Fitch corta rating dos EUA em decisão histórica; secretária do Tesouro, Janet Yellen, rebate avaliação

Na opinião da Fitch, houve uma deterioração constante em questões fiscais e de dívida

Rua de Nova York, nos EUA - Foto: Tatiana Shyshkina/Unsplash
Rua de Nova York, nos EUA - Foto: Tatiana Shyshkina/Unsplash

A agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota de crédito dos Estados Unidos de AAA para AA+.

Segundo a Fitch, decisão reflete a expectativa de deterioração fiscal dos EUA nos próximos três anos, o alto nível de endividamento do país e os repetidos impasses com relação a definição do teto da dívida.

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A última vez que uma agência de avaliação de risco financeiro cortou o rating dos EUA foi a S&P, em 2011, também de “AAA” para “AA+”.

Na opinião da Fitch, houve uma deterioração constante nos padrões de governança nos últimos 20 anos, inclusive em questões fiscais e de dívida, apesar do acordo bipartidário de junho para suspender o limite da dívida até janeiro de 2025.

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Os repetidos impasses políticos sobre o limite da dívida corroeram a confiança na gestão fiscal do atual governo. Além disso, afirmou a Fitch, o governo carece de uma estrutura fiscal de médio prazo, ao contrário da maioria de seus pares, e possui um processo orçamentário complexo.

Esses fatores, juntamente com vários choques econômicos, bem como cortes de impostos e novas iniciativas de gastos, contribuíram para sucessivos aumentos da dívida na última década.

Além disso, pontuou a agência, houve apenas um progresso limitado do atual governo no enfrentamento dos desafios de médio prazo relacionados ao aumento dos custos da previdência social e do Medicare devido ao envelhecimento da população.

“Esperamos que o déficit do governo suba para 6,3% do PIB em 2023, de 3,7% em 2022, refletindo receitas federais ciclicamente mais fracas, novas iniciativas de gastos e uma carga de juros mais alta. Além disso, espera-se que os governos estaduais e locais tenham um déficit geral de 0,6% do PIB este ano, após um pequeno superávit de 0,2% do PIB em 2022”, disse a agência de classificação de risco.

Cortes nos gastos discricionários não relacionados à defesa (15% do orçamento federal total), conforme acordado na Lei de Responsabilidade Fiscal, oferecem apenas uma melhoria modesta nas perspectivas fiscais de médio prazo, diz trecho do relatório.

A Fitch não espera nenhuma outra medida substancial de consolidação fiscal antes das eleições de novembro de 2024.

A Fitch ainda previu um déficit governamental de 6,6% do PIB em 2024 e um aumento adicional para 6,9% do PIB em 2025.

Os déficits maiores serão impulsionados pelo fraco crescimento do PIB em 2024, uma carga de juros mais alta e déficits estaduais e locais mais amplos, previu a agência, estimando que a relação juros/receita atinja 10% até 2025.

Secretária do Tesouro, Janet Yellen, rebate avaliação da Fitch

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, emitiu a seguinte declaração sobre a decisão da Fitch.

“Discordo veementemente da decisão da Fitch Ratings. A mudança anunciada hoje pela Fitch é arbitrária e baseada em dados desatualizados. O modelo de ratings quantitativos da Fitch caiu acentuadamente entre 2018 e 2020, apesar do progresso que vemos em muitos dos indicadores nos quais a Fitch confia para sua decisão. Muitas dessas medidas, inclusive as relacionadas à governança, apresentaram melhorias ao longo deste governo, com a aprovação de legislação bipartidária para abordar o limite da dívida, investir em infraestrutura e fazer outros investimentos na competitividade da América.

A decisão da Fitch não muda o que os americanos, investidores e pessoas de todo o mundo já sabem: que os títulos do Tesouro continuam sendo o ativo líquido e seguro mais proeminente do mundo e que a economia americana é fundamentalmente forte.

Nos últimos anos, os Estados Unidos passaram por uma recuperação econômica historicamente rápida de uma recessão profunda. Hoje, a taxa de desemprego está perto de mínimos históricos, a inflação caiu significativamente desde o verão passado e o relatório do PIB da semana passada mostra que a economia dos EUA continua crescendo. A economia americana continua sendo a maior e mais dinâmica economia do mundo, com os mercados financeiros mais líquidos do mundo.

O presidente Biden e eu estamos comprometidos com a sustentabilidade fiscal. A legislação de limite de dívida mais recente incluiu mais de US$ 1 trilhão na redução do déficit e melhorou nossa trajetória fiscal. Olhando para o futuro, o presidente Biden apresentou um orçamento que reduziria o déficit em US$ 2,6 trilhões na próxima década por meio de uma abordagem equilibrada que apoiaria investimentos de longo prazo”.

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