Bashar al-Assad abandonou a medicina para governar a Síria, onde foi presidente por 24 anos ‘com mão de ferro’
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), órgão de monitoramento da guerra, apontou, neste domingo, que al-Assad fugiu do país
Rebeldes sírios anunciaram, neste domingo, a captura de Damasco, capital da Síria, e a queda do governo do país. Segundo o grupo, a ofensiva que durou menos de duas semanas foi iniciada porque a população do país estava “cheia de 50 anos do regime de Assad”.
Os últimos 24 anos foram sob o controle de Bashar al-Assad, tendo como marco em sua história mais recente a repressão violenta a revolta pró-democracia em 2011, no contexto da Primavera Árabe — em que levantes populares ocorreram no Oriente Médio e no Norte da África.
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O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), órgão de monitoramento da guerra com sede no Reino Unido, apontou, neste domingo, que al-Assad fugiu do país após a entrada dos rebeldes na capital. Sua saída do poder marca também o fim de sua família no comando da Síria. O presidente assumiu o posto em 2000 no sucessão de seu pai, o general Hafez al-Assad, que governava desde 1971.
Bashar al-Assad chegou ao poder na Síria após um acontecimento em sua família que mudou o curso do que seu pai tinha planejado para sua sucessão. Em 1994, um acidente de trânsito em Basileia matou seu irmão mais velho, Bassel, que estava destinado ao poder.
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À época, al-Assad já era formado em Oftalmologia no Reino Unido, pela Western Eye Hospital, e vivia em Londres, para onde se mudou em 1992 após se formar na Universidade de Damasco. Na cidade inglesa conheceu a esposa, Asma al-Akhras, uma sírio-britânica que trabalhava para a JP Morgan.
Após a morte do irmão, al-Assad ingressou no exército e concluiu o curso militar, antes de entrar nos assuntos políticos com o pai. Hafez al-Assad estava no comando do Partido Baath, após afastar a liderança em um golpe, em 1966. O partido, criado em 1947 num contexto de pan-arabismo, se fundiu, seis anos depois, com o Partido Socialista Árabe e ganhou popularidade entre intelectuais, camponeses e minorias religiosas. Foi em 1963 que o Baath tomou o poder na Síria por meio de um golpe militar.
Hafez al-Assad já controlava o país com “mãos de ferro”, em que o regime instaurado era rigoroso com a oposição e rejeitou a realização de eleições livres.
Bashar al-Assad, aos 34 anos, sucedeu o pai após a sua morte em 2000, através de um referendo realizado sem oposição. Isso foi permitido após uma mudança constitucional que baixou a idade mínima de 40 anos para ocupar o cargo de presidente. Ele foi reeleito para um segundo mandato em 2007.
Com uma promessa de desenvolvimento, democracia e transparência sob o novo regime, seria um curto período de debate aberto e liberdade de expressão, momento que ficou conhecido como “Primavera de Damasco”. Em 2011, no entanto, prisões em massa e a repressão voltaram com o fortalecimento do movimento da “Primavera Árabe” na região e em países no norte da África.
A forte repressão aos protestos, a partir de março de 2011, quando ganhou força, provocou uma militarização da revolta que se transformou num conflito armado e numa guerra civil. A guerra deixou mais de 500 mil mortos e provocou uma das maiores ondas migratórias. O presidente justificou suas ações como uma guerra contra “terroristas”, afirmou que avia conspiração contra o regime do país e afirmou que o movimento era feito por “sabotadores e infiltrados liderados por forças estrangeiras”.
Em 2003, al-Assad se opôs à invasão do Iraque por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos pós 11 de setembro que derrubou o governo de Saddam Hussein.
Com informações do Valor Econômico.