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Haddad: ‘Brasil possui todas as condições de ter grau de investimento’
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que a política econômica adotada pelo governo federal permitiu “fazer um ajuste” fiscal. Isso “sem prejudicar o crescimento econômico”.
A fala foi feita em entrevista à GloboNews.
Conforme divulgado na terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,4% no segundo trimestre, na comparação com os três meses anteriores e já livre de fatores sazonais. A mediana das projeções de analistas colhidas pelo Valor Data era de alta de 0,9%.
Haddad afirmou que tinha “um diagnóstico da economia brasileira que destoava das visões do começo” deste mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Tinha economistas que falavam que ajuste fiscal não era importante”, afirmou. Já “outros diziam que era importante, mas que o ajuste tinha que ser feito” sobre benefícios, programas sociais e salário mínimo.
“Não adotamos nem uma visão e nem outra”, disse. Destacando que a ideia da equipe econômica foi fechar brechas tributárias usadas por “campeões nacionais” que “por 10 anos” não pagavam os devidos impostos.
De acordo com Haddad, essa estratégia foi adotada porque o “ajuste sobre os mais pobres derruba consumo e investimento”.
“A pessoa (empresário) está investindo [agora] porque tem para quem vender”, disse. “O Brasil está crescendo com baixa inflação.”
Grau de investimento
Também na entrevista à GloboNews, Haddad, afirmou que as principais agência de classificação de risco “continuarão aumentando” a nota do Brasil. E que o país possui “todas as condições de ter grau de investimento” novamente.
“Penso que o investimento [no país] veio para ficar”, disse, afirmando que o “Brasil tem posição invejável” para atrair recursos externos.
“Se não houver erro na condição da política econômica, temos condições de vivermos um ciclo duradouro de crescimento, com base no consumo das famílias e investimento privado”, disse.
A respeito do desempenho da economia brasileira no ano que vem, ele afirmou que confia “muito nas projeções” da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, “que é quem mais tem acertado as estimativas” para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A SPE projeta alta de 2,6% para o PIB em 2025.
Para este ano, Haddad lembrou que “tem banco prevendo crescimento de 3,1%”.
Indicação de Gabriel Galípolo
Ainda na entrevista, o ministro da Fazenda comentou que o indicado pelo governo federal para assumir a presidência do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, precisará “se habituar” à pressão do cargo. Galípolo é atualmente diretor de política monetária do BC.
“Quem está na vida pública sofre pressão”, disse o ministro em entrevista à GloboNews. “Não é [pressão] de A, B ou C, é da realidade do Brasil. Você quer melhorar a economia.”
Para Haddad, quem participa da vida pública “tem que se habituar a isso, e não adianta reclamar”.
O ministro fez uma série de elogios a Galípolo, que foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda no primeiro semestre do ano passado. Na avaliação do ministro, “foi um acerto ter indicado” Galípolo para a diretoria do BC antes da indicação para a presidência.
“Isso deu a ele condições de conhecer internamente [a autoridade monetária]”, disse o ministro, para quem o diretor “é uma pessoa de muito fácil trato, sociável, que angariou amizades” dentro do BC.
Segundo o ministro, Galípolo “se dá bem com todos os diretores” do BC e com o atual presidente, Roberto Campos Neto.
Haddad também destacou que, como secretário-executivo da Fazenda, Galípolo “transitou pela política”. Além disso, por ter trabalhado no mercado financeiro, “conhece os players”.
Alta da Selic
Questionado sobre qual deveria ser a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em sua próxima reunião, Haddad optou por não responder. Atualmente, a Selic está em 10,5% ao ano.
“Confio muito na capacidade técnica das pessoas que estão no BC”, disse, reforçando ainda a importância “de harmonizar” as políticas fiscal e monetária. Também disse que, “se ampliarmos oferta, não teremos pressões inflacionárias no futuro próximo”.
Sobre crédito, o ministro destacou que o estoque dos empréstimos bancários “está crescendo a 10,5%” aproximadamente no acumulado de 12 meses.
Também afirmou que o spread bancário, que mede a diferença entre a taxa de juros cobrada pelas instituições financeiras e a taxa de captação de recursos pelos bancos, “cai para todo mundo [que está] comprando a prazo.”
Ele disse também que o “mercado de capitais no primeiro semestre cresceu abruptamente”.
Com informações do Valor Econômico
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