O dólar comercial fechou a segunda-feira (25) em queda depois de acumular uma alta de 3,22% na última semana, quando chegou a ser negociado acima de R$ 5,75 com os rumores de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, poderia deixar o governo. A moeda norte-americana caiu 1,27%, cotada a R$ 5,556. A atenção nesta semana novamente será com o quadro político e fiscal brasileiro, além da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e a divulgação da nova taxa básica de juros da economia (Selic). Saiba em três pontos as expectativas para a cotação do dólar nos próximos dias:
Definição da PEC dos Precatórios
O plenário da Câmara pretende votar em dois turnos a proposta de emenda constitucional que limita o pagamento de precatórios, muda o cálculo do reajuste do teto de gastos e dá uma folga de R$ 80 bilhões no orçamento de 2022 para o governo bancar o Auxílio Brasil de R$ 400. O debate sobre como seria financiado o sucessor do Bolsa Família e a opção pelo drible no teto de gastos foram os fatores de nervosismo no mercado financeiro na última semana. Para Leonardo Morales, gestor da Asa Investments, a preocupação agora é se o valor do benefício será ampliado pelos congressistas, o que agrava o quadro da dívida pública do país. “O alívio no mercado veio com o entendimento, após a fala do ministro Paulo Guedes, de que o valor de R$ 400 será o teto do programa. Se for um piso e acabar elevado no plenário, vai piorar o cenário fiscal e teremos mais volatilidade no câmbio.”
A subida dos juros
O Banco Central vinha sinalizando que a Selic iria subir 1 ponto percentual, para 7,25% ao ano, na reunião do Copom de outubro. Com os desdobramentos da semana passada e as perspectivas de uma inflação persistente, os agentes do mercado passaram a ver a possibilidade de o colegiado acelerar a subida dos juros e a taxa ter uma alta de 1,5 ponto percentual, para 7,75% ao ano. Leonardo Morales avalia que este cenário pode trazer um alívio na cotação do dólar. “Podemos ver o movimento chamado de ‘carry trade’, que é a entrada de dólares na economia brasileira com investidores estrangeiros tomando empréstimos em países com juros menores e aproveitando a alta da Selic aqui”. O gestor da Asa Investments, no entanto, vê a chance de um efeito contrário conforme o recado da autoridade monetária. “O Copom pode esperar para ver ainda o que vai acontecer no cenário doméstico, o que pode pressionar o câmbio.”
O futuro de Paulo Guedes
O ministro Paulo Guedes acompanhou o presidente Jair Bolsonaro em um evento no domingo em uma nova demonstração de que os dois estão alinhados. Porém, na percepção de Leonardo Morales, uma eventual briga política em torno do valor do Auxílio Brasil e um aumento do benefício acima dos R$ 400 previstos podem colocar mais uma vez no radar a possibilidade de saída de Guedes do cargo. “O pronunciamento dele na última sexta-feira pareceu um sinal amarelo”, diz. “Se o Congresso vier com uma proposta esdrúxula, de um valor maior, vai trazer mais apreensão quanto a isso.”