como Putin fará isso: em um ataque maciço de âmbito nacional; por meio de uma série de investidas que desmontam o país, pedaço por pedaço; ou um aperto de python, pressionando pouco a pouco as forças ucranianas, até sua asfixia total.

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Essa última opção fica ainda mais fácil com a notícia de domingo de manhã de que a Bielorrússia está permitindo que as tropas russas permaneçam indefinidamente, onde podem ameaçar Kiev, a capital ucraniana. Putin pode estar apostando que pode destruir a economia da Ucrânia e derrubar seu governo sem ter que entrar imediatamente em tanques.

As escolhas estratégicas de Putin nas próximas semanas podem fazer uma enorme diferença na forma como o mundo reage. Se ele atacar o país inteiro de um só golpe – a abordagem que altos oficiais militares e de inteligência norte-americanos e muitos analistas externos agora pensam ser a mais provável – poderá provocar a maior e mais violenta batalha pelo território europeu desde a rendição nazista em 1945.

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Há pouca dúvida de que o pacote completo de sanções e cortes de exportação de tecnologia seria invocado quase imediatamente. A condenação internacional se seguiria, embora Putin possa estar apostando que não duraria muito e que o mundo gradualmente se acostumaria com uma nova e maior Rússia reconstituindo a esfera de influência que já foi a marca registrada da antiga União Soviética.

“Tudo o que levou à invasão real parece estar ocorrendo”, disse o secretário de Estado Antony Blinken no domingo no programa “State of the Union” da CNN. “Todas essas operações de bandeira falsa, todas essas provocações para criar justificativas, tudo isso já está em andamento.”

No entanto, Blinken manteve aberta a possibilidade de uma solução diplomática de última hora, algo que o presidente Emmanuel Macron, da França, tentou fazer no domingo (20) em um telefonema com Putin que durou uma hora e 45 minutos.

O presidente francês disse que uma série de reuniões começará, nesta segunda-feira (21), para tentar impor um cessar-fogo em Donbass, uma região de língua russa do leste da Ucrânia, onde mulheres e crianças estão sendo evacuadas, depois que separatistas locais alegaram, falsamente, que o governo ucraniano estava prestes a atacá-los. Líderes do Ocidente dizem que tais alegações são um esforço para criar um pretexto para uma invasão russa.

Blinken está programado para se encontrar com Sergey Lavrov, o ministro das Relações Exteriores russo, na Europa, mas deixou claro que a sessão será cancelada se a Rússia iniciar um ataque. “Acreditamos que o presidente Putin tomou a decisão (de invadir)”, disse Blinken no domingo, “mas até que os tanques estejam realmente rodando e os aviões voando, usaremos todas as oportunidades que tivermos para ver se a diplomacia ainda pode dissuadir o presidente Putin de levar isso adiante.”

A Casa Branca divulgou um comunicado, na noite de domingo, de que Biden havia aceitado “em princípio” uma cúpula com Putin, após a reunião entre Blinken e Lavrov, especificando novamente que só ocorreria na ausência de um invasão.

As informações passadas a Biden pelas agências de inteligência não deixaram claro se as ordens de Putin levariam a uma invasão em massa ou a uma abordagem mais gradual, que daria ao líder russo mais oportunidades de explorar fissuras na aliança ocidental organizada contra dele.

Neste fim de semana, na Conferência de Segurança de Munique, a reunião anual de ministros de governo, CEOs de grandes empresas e estrategistas, os líderes do Ocidente discutiram ações possíveis diante das escolhas de Putin, que o mundo deve conhecer nos próximos dias. Ou horas.

Com agências internacionais.

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