Análise: Ômicron, renda menor e confiança fraca atrapalharam serviços em janeiro

Setor teve uma queda de 0,1% no mês, um resultado que veio pior que as expectativas do mercado

Foto: Pexels
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A queda de 0,1% no volume de serviços em janeiro ante dezembro, na série com ajuste sazonal, surpreendeu negativamente a Ativa Investimentos, que esperava crescimento de 0,2% em igual critério, diz Étore Sanchez, economista-chefe da corretora. O resultado da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) foi divulgado esta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além de um indicador cheio negativo na margem, diz o economista, a abertura de dados mostra comportamentos mais preocupantes. Entre eles, a queda de 0,8% em janeiro ante dezembro em “outros serviços prestados às famílias”, mostrando que o recrudescimento de casos de covid-19 no mês, por meio da variante ômicron, teve efeito maior que o esperado, com cancelamento de reuniões, eventos e viagens. A corretora estimava estabilidade para esse item, diz Sanchez.

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Além da ômicron, também podem ter influenciado negativamente a menor confiança do consumidor já de olho no efeito da inflação na renda, levando ao corte de serviços no orçamento familiar. Esse é um impacto, porém, diz ele, que ainda precisa ser confirmado com dados de fevereiro e março.

Para o primeiro trimestre, diz o economista, a perspectiva ainda é de recuperação do setor, mas de forma tímida, com a inflação já soprando em contrário. A Ativa projeta crescimento de 0,4% no PIB de serviços no primeiro trimestre deste ano contra os últimos três meses de 2021, na série com ajuste sazonal.

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Para o ano, o terreno deve ter outros solavancos, como a instabilidade geralmente trazida pelas eleições, além do risco de novas variantes da covid-19 circulando no país e no mundo. Há ainda os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia que, mesmo tendo desfecho próximo, diz ele, já trouxe efeitos nos preços de commodities e exacerbou os conflitos geopolíticos no cenário global.

Inflação, juros e confiança

Os ramos de serviços mais afetados pela pandemia devem se recuperar nos próximos meses, com o progresso no avanço da vacinação contra a doença e também pelo pagamento do Auxílio Brasil, mas inflação alta, condições financeiras mais apertadas, alto endividamento das famílias, ruído político persistente e fraca confiança do consumidor e das empresas devem atuar como ventos contrários.

É o que aponta o boletim do Goldman Sachs em análise do resultado da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Com o resultado, o carregamento estatístico para o setor no primeiro trimestre de 2022 é de 2% na comparação com os três meses anteriores, também com ajuste sazonal, destaca Alberto Ramos, que assina o boletim do banco.

Com o dado de janeiro, a atividade de serviços ficou 7% acima do nível pré-Covid de 20 de fevereiro, mas serviços prestados às famílias ainda estão 13,1% abaixo enquanto serviços de TI estão 9,4% acima, ressalta o boletim.

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