BC: Inflação em 12 meses e expectativa para 2025 subiram para patamar incompatível com cumprimento da meta

O Banco Central (BC) apontou que a inflação acumulada em 12 meses e a expectativa para 2025 “subiram para patamar incompatível com o cumprimento da meta de inflação”. A avaliação consta no Relatório de Inflação divulgado nesta quinta-feira.

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O relatório aponta que a inflação acumulada medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,24% para 4,87% em novembro, com surpresa de 0,44 ponto percentual em relação ao cenário de referência do relatório de inflação divulgado em setembro. “Destaca-se a pressão maior que a esperada sobre preços de alimentos, que veio a se somar às pressões exercidas pelo aquecimento da atividade econômica e pela acentuada depreciação cambial.”

O relatório também apontou que houve deterioração das expectativas coletadas no relatório Focus “destacando-se as medianas para 2025, de 3,95% para 4,59%, e para 2026, de 3,61% para 4,00%”.

O BC destacou que as expectativas de inflação continuam “desancoradas” para os anos seguintes e se elevaram desde o relatório anterior, em setembro. “A expectativa mediana para 2025 foi a que subiu mais intensamente, de 3,95% para 4,59% – valor que supera o limite superior do intervalo de tolerância em torno da meta”.

De acordo com o relatório, as projeções do cenário de referência da inflação ficam acima do teto da meta até o terceiro trimestre de 2025 e depois entra em trajetória de declínio. A meta é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

As projeções do BC são de inflação em 4,9% neste ano, 4,5% em 2025 e 3,6% em 2026. “Na comparação com o Relatório anterior, as projeções de inflação subiram em todo o horizonte apresentado, aumentando assim o distanciamento em relação à meta e tornando a convergência para a meta mais desafiador”, diz o documento.

A projeção de inflação no horizonte relevante da política monetária, no segundo trimestre de 2026, é de 4%. O relatório apontou que houve um aumento de 0,5 p.p. desde a última edição resultado principalmente por conta “da atividade econômica mais forte que o esperado, que levou a uma elevação no hiato do produto estimado, da depreciação cambial e do aumento das expectativas de inflação”.

O relatório trouxe que as “recentes” surpresas inflacionárias e a revisão das projeções de curto prazo também contribuíram para a revisão pela inércia. “Esses fatores mais do que compensaram os efeitos da subida da taxa de juros real, que, entretanto, contribuíram para evitar um aumento mais acentuado nas projeções”.

Ainda de acordo com o documento, a inflação ao consumidor, que estava em patamar elevado, subiu. O índice de preços ao produtor também avançou, devido ao preço da carne.

Hiato do produto

O BC calcula que o hiato do produto, uma medida de ociosidade da economia, está positivo em 0,7% no terceiro e no quarto trimestres de 2024. Quanto mais positivo o hiato, mais a economia está operando além da sua capacidade, o que tende a elevar a inflação. Antes, a autoridade monetária projetava hiato positivo de 0,5% para o terceiro trimestre deste ano.

“Em função das surpresas na atividade econômica, o hiato do produto utilizado no cenário de referência foi novamente reavaliado para cima”, disse.

Para o segundo trimestre de 2026, o BC calcula hiato negativo de 0,6%.

*Com informações do Valor Econômico

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