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Dólar e juros futuros abrem em alta firme com aversão a risco
O dólar comercial e os juros futuros abriram o pregão desta quinta-feira em alta firme na esteira da aversão global a risco, após a Rússia decidir por invadir a Ucrânia por diversas cidades diferentes, constituindo um ataque de larga escala. A moeda americana se fortaleceu globalmente e os rendimentos sobre os títulos do Tesouro americano (Treasuries) despencaram com os investidores buscando por ativos de segurança.
Por volta de 9h20, a moeda americana avançava 0,70%, cotada a R$ 5,0385 no começo da sessão, depois de bater máxima a R$ 5,0645.
No mesmo horário, a taxa do contrato futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 passava de 12,37% no ajuste anterior para 12,425%; a taxa do DI janeiro de 2024 subia de 11,84% para 11,91%; a do DI janeiro de 2025 avançava de 11,27% para 11,37%; e a do DI janeiro de 2027 saltava de 11,17% para 11,27%.
A aversão a risco dá o tom dos mercados internacionais nesta quinta-feira, depois que mais de uma dúzia de cidades ucranianas, incluindo a capital Kiev, sofreram ataques aéreos, conforme tropas e tanques russas avançavam pelo território ucraniano, constituindo um ataque de larga escala.
De acordo com o “The Wall Street Journal”, pesados bombardeios atingiram Mariupol, cidade portuária no mar de Azov, sob controle de Kiev. Sirenes de ataque aéreo soaram na capital ucraniana pela manhã e o aeroporto da cidade foi atacado. Os militares da Ucrânia disseram que abateram cinco aviões de guerra russos e um helicóptero. Já a Rússia nega qualquer baixa entre suas aeronaves.
Ao anunciar a operação militar na Ucrânia nesta quinta-feira, o presidente russo Vladimir Putin subiu o tom e alertou países que qualquer tentativa de interferência levaria a “consequências que você nunca viu”.
Até aqui, na avaliação do Danske Bank, a reação do mercado à invasão russa da Ucrânia parece muito em linha com o esperado: as bolsas na Europa e os futuros de Wall Street registram fortes quedas pela manhã, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano exibem acentuado recuo e os preços do petróleo Brent escalam 7%, acima de US$ 100 por barril. Já a cotação do gás natural holandês TTF, referência de cotação na Europa, disparava 32%, a 117 euros por megawatt-hora, com o risco de interrupção do fornecimento da commodity energética ao velho continente — um terço do gás consumido pela Europa é importado da Rússia via Ucrânia.
“No câmbio, o rublo saltou para o nosso cenário de ‘pior caso’ estimado a 87,00 por dólar”, dizem os profissionais do Danske — mais cedo, a moeda russa foi ao menor nível histórico ante a divisa americana, a 89,9900 por dólar, segundo o FactSet, e, agora, opera a 83,75, em queda de 3%. “Naturalmente, o euro sofreu o impacto do efeito em ativos não-rublo, até agora”, completam os analistas, notando, ainda, que as moedas do leste europeu, especialmente o zloty polonês, também se enfraqueceram.
“A reação do mercado parece bastante alinhada com o que seria de esperar da noção de aumento da aversão ao risco em relação aos ativos europeus, bem como o efeito negativo de um novo aumento nos preços da energia. Naturalmente, o próximo passo será ver a reação dos políticos em termos de sanções”, completam os analistas.
A elevação da percepção de risco que fortalece o dólar global e pressiona negativamente emergentes também freia, assim, o bom humor dos investidores com as divisas latino-americanas, que têm se destacado neste início de ano. No horário acima, o dólar ganhava 0,87% contra o peso mexicano e 1,15% ante o peso chileno. O sentimento negativo no mercado deve, deste modo, impedir o dólar de cair a novos níveis abaixo de R$ 5, como ocorreu ontem.
Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico
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