No balanço da semana, dólar encerra com alta de 1,24%
Eduardo Miszputen, líder da tesouraria do Citi, diz que é possível haver um fluxo positivo para os ativos brasileiros no começo de 2022 e que não seria surpresa uma apreciação do real ante o dólar; o banco projeta o dólar a R$ 5,60 no fim de 2022
Em um dia de liquidez reduzida, às vésperas da semana do Natal, o mercado de câmbio mostrou um comportamento mais tranquilo nesta sexta-feira em relação aos dias anteriores, quando o Banco Central chegou a fazer intervenções.
Durante boa parte da manhã, a moeda americana exibiu alta firme, mas o movimento perdeu fôlego e, assim, o dólar chegou a a operar em queda, mesmo com pressão forte do exterior, onde sinais do Federal Reserve (Fed) voltaram ao foco dos agentes. Assim, o dólar fechou em alta de 0,09%, negociado a R$ 5,6839, e acumulou avanço de 1,24% na semana.
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A moeda americana também não mostrou sinal único em relação a outras moedas de mercados emergentes nesta sexta-feira. No fim da tarde, o dólar caía 0,18% ante o peso mexicano; recuava 0,36% na comparação com o rand sul-africano; avançava 0,49% em relação ao rublo russo; e saltava 5,16% contra a lira turca. Já o índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de outras seis moedas principais, exibia alta firme, ao subir 0,56%, para 96,58 anos.
O forte avanço do DXY tem relação com novos sinais dados pelo Fed de que o início do processo de elevação dos juros nos Estados Unidos pode se dar já em março. Em declarações feitas durante a tarde, o diretor do Fed Christopher Waller disse que uma alta de juros em março está no seu cenário básico, embora esse movimento possa ser adiado para maio, e enfatizou que altas nos juros junto a uma desaceleração da inflação fariam a taxa de juros real subir.
Em evento sobre as perspectivas para 2022 organizado pelo Citi, o responsável pela tesouraria do banco no Brasil, Eduardo Miszputen, afirmou que é possível haver um fluxo positivo para os ativos brasileiros no começo de 2022 e que não seria surpresa uma apreciação do real ante o dólar.
“Eu apostaria que, com o ambiente de juros do jeito que a gente está, podemos ver um certo fluxo positivo de capital para Brasil no começo do ano, mas isso pode ser nos primeiros meses e, rapidamente, nós devemos ver os fatores mais macroeconômicos e eleição, de novo, impactando e influenciando os preços de mercado”, afirmou. O Citi projeta o dólar a R$ 5,60 no fim de 2022.
Em estudo divulgado hoje sobre o nível de prêmio de risco em moedas da América Latina antes de eventos eleitorais, o economista Ian Tomb, do Goldman Sachs, nota que, conforme os riscos regionais aumentam, um prêmio de risco substancial foi precificado em todas as moedas da região.
“Enquanto o real talvez tenha gerado o maior interesse como uma negociação ‘catch up’ na América Latina, nossas estimativas apontam para um prêmio de risco relativamente mais alto no peso chileno, que teve desempenho inferior em quase 20% no acumulado do ano”, observa.