O que é inflação?

Não foi seu salário que sumiu, foi a inflação que reduziu seu poder de compra

Dados sobre deflação em agosto foram divulgados pelo IBGE
Dados sobre deflação em agosto foram divulgados pelo IBGE

Se tem uma coisa que brasileiro já entendeu na prática como funciona é a inflação. Agora, vamos com um pouco de teoria, para orientar ainda mais suas decisões de consumo e investimentos. Inflação nada mais é do que o aumento dos preços, o que vale para a banana que você compra na feira e também para o valor da conta de luz. Ela, portanto, reduz seu poder de compra, ou seja: você vai precisar de cada vez mais dinheiro para comprar as mesmas coisas. O Brasil tem vários medidores de preços, mas o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o indicador da inflação oficial do País. O IPCA é usado, por exemplo, pelo sistema de metas para a inflação.

O que causa a inflação?

​​​A inflação pode ter várias causas, que podem ser agrupadas da seguinte maneira:

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  • pressões de demanda;
  • pressões de custos;
  • inércia inflacionária;
  • expectativas de inflação.​

Quais são as consequências da inflação?

A inflação gera incertezas, desestimula o investimento e prejudica o crescimento econômico. A sociedade como um todo perde a noção dos preços e fica difícil avaliar se algo está barato ou caro. Quem mais sofre com a inflação são os mais pobres, que têm menos acesso para se defender da alt de preços.

Inflação mais alta também aumenta o custo da dívida pública. O que significa isso? Que os títulos públicos, negociados pelo Tesouro Direto, também ficam mais caros, porque os juros têm que compensar não só o efeito da inflação mas também têm de aumentar o prêmio de risco para compensar as incertezas associadas à alta da inflação.

Inflação acumulada

No corre do dia-a-dia, algumas expressões da economia podem parecer complexas. Mas não são. “Inflação acumulada” é uma delas e, nada mais é do que a soma das inflações em um determinado período. E, como o IPCA é a inflação oficial do País, em geral quando você ler o termo “inflação acumulada”, o levantamento foi feito tendo como base a variação do IPCA em um intervalo de tempo determinado.

O que é o IPCA?

IPCA é a inflação oficial do Brasil. Ele foi criado em 1979 para medir o nível de preços de bens e serviços disponíveis na nossa economia. Em outras palavras: ele é um índice de inflação que acompanha o preço daquilo que as famílias brasileiras compram e consomem. 

Qual o valor do IPCA hoje?

O valor do IPCA está em 0,67% em junho, índice superior aos 0,47% de maio deste ano. A inflação deste ano já está em 5,49%. Já no acumulado dos últimos 12 mexes, portanto de junho de 2021 a junho de 2022, o índice está em 11,89%

Como ele é calculado?

O índice é medido e calculado pelo IBGE todos os meses. O IBGE faz uma pesquisa de preços em estabelecimentos comerciais e prestadoras de serviços nas principais áreas urbanas do país. A pesquisa é feita todos os dias, considerando o valor à vista dos itens. O levantamento inclui cerca de 400 mil preços de 30 mil estabelecimentos. O “recheio” é variado: são analisados desde itens básicos, como arroz e feijão, até mensalidade escolar, consulta médica e atividades de lazer.

Se você tiver curiosidade para saber quanto um produto passou a custar ao longo de um determinado período, tomando como base de cálculo o IPCA, basta clicar no site do IBGE que ele faz essas contas para você. Já te dou um spoiler: é viciante. Você vai começar tirando dúvida sobre seu salário e dali a pouco já estará vendo o aumento do preço da gasolina, do Big Mac, da manicure, do tênis…

Quantos itens o IPCA avalia?

O IBGE acompanha 377 itens, divididos nos seguintes grupos:

  • alimentação e bebidas;
  • habitação;
  • artigos de residência;
  • vestuário;
  • transportes;
  • saúde e cuidados pessoais;
  • despesas pessoais; educação;
  • comunicação.

Cada categoria e região do país tem um peso no resultado final. Itens de alimentação, por exemplo, costumam ter um peso maior que vestuário. Essa coleta de preços é repetida mês a mês, com comparativos que mostram se a inflação aumentou ou diminuiu.

Por que o IPCA sobe?

Geralmente, os preços de uma economia se ajustam pela oferta e demanda. Ou seja, o preço de um produto ou serviço tende a subir quando a procura aumenta e a oferta permanece igual ou diminui. O contrário também pode acontecer. Mas, outros fatores também contribuem para a variação da inflação, como, por exemplo, os resultados das safras de alimentos, preço do dólar e gastos públicos.

Por que o IPCA cai?

A redução do IPCA não significa que os preços gerais diminuíram. Nesse caso, eles aumentaram menos do que no mês anterior. A deflação, que é a queda dos preços, só acontece se o IPCA for negativo. 

Como o IPCA e outros índices de inflação impactam seu bolso?

Se a inflação sobe, significa que as coisas estão ficando mais caras. A variação do IPCA é positiva, o que significa que os bens e serviços estão subindo de preço. Quando os preços sobem durante muitos meses, como tem sido atualmente, o salário não aumenta na mesma velocidade. Ou seja, elas acabam perdendo poder de compra. Julia Passabom, economista responsável pela análise de inflação do Itaú BBA e doutora em economia pela USP, explica em detalhes o impacto da inflação na Entrevista da Semana logo abaixo:

Por que o IPCA mexe com os investimentos?

Geralmente, a inflação alta faz com que o Banco Central aumente a Selic  para conter a pressão sobre os preços. Com juros mais altos, alguns títulos de renda fixa tendem a se beneficiar. A Selic também é usada como indexadora de outros investimentos, como LCIs e LCAsCDBs e CDIs . No fim das contas, o IPCA também impacta, mesmo que indiretamente, a rentabilidade desses papéis.

O que é o IGP-M?

O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) é um indicador de inflação e baliza, por exemplo, os contratos de aluguel e as contas de luz.

Como o IGP-M é calculado? 

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) é a responsável pelo cálculo do índice. Três índices com pesos diferentes compõem o cálculo do indicador: o IPA-M (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), com peso de 60%; IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor), com peso de 30%; e INCC-M (Índice Nacional de Custo de Construção), com peso de 10% na inflação do aluguel. 

Qual é a diferença entre o IGP-M e o IPCA?

A inflação oficial do Brasil é o IPCA. Enquanto o IGP-M calcula todas as etapas de um produto – da fabricação à venda – o IPCA registra apenas os preços finais, mirando 90% das famílias que vivem em áreas urbanas. Ao final de um período, o IGP-M costuma apresentar variações maiores que o IPCA. Isto porque ao medir os preços em toda a cadeia produtiva, o IGP-M é mais afetado pela alta do dólar. Quando uma empresa tem um custo maior para produzir algo mas não sobe o preço para o consumidor, não há impacto no IPCA, enquanto o IGP-M registra o custo maior para o fabricante. 

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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