O Ibovespa opera com alta volatilidade nesta quarta-feira, diante do início da temporada de balanços e em meio às incertezas tarifárias de Donald Trump no exterior. O bom desempenho das units do Santander, que disparavam quase 7%, impulsiona o setor bancário e puxa o índice para cima. A virada do papel ordinário da Vale, que começou a sessão em baixa, também ajuda a manter o Ibovespa em terreno positivo.
Por volta de 13h15, o Ibovespa subia 0,32%, aos 125.543 pontos. A mínima intradiária foi de 124.637 pontos, enquanto a máxima alcançou os 125.846 pontos. O volume financeiro projetado para o índice no dia é de R$ 14 bilhões. Em Nova York, o S&P 500 caía 0,24%, o Dow Jones operava estável e o Nasdaq tinha queda de 0,54%.
As units do Santander avançavam 6,59%, a R$ 27,18, no horário citado, após o banco reportar lucro líquido recorrente de R$ 3,854 bilhões no quarto trimestre do ano passado, acima das projeções de profissionais consultados pelo Valor, que estimavam alta de R$ 3,702 bilhões.
Em nota, analistas do Citi apontam que os resultados do banco seguem mostrando uma melhora estrutural em termos de qualidade dos ativos, com provisões ainda mais baixas. “A disciplina do banco está se refletindo na eficiência, mas vemos que melhorias estruturais no ROE [Retorno sobre o Patrimônio Líquido] só ocorrerão com um apetite por risco mais forte, o que não parece ser o caso para 2025”, dizem os especialistas, que mantêm recomendação neutra para o papel.
Já os analistas do BTG acreditam que os balanços de bancos devem vir “decentes”, apoiados por uma expansão mais sólida do crédito e pela saúde dos indicadores de qualidade dos ativos.
Na esteira do bom desempenho do Santander, o papel preferencial do Itaú saltava 1,61%, a poucas horas de divulgar seus resultados operacionais, que devem positivos, de acordo com a XP. A ação preferencial do Bradesco também ganhava 1,58%, enquanto Banco do Brasil ON tinha alta leve de 0,32% e as units do BTG caíam 0,03%.
Entre as commodities, Vale ON subia 0,56%, ao passo que Petrobras PN cedia 0,59% e ON caía 0,89%.
A temporada de balanços deve ser, em geral, positiva, avalia Tiago Cunha, gestor de ações da ACE Capital. Os números devem ser bons, mas o mercado deve estar atento a locadoras de automóveis e planos de saúde, que apresentam dinâmicas diferentes do restante das empresas listadas. A exceção é o setor de varejo, que pode já mostrar alguma retração devido aos juros mais altos.
Entre os pontos de atenção para o desempenho do Ibovespa, Cunha cita o retorno do recesso parlamentar e a antecipação da discussão eleitoral de 2026, que traz maior volatilidade. Já do lado externo, a política tarifária americana e a postura de Donald Trump podem causar grande influência no desempenho dos ativos locais.
“A questão do Trump pode se desenrolar de várias maneiras. O aumento de tarifas deve trazer mais inflação ao mundo, mas ao mesmo tempo ele colocar as taxas como negociação — quase como chantagem — acaba desenvolvendo outras cadeias de fornecimentos no mundo”, afirma o gestor.
A segunda consequência a ser observada, com maior potencial de impactar a bolsa, é o possível deslocamento de fluxo de investimentos de mercados emergentes. “O investidor que gosta de ‘emerging markets’ tem México, China, Brasil para investir. Será que vai investir no México, com a perspectiva de que o lucro das empresas deva cair 30% no ano? O fluxo pode se deslocar para países como o Brasil, que estão um pouco mais isolados dessa dinâmica de tarifas por enquanto”, resume.
*Com informações do Valor Econômico
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