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75% aprovam isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, aponta Genial/Quaest
Pesquisa Genial/Quaest revela que 75% dos brasileiros aprovam a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil. A proposta do governo Lula é bem recebida por eleitores de todas as faixas de renda, mas gerou reação negativa no mercado financeiro.
A proposta do governo Lula de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil é aprovada por 75% dos brasileiros, de acordo com pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira. A medida, anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no mesmo dia em que apresentou um pacote de ajuste fiscal, é endossada por eleitores de todas as faixas de renda e também entre aqueles que declararam voto em Jair Bolsonaro (PL).
A proposta de ampliar faixa de isenção do Imposto de Renda é uma das promessas de campanha de Lula e foi apresentada como um contraponto às medidas de contenção de despesas. Se aprovadas pelo Congresso, elas mexem em pontos sensíveis para o eleitorado petista, como regras de reajuste do salário mínimo. O anúncio da mudança no IR, no entanto, gerou forte reação negativa no mercado financeiro, com alta do dólar e queda da bolsa.
A recepção para maioria expressiva do eleitorado, entretanto, foi positiva, segundo a Quaest. Somente 20% dos entrevistados desaprovam a proposta e 5% disseram não saber ou não responderam. O apoio à iniciativa chega a 82% entre os eleitores que recebem mais de cinco salários mínimos. A aprovação é de 68% entre quem ganha até dois salários e de 78% entre quem recebe de dois a cinco salários.
Setenta e sete por cento de quem declarou voto em Bolsonaro, em 2022, também endossa a proposta. O universo supera até mesmo quem votou em Lula (75%).
A Quaest entrevistou 8.598 pessoas entre os dias 4 e 9 de dezembro, em 120 municípios. A pesquisa tem margem de erro de 1 ponto percentual.
O instituto também perguntou a opinião dos entrevistados sobre o pacote fiscal. Trinta e oito por cento disseram saber do que se tratava o pacote. Dentro desse universo, 68% avaliam que as medidas serão insuficientes para melhorar as contas do governo. Outros 23% acreditam que serão suficientes.
Os projetos do ajuste fiscal estão em tramitação na Câmara dos Deputados e pode ser votados ainda neste ano. Já a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda ainda não tem previsão de ser debatida pelo Legislativo. O Palácio do Planalto prepara uma campanha publicitária para defender a reforma na tributação.
Avaliação do governo Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega ao final do segundo ano do seu terceiro mandato fazendo um governo regular para 34% dos brasileiros. Outros 33% avaliam de forma positiva e 31% consideram ruim, segundo pesquisa Genial/Quaest.
É um cenário de estabilidade em relação ao levantamento anterior, de outubro, mas é o pior desempenho de um final de segundo ano de mandato se comparado aos governos anteriores de Lula.
Nesse mesmo momento em 2004, primeiro governo do petista, 41% avaliavam positivamente a gestão, vista como negativa por 16%.
No segundo governo Lula tinha 73% de avaliação positiva e apenas 6% de negativa. Foi seu melhor resultado e o melhor também na comparação com os demais presidentes da República, desde o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), nos anos 1990.
O pior resultado ainda é o de Michel Temer (MDB), que em 2016 tinha 46% de avaliação negativa e somente 13% de positiva.
Lula contra Bolsonaro
O eleitor também comparou as gestões petistas e pela primeira vez, ao longo do terceiro mandato, a maioria (41%) respondeu que o Lula 3 está pior que os anteriores – 35% consideram estar melhor.
Ainda assim, subiu de 38% para 42% quem declara que o petista faz um governo melhor que seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O percentual positivo para Lula é a maioria, mas quem respondeu “pior” aumentou de 33% para 37%.
A aprovação, quando o eleitor apenas responde se aprova ou desaprova a atual gestão, ficou estável, com 52% de aval ao governo e 47% de desaprovação – 1% não respondeu ou disse não saber.
Economia: melhor ou pior com Lula?
A exemplo do cenário de dois meses atrás quando o instituto foi às ruas, a economia brasileira registrou resultados positivos, mas que não se refletiram de forma direta na percepção dos entrevistados.
A taxa de desemprego no país, por exemplo, recuou mais uma vez e ficou em 6,2% no trimestre móvel encerrado em outubro, menor percentual da série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012.
O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,9% no terceiro trimestre de 2024, em relação aos três meses anteriores, resultado um pouco acima do esperado.
Por outro lado, os preços de alimentos e bebidas registraram em novembro a terceira alta seguida mensal pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A cotação do dólar registrou recordes e chegou a fechar em R$ 6,08, influenciada por questões internacionais e, no âmbito local, pelas incertezas sobre a aprovação dos projetos de ajuste fiscal e pela expectativa pela reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), nesta quarta-feira (11), para definir a taxa de juros.
Segundo a Quaest, para 40% dos brasileiros, a economia do país segue pior do que há um ano. O percentual é quase igual ao verificado em outubro (41%), mas caiu de 33% para 27% quem acha que melhorou. E aumentou de 22% para 30% o universo daqueles para os quais o cenário econômico “ficou do mesmo jeito”.
Preços de alimentos e poder de compra
O desânimo fica mais evidente quando o instituto faz perguntas relacionadas ao cotidiano do entrevistado. Para 78% o preço dos alimentos nos mercados subiu no último mês. É o percentual mais alto desde junho de 2023 e saltou 13 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. Em outubro, 22% responderam que os preços caíram. Agora, só 8% tiveram essa percepção — 13% disseram que ficou igual.
A avaliação quanto ao poder de compra também piorou e 68% (ante 61%) afirmaram que está menor se comparado ao ano de 2023. Esse universo só vem aumentando desde outubro do ano passado, quando era representado por 33% dos eleitores. Sobre a alta do dólar, 72% disseram que a cotação elevada tem impacto na vida deles e para 84% também fará o preço dos alimentos e combustíveis subirem.
Já a perspectiva sobre o emprego melhorou. Em outubro, apenas 26% dos entrevistados disseram que estava mais fácil conseguir um emprego no Brasil. Em dezembro, eles somam 43%, um cenário de empate no limite de margem de erro com aqueles que afirmam estar mais difícil (45%, ante 50% há dois meses).
A expectativa em relação à economia também está mais positiva, com 51% apostando em meses melhores, um aumento de 6 pontos, contra 28% que apostam na piora (eles eram 36% dois meses atrás).
A despeito das críticas, 84% dos entrevistados, entre os eleitores de Lula, responderam que não estão arrependidos do voto depositado no petista em 2022. Há um ano, os convictos eram mais numerosos (88%).
O governo costuma relacionar o desempenho do governo nessas pesquisas a falhas na comunicação institucional, que não estaria fazendo chegar à população as ações federais. Na semana passada, uma ala do PT cobrou mudanças e o próprio Lula reconheceu publicamente erros nessa área.
Na pesquisa Genial/Quaest de dezembro voltou a prevalecer entre os entrevistados a percepção de que eles veem mais notícias negativas do que positivas – 41% ante 32%. No levantamento de outubro, esse resultado ficou empatado em 38%.
Sobre o pacote fiscal apresentado pelo governo para equilibrar as contas públicas, 38% disseram que já sabia da proposta no momento da pesquisa. A taxa de conhecimento foi maior (43%) sobre a ideia de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda, que tem aprovação de 75% dos entrevistados.
Com informações do Valor Econômico
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