Defasagem nos preços de gasolina e diesel chega a 25% no Brasil – vai ter reajuste nos postos?
Com a guerra na Ucrânia, cotação internacional do petróleo dispara e amplia a pressão por reajuste no país
De acordo com cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem entre o valor da gasolina e do diesel no país e o cobrado lá fora chegou a 25%, o maior patamar já registrado.
Segundo Sergio Araujo, presidente da Abicom, seria necessário um reajuste de R$ 1,11 no litro do diesel e de R$ 0,87 na gasolina. “Há uma pressão altíssima com o cenário de guerra. O déficit será maior e haverá pressão para elevar os preços dos combustíveis aqui”, afirmou Araujo ao jornal O Globo.
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Com isso, a pergunta que fica é: vai ter reajuste de preços nos postos?
A Petrobras analisa a pressão de alta da cotação do barril de petróleo, mas por enquanto não há nenhuma decisão tomada quanto a ajustes nos preços dos derivados, disse nesta quarta-feira à Reuters o presidente da estatal, general da reserva Joaquim Silva e Luna.
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Mesmo com o avanço dos preços do petróleo nos mercados internacionais, com o Brent superando a marca de US$ 110 por barril pela primeira vez desde 2014, a Petrobras não deve ajustar preços imediatamente, dado o custo político e a volatilidade dos preços, avalia o UBS BB, em relatório.
Os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos escrevem que, sem reajustes da Petrobras, os preços domésticos de combustíveis ficaram em valores significativamente abaixo da paridade de importação, com a gasolina em cerca de 25% abaixo e o diesel 20% abaixo, sendo que algumas estimativas apontam para diesel 30% abaixo.
“Vemos um risco limitado de escassez de combustíveis, em parte porque os volumes exportados geralmente são definidos com 30 a 45 dias de antecedência e estão no caminho para março”$ , dizem os analistas.
Eles destacam ainda que, com paridade abaixo dos 20%, as empresas privadas devem esperar a estratégia da Petrobras antes de tomar decisões, como se a estatal vai importar e abastecer o mercado ou fazer distribuidores importarem como no quarto trimestre de 2021.
“Acreditamos que manter os preços internos temporariamente abaixo da paridade de importação seria menos negativo do que um potencial retrocesso após um aumento”, afirmam os analistas do UBS BB.
Queda do dólar
Para Ilan Arbetman, analista de petróleo e gás da Ativa Investimentos, a queda do dólar em relação ao real, nestes primeiros meses do ano, ajudou a tirar um pouco da pressão por aumento de preço dos combustíveis. Nesta quinta-feira (3), o dólar tem forte queda e cai até R$ 5,02, em meio à alta do petróleo.
Na gestão do atual presidente, Joaquim Silva e Luna, a empresa tem espaçado mais os aumentos, tentando diferenciar fatores pontuais e conjunturais que afetam os preços, para evitar uma alta muito forte. Mas será difícil, na avaliação do analista da Ativa, dissociar o contexto interno do externo nesse momento e evitar que os aumentos cheguem às bombas.
“Se o aumento do Brent continuar, haverá pressão sobre a Petrobras por reajuste de preços. Os projetos que visam reduzir tributos de forma a aliviar novos aumentos de combustíveis estão parados no Congresso e, num ano eleitoral, a disposição dos agentes políticos para promover mudanças desse tipo fica difusa”, disse Arbetman, em entrevista ao jornal O Globo.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), reincluiu na pauta do plenário da Casa, da próxima semana, os projetos que trazem mecanismos para amenizar a alta do custo dos combustíveis para os consumidores. Em publicação em uma rede social, Pacheco disse que “mais do que nunca” é preciso encontrar uma solução que impeça a alta de preços.
Votação de projetos de lei
“Na próxima semana, os dois projetos de lei que trazem medidas para controlar a escalada dos preços dos combustíveis estarão na pauta do Senado”, afirmou Pacheco, nesta quarta-feira.
Apesar da promessa, a deterioração no mercado de petróleo tem sido muito rápida. E as propostas enfrentam um impasse na Casa, diante do receio de perda de receitas por parte do governo federal e dos estados.
A equipe econômica não apoia um dos projetos, que prevê a criação de um fundo de estabilização, espécie de colchão para amortecer altas de preços, formado por royalties e participações especiais.
Já os estados articulam para segurar a votação de outro projeto, que unifica alíquotas do ICMS, imposto estadual.