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Americanas (AMER3) inicia demissões e entra na mira de ministro do Trabalho
Sinal da grave crise que enfrenta, a Americanas, que deu início à recuperação judicial no último dia 19, começou nesta terça-feira (31) os cortes de funcionários. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, as demissões começaram no Rio de Janeiro, sede da companhia, que foi fundada em 1927 por imigrantes americanos.
Os cortes, neste primeiro momento, devem envolver terceiros, segundo apurou a Folha, mas também serão estendidos ao pessoal contratado em regime CLT.
Americanas não inclui dívidas a funcionários em processo
A Americanas tem disputado na Justiça uma briga com bancos e credores para impedir o bloqueio de recursos devido ao processo de recuperação judicial. A varejista, que alega no processo de recuperação judicial ter uma dívida em torno de R$ 43 bilhões, estaria negociando com bancos aportes de US$ 2 bi para manter seu capital de giro, segundo o Globo.
A Americanas tem como acionistas minoritários fundos de pensão do exterior. Isso levou a companhia a abrir um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o Chapter 15, além do processo no Brasil.
Uma dificuldade adicional para os cortes é que, na pressa em apresentar a sua recuperação judicial, para não ter recebíveis bloqueados por bancos credores, a Americanas não incluiu os funcionários no processo. Ou seja, o valor devido aos funcionários cortados não poderá entrar no processo de recuperação judicial, e deverá ser pago normalmente pela empresa.
A empresa soma cerca de R$ 42 bilhões em dívidas com credores. São cerca de 45 mil funcionários, diretos e indiretos.
Procurada pelo Valor Econômico, a Americanas não se pronunciou até o começo da tarde desta terça (31).
Ministro : ‘se houve fraude vamos acionar os responsáveis’
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou hoje que “se houve fraude” no caso envolvendo a Americanas, “vamos acionar os responsáveis”.
“Não posso afirmar que houve fraude, mas que tem cheiro, tem cheiro”, disse em entrevista coletiva para comentar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes a dezembro e 2022, divulgados mais cedo pela pasta.
Segundo Marinho, o governo está tentando “compreender o que aconteceu”, mas criticou a atuação da consultoria que auditava os balanços da Americanas até 2022, a PWC — sem citar o nome —, que acompanhava o caso.
“Fico me perguntando se a consultoria não conseguiu enxergar ou se enxergou e não avisou”, afirmou Marinho.
Caso Americanas põe dúvidas sobre ‘senhor mercado’, diz ministro
Ele ainda apontou que o caso coloca “em dúvida alguns valores do ‘senhor mercado’, que dita regras para lá e para cá”.
“A empresa pode dar calote no Estado, nos credores que estavam de boa-fé e especialmente nos trabalhadores”, disse. “Quando vem o anúncio, a preocupação é com o sistema financeiro. Não vejo ninguém falando dos trabalhadores.”
Além disso, afirmou que “os [sócios] minoritários possivelmente estão na mesma situação dos trabalhadores”, enquanto os controlados “se locupletaram”.
Por fim, o ministro disse que a mesa de negociação sobre o salário mínimo está em “processo de instalação” e que “até maio consolidaremos esse trabalho”.
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