Sem o suporte das ações da Petrobras e de outras blue chips, o Ibovespa remou na contramão das bolsas americanas e encerrou o dia em queda de 0,65%, aos 125.147 pontos, variando entre 124.694 pontos e 125.964 pontos. Já o Nasdaq avançou 1,35%, enquanto o S&P 500 teve alta de 0,72% e o Dow Jones teve ganhos de 0,30%. O volume financeiro no índice foi de R$ 15,6 bilhões e de R$ 19,8 bilhões na B3.
A retaliação da China sobre a política tarifária americana renovou as incertezas de investidores no pregão, especialmente depois de o presidente americano, Donald Trump, afirmar que está “tranquilo” com as tarifas e que não conversará mais hoje com o presidente chinês, Xi Jinping.
A divulgação de uma prévia operacional com números em linha com o previsto, ou um pouco mais fracos do que o esperado pelo mercado, afetou os papéis da Petrobras em um pregão em que pesou também a queda nos preços da commodity. No fim do dia, as ações PN da petroleira cederam 0,99%, enquanto as ON tiveram perdas de 1,26%.
“Não é muito uma surpresa, mas podemos ver uma fraqueza na margem no balanço do quarto trimestre da companhia”, diz sócio-fundador e analista da Ajax Asset Management, Rafael Passos.
A produção de petróleo, líquido de gás natural (LGN) e gás natural da estatal somou 2,66 milhões de barris de óleo equivalente (BOE), uma queda de 3,1% frente ao ano anterior. Segundo o J.P. Morgan, a performance operacional foi em linha com o esperado no quarto trimestre, enquanto em refino as vendas ficaram um pouco abaixo das projeções.
O dia também foi mais negativo para os papéis da Vale que fecharam em queda de 0,35%. Por outro lado, ações de alguns bancos avançaram, caso das preferenciais do Itaú Unibanco, que subiram 0,36%. O movimento ocorreu um dia antes da apresentação dos resultados da instituição, que ocorre amanhã após o fechamento do mercado. Em relatório, os analistas do BTG esperam que o Itaú entregue um conjunto de resultados positivos. Segundo eles, a variação cambial deve ajudar no crescimento da carteira de empréstimos total por mais um trimestre. “Assim, antecipamos um crescimento da carteira de crédito em linha com o trimestre anterior (+9,5% ano a ano)”, destaca.
O BTG, porém, diz não esperar que os resultados trimestrais provoquem uma forte reação do mercado, seja ela positiva ou negativa, mas não nega que alguma volatilidade pode surgir devido aos dividendos extraordinários que também serão anunciados. “Esperamos que o valor total alcance R$ 18 bilhões neste trimestre (R$ 15 bilhões extraordinários + R$ 3 bilhões). Há espaço para o banco pagar acima disso, mas não é nosso cenário-base”, resumiu a casa.
Com a proximidade da temporada de balanços, o gestor da Warren Investimentos, Frederico Nobre, está com uma expectativa “moderada” para os balanços e diz não ver um grande gatilho para que, na média, as ações subam ou caíam muito mais. “Deve ser uma temporada de resultados em linha. Ainda não veremos compressão de lucros. Isso deve ser mais para frente.”
O executivo avalia que as companhias do setor de papel e celulose podem ser um dos destaques positivos da temporada, especialmente por causa da valorização do dólar frente ao real e dos reajustes nos preços das matérias-primas. Por outro lado, ele avalia que a dinâmica tende a ser pior para varejistas, levando em conta que há sinais iniciais de uma desaceleração econômica.
Ao contrário de grande parte das casas, o presidente da gestora Finacap, Luiz Fernando Araújo, afirma que está animado com o mercado de ações no Brasil. Segundo o gestor, os bons fundamentos e os preços dos ativos “baixíssimos” formam o melhor cenário possível para o comprador.
“Podemos montar um portfólio diversificado, com boas empresas e retorno implícito espetacular. Acho que talvez o investidor, de forma geral, possa estar subestimando uma oportunidade histórica na alocação de ações por conta da taxa de juros”, destaca. Entre as maiores posições na carteira estão Petrobras, Suzano e MRV Engenharia.
As maiores altas da sessão ficaram por conta dos papéis da Braskem PNA, que subiram 3,89%. Hoje, a Fitch destacou que o acréscimo de R$ 1,3 bilhão nas provisões relacionadas ao evento geológico de Alagoas não pressiona as métricas de crédito da companhia e que reflete a proatividade em não incorrer em custos inesperados.
Já na ponta contrária, o dia foi negativo para as ações da Automob, que caíram 6,25%.
*Com informações do Valor Econômico
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