Braskem tenta vender ações PN via bolsa ainda este mês

Novonor, controladora, e Petrobras, segunda maior acionista e do bloco de controle, podem levantar até R$ 10 bilhões na bolsa

Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

Os bancos que participam do consórcio escolhido pela Braskem para vender as ações da petroquímica brasileira na bolsa estão trabalhando para concluir a operação de “follow-on” para o fim de janeiro, apurou o Valor com três fontes a par do assunto. A ideia é levantar entre R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões com a negociação dos papéis preferenciais (PNs) da companhia.

A operação, contudo, vai depender das condições favoráveis de mercado. A negociação em bolsa envolverá somente as ações PNs da Novonor (ex- Odebrecht) e da Petrobras, as duas acionistas que fazem parte do bloco de controle da petroquímica brasileira.

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O movimento é crucial para que a Novonor pague boa parte do que deve aos bancos credores, que têm ações da petroquímica em garantia. As dívidas totais do grupo baiano com eles somam cerca de R$ 15 bilhões. O conglomerado entrou em recuperação judicial em junho de 2019, com débitos de quase R$ 100 bilhões.

O valor de mercado da Braskem fechou ontem em R$ 42,4 bilhões. As ações preferenciais da companhia encerraram o dia em R$ 53,77, queda de 4,8%, mas com valorização de 160% em um ano. Já as ordinárias fecharam cotadas a R$ 52,85, baixa de 3,9% no dia, mas com alta acumulada de 137% em 12 meses, segundo o Valor Data.

A Novonor detém 38,4% do capital total da companhia e, Petrobras, 36,15%. O plano dos acionistas é começar com a venda dos papéis preferenciais, que representam 20% do capital total. A expectativa é que, após essa operação, a petroquímica migre para o Novo Mercado da B3, o mais elevado em governança na bolsa.

Com a migração para o Novo Mercado, a expectativa é que a petroquímica “destrave seu valor”, uma vez que se tornará uma “corporation” (sem controlador definido). Hoje, o múltiplo da Braskem está em 4,5 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), abaixo do múltiplo de seus principais concorrentes internacionais, que são avaliados entre 6 e 6,5 vezes o Ebitda.

Os planos de venda de ações em bolsa ganharam força no ano passado, após tentativas frustradas de encontrar um comprador para a companhia. Em 2018, o grupo LyondellBasell desistiu de adquirir o negócio por conta dos problemas ambientais que a Braskem enfrenta em Alagoas. O Morgan Stanley, banco contratado pela Novonor, recebeu ofertas por parte dos ativos, não pelo todo, segundo fontes a par do assunto.

Ao mesmo tempo, a Petrobras contratou o J.P. Morgan para assessorá-la na venda de sua participação na Braskem e já havia sinalizado que buscava uma saída aos moldes do que fez com a antiga BR (hoje Vibra Energia), com mais de uma operação em bolsa. A estatal brasileira está se desfazendo de ativos que não são mais considerados estratégicos ao seu negócio.

Fontes ligadas aos credores da Novonor afirmaram ao Valor que a venda em bolsa é a melhor alternativa, uma vez que não havia proposta firme para a compra da Braskem como um todo, apenas de forma fatiada. O desinvestimento está previsto no plano de recuperação judicial da Novonor, cujas ações da Braskem foram dadas em garantia a bancos credores – Bradesco, Itaú, Santander e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Caixa é também credora.

Maior produtora de resinas das Américas, a Braskem deve encerrar 2021 com números históricos – a companhia antecipou para dezembro o pagamento de R$ 6 bilhões em dividendos antecipados, referentes ao exercício atual. A petroquímica brasileira tem previsão de alcançar receita líquida anual recorde, de R$ 100 bilhões, quase o dobro do visto em 2019 e 71% acima do registrado em 2020.

Procuradas, Braskem, Novonor e Petrobras não se pronunciaram sobre o assunto.

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