Apesar de lucro recorde, Suzano (SUZB3) não causa suspiros nos analistas; saiba por que

A empresa de papel e celulose triplicou o lucro líquido, com resultado trimestral de R$ 7,46 bilhões

Estrutura da Suzano (SUZB3), empresa brasileira de papel e celulose - Foto: divulgação
Estrutura da Suzano (SUZB3), empresa brasileira de papel e celulose - Foto: divulgação

Os resultados da Suzano (SUZB3) não causaram suspiros no mercado após apresentação dos números do quarto trimestre de 2022, apesar do presidente da empresa ter dito que a empresa viveu o melhor ano de sua história.

A empresa de papel e celulose triplicou o lucro líquido, com resultado trimestral de R$ 7,46 bilhões. Em 2022, a maior produtora mundial de celulose de mercado teve lucro líquido de R$ 22,56 bilhões, 20% superior ao ganho visto um ano antes.

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Ainda assim, a Suzano apresentou um quarto trimestre ligeiramente negativo, segundo avaliação do Itaú BBA. O banco destaca que a empresa atingiu níveis recordes em diferentes métricas de desempenho operacional e que embora tenha reportado Ebitda de R$ 8,2 bilhões (aumento anual de 29%), ficou 4% abaixo da estimativa do banco de R$ 8,5 bilhões.

“A diferença em relação às nossas projeções deveu-se principalmente a um desempenho de custo mais fraco do que o esperado, mas os resultados da celulose ainda foram sustentados por um forte ambiente de preços”, indica o analista Daniel Sasson.

As ações da empresa caiam 3,27% por volta das 15h desta quarta na comparação com o fechamento anterior, cotadas a R$ 46,18.

Itaú BBA: custos e despesas atrapalharam

O analista do Itaú diz que os resultados de papel também foram satisfatórios nos últimos três meses de 2022, mas que os custos e despesas maiores compensaram volumes saudáveis e preços sequencialmente mais altos.

A alavancagem, em dólar, caiu para 2 vezes no trimestre, principalmente pelo maior Ebitda de 12 meses. O banco destaca ainda que a orientação atualizada para os desembolsos operacionais totais até 2027 é 17% superior ao número anterior da empresa, mas 16% abaixo da previsão oficial do Itaú BBA.

O Itaú tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 63 para as ações da Suzano em 2023. O valor representa um potencial de alta de 36% em relação à cotação atual.

BTG: conjunto razoável de resultados

A Suzano reportou um conjunto de resultados razoáveis no quarto trimestre, refletindo preços favoráveis, com Ebitda 5% abaixo da projeção e custos ainda decepcionando, permanecendo como uma preocupação, diz o BTG Pactual, em relatório.

“Acreditamos que a impressão está um pouco manchada por custos e despesas mais altos do que prevíamos, mas vemos uma receita muito consistente com nossa modelagem”, escrevem os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner.

Eles ressaltam que a Suzano também aproveitou para revisar sua métrica de desembolso operacional total para 2027 para R$ 1,75 mil, de R$ 1,5 mil por tonelada, o que não consideram surpreendente, dada a base de custos elevada e a inflação no setor, mas não deve ser bem recebido pelo mercado.

Olhando para frente, dado que o projeto Cerrado ainda está a vários trimestres de distância, o debate deve permanecer centrado em torno da correção em curso nos preços da celulose e nos níveis de suporte, dizem eles.

O BTG Pactual tem recomendação de compra para as ações da Suzano, com preço-alvo de R$ 86, potencial de alta de 84% ante o valor negociado no momento na B3.

UBS: resultados vieram dentro do esperado

Os resultados de quarto trimestre da Suzano vieram dentro do esperado, com os preços ainda elevados da celulose sendo mitigados por um crescimento maior do que o esperado nos custos, diz o UBS BB.

Os analistas Cadu Schmidt, Andreas Bokkenheuser e Cleve Rueckert escrevem que os preços realizados pela companhia subiram US$ 10 na comparação com setembro, ficando mais de 10% acima dos preços atuais.

Os embarques de celulose totalizaram 2,76 milhões de toneladas no quarto trimestre, em linha com o esperado, ajudada por menores paradas de manutenção. Já em papel e embalagens, reajustes recentes ajudaram a manter crescimento anual das receitas.

De destaque, o banco nota o aumento nos custos operacionais de longo prazo da Suzano de R$ 1,75 mil por tonelada até 2027, puxado principalmente pelo aumento nos custos de manutenção e de custo caixa da celulose.

O UBS BB tem recomendação neutra para Suzano, com preço-alvo em R$ 53. Há pouco, as ações caem 0,08%, cotadas em R$ 47,70.

BB eleva recomendação

O BB Investimentos parece o mais animado com a empresa ao elevar a recomendação das ações da Suzano de neutra para compra. Apesar disso, o banco reduziu o preço-alvo de R$ 69 pra R$ 62 para o ano de 2023. O valor representa um potencial de alta de 34% em relação à cotação atual.

“Entendemos que, no curto prazo, as ações continuarão com elevada volatilidade, acompanhando a variação cambial e as incertezas com relação à demanda de celulose nas principais regiões consumidoras, como EUA e Europa”, afirma a analista Mary Silva.

Ela leva em conta a expectativa de um ritmo mais lento da atividade econômica e a entrada de novas capacidades de celulose, que deverão contribuir para um maior equilíbrio da relação entre oferta e demanda global, impactando os preços da commodity.

Ainda assim, a analista diz que os resultados operacionais dos próximos trimestres deverão se manter satisfatórios, embora aquém do nível recorde apresentado ao longo de 2022. Do lado positivo, ela cita as vantagens competitivas da companhia, como sua posição de liderança e protagonismo no setor, a elevada competitividade de custos e avanço na cadeia de valor.

A Suzano reportou números fortes e acima das estimativas do BB Investimentos no quarto trimestre de 2022, tanto operacionais como financeiros, comenta o banco em relatório. A empresa se beneficiou do cenário ainda favorável para celulose no período e da resiliência do segmento de papel.

“Apesar dos primeiros sinais de arrefecimento nos preços após forte escalada observada ao longo do ano passado, a empresa entregou um Ebitda ajustado de R$ 8,2 bilhões e margem de 57%, como resultado da manutenção dos volumes de venda e dos custos mais estáveis, embora estes tenham permanecido elevados”, comenta Silva.

Do lado financeiro, a analista destaca que a valorização da taxa de câmbio no fechamento do quarto trimestre e o resultado de operações com derivativos contribuíram positivamente para o resultado, de forma que o lucro líquido atingisse R$ 7,4 bilhões, ante R$ 2,3 bilhões no mesmo intervalo do ano anterior, o segundo melhor resultado trimestral já registrado pela companhia.

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