Sergio Vale, da MB Associados: Trump terá força quase inédita na história americana

Vitória avassaladora coloca um Trump que já era convicto de suas posições, mais convicto ainda

Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos. Foto: Divulgação/Campanha de Donald Trump
Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos. Foto: Divulgação/Campanha de Donald Trump

A eleição de Trump não pode ser considerada uma surpresa.

As pesquisas mostravam empate dentro de uma margem de erro não trivial. Qualquer resultado era possível, inclusive o que aconteceu.

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O que foi diferente foi a chamada “maré vermelha”, com ganhos significativos de Trump ao redor dos EUA. Com o Senado e a Câmara também republicanos, Trump terá uma força quase inédita na história americana, pois terá também um Supremo conservador. 

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Isso de certa forma ajuda a explicar a acomodação de nossa taxa de câmbio em relação ao dólar na quarta-feira, pois havia o receio de uma disputa muito apertada e o risco de confusão nas ruas, o que não aconteceu.

Trump convicto de suas posições

Essa vitória avassaladora coloca um Trump que já era convicto de suas posições, mais convicto ainda.

As urnas lhe chancelaram algo ainda maior do que se imaginava e, por isso, há preocupação sobre o que será a política econômica de seu governo.

Certamente teremos um aprofundamento de corte de impostos e aumento de tarifa de importação, que foram duas políticas importantes em seu primeiro mandato. Nenhuma funcionou.

O corte de impostos, diversos estudos mostram, não geraram crescimento, investimento ou emprego, mas apenas mais déficit público.

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O aumento de tarifa, com o intuito de coibir o déficit comercial com a China, também de nada adiantou. O déficit com os chineses continuou elevado, pouco abaixo do que era em 2015 e a China começou a triangular seu comércio, exportando para Vietnã, Malásia, Tailândia e outros, que reexportavam para os EUA.

Trump na presidência: corte de impostos e aumento de tarifas

Isso tudo deve se aprofundar, com mais corte de impostos e aumentos mais agressivos de tarifas, naquela velha ideia que se não deu certo ainda é porque precisa ser feito mais da política.

O problema é que Trump tem nas mãos agora uma situação fiscal muito pior do que tinha em 2015, com um déficit público de 7% do PIB e uma dívida pública de 100% do PIB, caminhando para patamares próximos do que havia na segunda guerra mundial.

Os EUA precisam de um ajuste fiscal nesse momento e não mais desajustes como os feitos nos governos Reagan e Trump. 

Por isso, os mercados têm ficado apreensivos nas últimas semanas sobre o inflacionário pacote econômico do novo presidente.

Impactos de Trump na geopolítica

Sem falar nos impactos que ele causará na geopolítica, se distanciando da Ucrânia e da Europa, mas também de Taiwan e das Filipinas.

No Oriente Médio, a proximidade de Trump com Netanyahu não garante o cessar fogo e coloca mais preocupação no atrito que não vem de hoje entre Trump e os iranianos.

Além disso, a questão climática sofre um golpe muito forte.

Trump sempre foi proponente de investimentos em petróleo e descartava mudanças climáticas como realistas. Parte das medidas positivas que foram implementadas no governo Biden para incentivar a energia renovável deve ser revista.

Kamala perdeu porque não conseguiu encaixar o discurso econômico adequadamente em relação a um governo em que ela era vice-presidente.

A escalada da imigração apenas acelerou o descontentamento do eleitor americano. Mas escolher Trump como sinal de que será diferente especialmente na economia não é tão claro, especialmente pelas escolhas de política econômica que ele tem sinalizado.

De qualquer maneira, serão quatro anos de turbulência na economia e na política internacional.

Sergio Vale é economista-chefe da MB Associados e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP

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