Ações de bancos ganham mais espaço nas recomendações – faz sentido?
Papel da Petrobras deixa indicações pela 1ª vez desde março
Após o primeiro mês do ano ter sido marcado por uma forte alta na bolsa, a segunda lista de 2022 da “Carteira Valor” segue com o setor de commodities como o mais representado. Das dez indicações, metade é do segmento. Já o setor bancário ganhou força na seleção de fevereiro e conta com três representantes.
Os dois segmentos, junto com o varejo, foram os destaques da bolsa ao longo do primeiro mês do ano. Segundo analistas da Toro, a melhora na divulgação de importantes dados econômicos, como os de varejo e serviços, impulsionaram o otimismo do mercado. Além disso, o preço das commodities também foi pressionado em janeiro, com altas no minério de ferro, aço, gás e petróleo.
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Apesar da forte representação das commodities, as ações da Petrobras deixaram a Carteira Valor pela primeira vez desde março do ano passado. Na ocasião, a estatal deixou de fazer parte da seleção depois de 55 meses consecutivos, após a demissão do então presidente Roberto Castello Branco, em fevereiro.
Quem segue nas indicações são as ações de Bradesco e Itaú Unibanco, apontadas por seis e cinco casas, respectivamente. A novidade do setor financeiro ficou por conta da ação do Banco do Brasil, indicada três vezes.
Quem completa a lista são a produtora de energia Cosan e a fabricante de motores e equipamentos WEG. Além de Suzano e Petrobras, outras que deixaram a seleção para este mês foram Magazine Luiza e Copel.
A Carteira Valor reúne as dez ações mais indicadas pelas corretoras participantes. Ao todo, são 20 casas que escolhem, mensalmente, cinco papéis que elas acreditam que vão se valorizar no mês. O ano de 2022 trouxe duas novidades entre as participantes: a Toro Investimentos e a Warren. Por outro lado, a Necton deixou a lista. Atualmente, compõem a Carteira Valor: Ativa, Ágora, BB Investimentos, Banco Inter, CM Capital, Elite, Genial, Guide, Mirae, Modalmais, MyCap, Nova Futura, Órama, Planner, Safra, Santander, Terra, Toro, Warren e XP Investimentos.
Em janeiro, a Carteira Valor registrou alta de 9,18%. O Ibovespa, por sua vez, subiu 6,98%. No ano passado, a Carteira Valor perdeu 7,79%. Já o índice Ibovespa perdeu mais: 11,93%.
Para Alexandre Marques Filho, da Elite, embora os últimos tempos tenham sido desafiadores para os grandes bancos devido à crise trazida pela pandemia, a mudanças regulatórias e ao surgimento de fintechs como concorrentes, o ambiente está voltando aos poucos para a “normalidade”, o que já se reflete nos balanços dessas companhias.
“Os resultados dos grandes bancos tiveram forte melhora, apesar das notícias sobre a possibilidade real do fim dos juros sobre capital próprio com a reforma tributária e da alíquota maior da CSLL a partir deste ano atrapalharem a performance das ações dos bancões”, afirma. Ele destaca, no entanto, que ainda não se sabe como será o desempenho dos novos concorrentes no longo prazo. “Atualmente, eles têm rentabilidade muito baixa, quando não negativa.”
Na visão do analista, o Bradesco continua apresentando um histórico de resiliência e bons resultados recorrentes. “Junto a isso, os grandes bancos estão se reinventando e se adaptando a uma nova concepção. No caso do Bradesco, a tradicional postura conservadora do controle de despesas agora é aliada aos novos investimentos na área digital e na modernização no atendimento aos clientes pessoa física”, diz.
Para os analistas da MyCap, a indicação das ações do Banco do Brasil na Carteira Valor é justificada por três fatores: os resultados positivos apresentados pelo banco, os dividendos a serem distribuídos e o preço das ações que é menor do que seus pares e, portanto, apresenta um bom potencial de alta.