Ações do Nubank disparam em NY; veja o que dizem os analistas
A fintech reportou lucro ajustado de US$ 17 milhões no período
As ações do Nubank fecharam em forte alta nesta terça-feira (16), após a divulgação do balanço do segundo trimestre na noite desta segunda-feira (15). Os papéis da empresa fecharam em alta de 18,16%, a US$ 5,53, na Bolsa de Nova York (Nyse). No acumulado deste ano, no entanto, o papel ainda perde 41,04%.
A fintech reportou lucro ajustado de US$ 17 milhões no segundo trimestre, alta trimestral de 68,3% e de 1,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. A receita teve expansão anual de 244%, para US$ 1,157 bilhão. Um ponto de atenção, porém, é a qualidade do crédito. O Nubank alterou sua metodologia e revisou o índice de inadimplência (NPL, na sigla em inglês) do primeiro trimestre para 3,5%, subindo para 4,1% no segundo trimestre.
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Analistas do BTG Pactual ressaltam, em relatório, que o Nubank “mais uma vez mostrou um crescimento impressionante em praticamente todas as linhas: número de clientes, níveis de ativação e engajamento, receita média por cliente ativos (Arpac), volume de pagamentos processados (TPV), depósitos, receita e lucro, todos bateram as estimativas do mercado”.
“A reação do mercado parece claramente positiva. Dito isso, nossa leitura é um pouco mais mista”, afirmam os analistas do BTG. “Uma vez que estávamos perto do topo do guidance (projeções) da companhia, os números, na verdade, vieram um pouco abaixo de nossas previsões”, destacam. “Além disso, os NPLs se deterioraram mais do que esperado. Mas, no geral, acreditamos que é justo dizer que a foto do segundo trimestre ainda parece boa.”
O Goldman Sachs concorda que o forte crescimento da receita do Nubank mais do que compensou a elevação do custo de risco. “A receita mostrou basicamente tendências sólidas, com melhores spreads compensando o maior custo de financiamento, enquanto as receitas de tarifas se beneficiaram de volumes robustos de pagamentos. Assim, a receita líquida cresceu 170% em um ano e ficou e 5% acima da nossa expectativa”.
Seja como for, os analistas dizem que a questão da inadimplência merece atenção. “A qualidade dos ativos permanece um tópico de debate, já que a inadimplência aumentou 0,60 ponto no comparativo trimestral, para 4,1% (um pouco abaixo de nossa expectativa de alta de 0,70 ponto), embora isso tenha sido parcialmente atribuído a uma mudança na metodologia de baixa contábil. De acordo com o critério de baixa anterior, a inadimplência teria aumentado 1,2 ponto no trimestre, para 5,4%, enquanto a formação de NPL avançou para 2,9% da carteira (de 2,1% no primeiro trimestre). No entanto, as provisões para perdas com empréstimos ficaram dentro das expectativas”, diz o Goldman.
Para o UBS BB, a inadimplência foi a principal surpresa negativa do resultado, e a administração da companhia afirmou que reduziu seu crescimento de empréstimos pessoais devido às incertezas macroeconômicas de curto prazo. “Apesar do crescimento muito bom da receita, vemos alguns investidores manifestarem preocupação com o aumento da inadimplência. Durante a teleconferência, a maioria das perguntas se concentrou nas tendências de crescimento do empréstimo pessoal e na qualidade de ativos. A administração acredita que a inadimplência de curto prazo é um indicativo que o índice de inadimplência de 90 dias deve ser mais estável daqui para frente, enquanto em empréstimos pessoais o crescimento está desacelerando, mas continuará acima do mercado”.
O Itaú BBA tem uma das avaliações mais negativas sobre o balanço do Nubank. Para os analistas, as despesas de provisão teriam sido maior se não for pelo consumo de cobertura significativo. Enquanto isso, o crescimento da carteira de empréstimos pessoais desacelerou substancialmente e não se espera uma retomada no curto prazo. Ao mesmo tempo, o uso de crédito no volume de cartões de crédito continuou ganhando participação sobre as transações que não rendem juros, aumentando ainda mais as pressões sobre a inadimplência. “Em geral, boas receitas e eficiência, mas o risco de crédito está aumentando mais rapidamente do que o esperado Isso tem implicações de monetização de clientes de médio prazo”.
Eles apontam que os empréstimos pessoais representam apenas 21% da carteira do Nubank, mas geram quase metade da receita total de juros. Isso mostra que a linha é uma peça-chave da estratégia de crescimento/monetização de longo prazo do Nubank. “Ao alterar o prazo de baixa contábil o Nubank está essencialmente mostrando que os empréstimos pessoais têm menor potencial de recuperação quando comparados aos cartões de crédito. Isso não condiz com a recente alegação de que empréstimos pessoais são concedidos ao terço superior da base de clientes de cartão de crédito. O risco neste produto pode ter sido subestimado”.
“Nós acreditamos que os investidores continuam tendo dúvidas sobre a originação de empréstimos pessoais mais lenta (é culpa do aumento de preços? é intencional?); inadimplência mais alta (a inadimplência de 15 a 90 dias é uma boa métrica para indicar estabilização?); e uma metodologia alterada de baixa contábil. Todas são boas perguntas e o Nubank deu explicações justas, mas duvidamos que os investidores considerem esses assuntos resolvidos”, aponta o Citi.