Eletrobras (ELET3; ELET6): ações caem com privatização sendo questionada pelo governo Lula

BTG vê 'precedente perigoso' com intenção da União de judicializar processo

Eletrobras foi privatizada em processo realizado em junho de 2022. (Foto: Rafael Henrique/Reuters)
Eletrobras foi privatizada em processo realizado em junho de 2022. (Foto: Rafael Henrique/Reuters)

A Eletrobras (ELET3; ELET6) disse nesta segunda-feira que tomou conhecimento, por meio de publicação no site oficial da Advocacia-Geral da União (AGU), da ação direta de inconstitucionalidade proposta pela União que questiona o teto de 10% do capital votante a qualquer acionista da companhia.

Com isso, as ações preferenciais da companhia sofreram ao longo do pregão, fechando o dia em queda de 1,74%, a R$ 36,64. Já os papéis ordinários caíram 1,71%, a R$ 33,38.

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A empresa lembra que o seu processo de desestatização “seguiu fielmente todo o trâmite legalmente previsto”, sendo conduzido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e amplo debate e validação pelo Congresso Nacional e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

“À época, inclusive, foram ajuizadas quatro outras ações diretas de inconstitucionalidade questionando a mesma lei, nas quais não houve concessão de decisão liminar que de qualquer modo impactasse a consumação do processo de desestatização”, afirma a Eletrobras.

Segundo a Eletrobras, mesmo que a União diga que a ação não tem como propósito a reestatização da companhia, caso ela seja bem sucedida, seu grupo potencialmente recuperaria a preponderância nas deliberações, tendo em vista sua participação nas ações, o que contraria as premissas legais e econômicas que embasaram o processo.

A empresa lembra que o governo recebeu R$ 26,7 bilhões a título de bônus de outorga com o processo de privatização, por meio do aumento de capital realizado pelos acionistas da Eletrobras, além de já ter efetuado o pagamento de R$ 6,8 bilhões em CDE e Fundos Regionais. Ainda há saldo de R$ 40,4 bilhões a ser quitado com a União.

A companhia reitera que o processo foi conduzido em conformidade com a Constituição Federal e informa que avaliará as medidas que eventualmente deverão ser adotadas visando a manutenção de ambiente confiável para a realização de investimentos pela Eletrobras e a segurança jurídica dos acionistas e do mercado em geral.

‘Precedente perigoso’

A intenção do governo Lula em judicializar a privatização da Eletrobras pode criar precedentes perigoso não só para o setor elétrico, mas para outros setores públicos regulados com atuação de empresas privadas, diz o BTG Pactual.

Os analistas João Pimentel, Gisele Gushiken e Maria Resende escrevem que a privatização da companhia foi referendada por várias instâncias democráticas e defendida recentemente por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados.

“Mesmo com a tática do governo em apelar diretamente ao Supremo Tribunal Federal (STF), ainda deve encontrar obstáculos”, afirmam. Eles lembram que o ministro Kassio Nunes Marques está com processos envolvendo a privatização da Eletrobras.

O BTG Pactual tem recomendação de compra para Eletrobras, com preço-alvo em R$ 64 para as ações ordinárias.

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