Mercado hoje: Ibovespa fecha em queda com inflação, payroll e pressão do setor bancário americano com crise no SVB; dólar volta a R$ 5,20
Bolsa já estava pressionada por payroll e inflação acima do projetado, mas crise bancária nos EUA elevou a temperatura e aumentou a aversão por ativos de risco
O Ibovespa levou um tombo nesta sexta-feira (10) diante da reação aos indicadores de emprego nos Estados Unidos e de inflação no Brasil, ambos acima das projeções. Além disso, os mercados locais foram muito pressionados pelos estrangeiros com a crise envolvendo um banco do Vale do Silício.
Sendo assim, o principal índice da bolsa brasileira fechou em queda de 1,38% (pós ajuste), aos 103.618 pontos. Às 17h00, o dólar havia fechado em elevação de 1,30% ante o real, negociado a R$ 5,2077. No cálculo semanal, o Ibov caiu 0,23% enquanto o dólar acumulou alta de 0,15%.
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Em Nova York as bolsas fecharam no vermelho pressionadas pelo payroll, mas principalmente pelo setor bancário, após uma crise afetar o SVB Financial Group – também conhecido como Silicon Valley Bank.
Após o anúncio do fechamento do SVB, os índices de Wall Street ampliaram as perdas e fecharam em forte queda: Dow Jones desabou 1,07%, Nasdaq 1,76% e S&P500 caiu 1,46%.
DIs
Logo após o meio dia observou-se uma virada nas taxas de juros futuros de médio e longo prazo, com as principais taxas passando para o campo negativo. O DI com vencimento em janeiro de 2027 cai de 12,55% para 12,465%.
As taxas de curto prazo, com vencimento até 2024, operam em leve alta, fazendo ajustes pós IPCA.
Novos horários das bolsas
A partir de segunda-feira (13), as bolsas brasileira (B3) e de Nova York (Nyse) terão novos horários de funcionamento.
A B3 volta a operar durante o período tradicional, com os negócios encerrando às 17h (de Brasília), enquanto Wall Street passa a operar entre às 10h30 e 17h (Brasília).
As mudanças ocorrem diante do início do horário de verão nos Estados Unidos a partir deste domingo (12).
A diferença de fuso entre São Paulo e Nova York cairá das atuais duas horas para apenas uma hora.
Commodities hoje
O petróleo Brent – utilizado pela Petrobras como referência de preços – fechou em alta de 1,46% na ICE, de Londres, negociado a US$ 82,78 o barril.
O minério de ferro fechou em alta de 0,39% no porto de Tianjin – região norte da China, negociado a US$ 129 a tonelada.
O contrato do ouro para entrega em abril fechou em alta de 1,77%, a US$ 1.867,20 por onça-troy
Payroll
O payroll – relatório de empregos não-agrícolas dos EUA – de fevereiro mostrou que o país gerou 311 mil postos de trabalho no mês. O mercado projetava a criação de 200 mil vagas.
Um mercado de trabalho forte deve pressionar a inflação no país e prejudicar ativos de risco, como as bolsas mundiais e moedas de emergentes, como o real.
Leitura do mercado
Apesar da batida, o mercado voltou a apostar em um aumento menos agressivo dos juros na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed.
De acordo com o CME Group, que faz uma estatística sobre as projeções dos agentes do mercado para a próxima reunião de juros, a probabilidade de um aumento de 0,25 ponto percentual na reunião do dia 22 é maior agora do que era ontem.
Hoje, após a divulgação do payroll, há 59% de chances de o FOMC elevar a Fed Funds Rate em 0,25 p.p. – ontem esse percentual era de apenas 31%.
Já a chance de elevação de 0,50 p.p. (ou 50 bps) caiu de 69% ontem para 41% hoje.
A taxa de juros atual nos EUA está entre 4,50% e 4,75% ao ano.
IPCA
Mais cedo, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,84% em fevereiro de 2023. A mediana das estimativas coletadas pelo Valor Data estimava alta de 0,78% no mês.
Mercado Europa
As principais bolsas da Europa fecharam em queda nesta sexta-feira (10), afetadas negativamente pelo setor financeiro, que foi impactado pelo colapso do banco americano SVB Financial Group, que teve uma forte perda em sua carteira de Treasuries, aumentando temores relacionados a uma crise de crédito. Os investidores também repercutiram a divulgação de diversos dados no continente europeu e nos EUA.
Após ajustes, o índice Stoxx 600 fechou em queda de 1,34%, a 453,76 pontos. Já o índice DAX, de Frankfurt, teve queda de 1,31%, a 15,427,97 pontos, enquanto o FTSE 100, de Londres, registrou queda de 1,66%, a 7.749,16 pontos. O francês CAC 40 contabilizou recuo de 1,53%, a 7.204,10 pontos. Entre os setores do Stoxx 600, o setor bancário registrou queda de 3,79%.
Empresas
No cenário corporativo, destaque para o varejo. Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) reportaram prejuízos de R$ 35,9 milhões e R$ 163 milhões, respectivamente no quarto trimestre de 2022. Mesmo que o prejuízo já fosse esperado pelo mercado, as ações despencam, já que a alta da inflação se soma aos números negativos dos balanços. Via (VIIA3) despencava 11,3% e Magazine Luiza caía 5,9%.
As ações da Arezzo (ARZZ3) também caíam (-9%) após o anúncio do balanço do 4T22. A varejista registrou lucro líquido atribuído aos controladores de R$ 107 milhões. Porém, o Citi afirma que os resultados vieram abaixo do esperado, com custos em alta e vendas fracas.
Por outro lado, a Embraer (EMBR3) vai bem e sobe 5,8% após reportar lucro líquido de R$ 119,2 milhões no quarto trimestre do ano passado. O indicador teve alta de mais de dez vezes na comparação com o 4T21. Com maior volume de vendas de jatos e eficiência operacional, a empresa conseguiu bater praticamente todas as metas estabelecidas para 2022.
A maior alta do Ibovespa era da Hapvida (HAPV3), que avançava 13,4% e tentava se recuperar de grandes tombos nas sessões anteriores. A XP emitiu relatório cortando o preço-alvo da ação de R$ 7,90 para R$ 3, mas reiterou recomendação de compra. O papel é negociado na casa dos R$ 2,15 hoje.
Colaborou: ALLAN RAVAGNANI