Como funciona o resgate antecipado de renda fixa?
Os títulos de renda fixa podem ser com prazo de vencimento definido ou indefinidos
Este mês, vou responder três perguntas que ouço frequentemente e chegaram a mim vindas de leitores da Inteligência Financeira. Vamos às dúvidas dos investidores.
1. Como funciona o resgate antecipado de renda fixa? Perderei dinheiro?
Os títulos de renda fixa podem ser com prazo de vencimento definido ou indefinidos.
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A Poupança não tem prazo de resgate definido, assim tem liquidez diária. Mas se houver saque antes do aniversário mensal de sua aplicação haverá perda de rendimento relativa aquele mês. Atualmente o mercado tem ofertado CDBs com liquidez diária.
Os outros títulos de renda fixa têm data de vencimento e não podem ser resgatados antes do vencimento sem correr o risco de perda financeira. Isso ocorre porque o título deverá ser vendido no mercado secundário, em outros termos, deverá ser repassado para outro investidor.
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Nesse caso o investidor está sujeito ao risco de mercado.
O que quer dizer isso?
Que o papel será negociado a valor de mercado – que é calculado com base no nível da taxa de juros no momento da venda antecipada. Caso a taxa de juros no momento da venda seja maior do que na compra o valor de venda do papel será menor.
O raciocínio é o seguinte: Taxa de juros sobe, o valor o papel cai. O contrário é verdadeiro.
Isso fica bem claro com os preços dos títulos do Tesouro Direto. Quem comprou em 2020 um Tesouro IPCA+ para 2030 e resolveu vender neste ano perdeu dinheiro porque os juros dispararam, isso não aconteceria caso esperasse o seu vencimento. Todos os títulos pagam no vencimento exatamente o que prometido na data de compra.
No entanto, isso não acontece com o Tesouro SELIC. Como esse papel segue a variação da taxa básica de juros de nossa economia, pode ser resgatado a qualquer momento sem perda de ganho de capital.
Papéis como LCI, LCA e LC o regaste antes do prazo, também, depende de mercado secundário. Mas, usualmente são menos líquidos. São títulos mais restritos, com aplicação inicial mais alta e prazos de médios para longos.
2. Por que a inflação americana menor que o previsto impulsiona as bolsas?
A inflação norte-americana que em junho estava em 9,1%, no acumulado em 12 meses, agora em julho caiu para 8,5%. Essa é uma boa notícia para todos os mercados porque aquele país estava com a inflação mais alta dos últimos 40 anos. Essa queda permite que FED (Banco Central norte-americano) alivie a subida dos juros naquele país. Juros altos inibem os negócios, assim, prejudicam o desempenho das empresas e, consequentemente, levam o preços das ações para baixo.
Além do que juros em alta significam que os títulos do Tesouro norte-americanos são atraentes e os recursos ao redor do mundo são atraídos para lá como um porto seguro. Resultado, o dólar se fortalece e prejudica as Bolsas ao redor do planeta.
3. O que seria uma carteira de investimentos ideal hoje para um investidor conservador? Nem na renda fixa estou me dando bem?
A carteira ideal é aquele equilibrada em termos de risco e retorno em consonância com os objetivos do investidor.
Em tese, não há uma carteira ideal para um tipo de investidor, mas há para cada investidor.
Para atender o grau de risco adequado o investidor deve considerar dois parâmetros: a importância do recurso e o prazo face ao objetivo previsto.
Por exemplo, se eu tenho como objetivo casar e realizar uma festa de casamento daqui a dois anos. O prazo que tenho é curto e a importância desse dinheiro é grande, não posso correr riscos. Devo aplicar os recursos de forma mais conservadora, em renda fixa e dentro desse horizonte temporal.
Outro exemplo, estou planejando me aposentar daqui a 30 anos. O prazo é muito longo, mas a importância desses recursos é alta. Assim, posso montar uma carteira com mais risco, pensando em fundos multimercado e renda variável, mas vou ter que equilibrar essa carteira, afinal não posso exagerar no apetite ao risco dada a importância do meu objetivo.
Um investidor conservador deve organizar a sua carteira dessa maneira, mas, o seu perfil naturalmente vai demandar mais na renda fixa e em papéis com liquidez. No entanto, algo é comum a todos os investidores, sempre buscar a diversificação em termos de classes de ativos, tipos, prazos e liquidez.
A situação econômica aqui e no exterior não está das melhores, assim, os mercados estão sentindo, a inflação tem sido alta e os juros subindo – mesmo que agora tenhamos certo alivio com a queda do preço do petróleo. Mas, este cenário prejudica todos os investimentos, até a renda fixa. Em situações como esta, o investidor deve manter a frieza, deixar a emoção de lado, ser racional e manter a estratégia de sua carteira. Mudar de posição agora pode levar a erros e maior prejuízo.