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Brasileiros têm conta em mais de 4 bancos, mas concentram vida financeira em 2; especialista diz se vale a pena
O número de bancos em que os brasileiros possuem conta aumentou nos últimos dois anos. Hoje, segundo pesquisa inédita divulgada nesta terça-feira (15) pelo Google, cada brasileiro possui hoje conta em mais de 4 instituições. O número, que era de 2,6 contas na edição anterior do levantamento em 2021, saltou para 4,3 contas em 2023.
De acordo com a pesquisa realizada pela Quantas para a empresa de tecnologia, isso não significa que todas as contas são utilizadas igualmente. Segundo o levantamento, o aumento se deve à uma intenção de aproveitar condições favoráveis em diferentes serviços, mas a vida financeira dos brasileiros segue concentrada em apenas dois bancos.
A pesquisa ouviu 2.500 pessoas, maiores de 18 anos, bancarizadas, de todas as classes sociais, entre abril e maio deste ano. O levantamento mostrou ainda que as pessoas já tiveram contas em cerca de 7 instituições diferentes ao longo da vida. Ao serem apresentados a uma lista de marcas que oferecem serviços financeiros, os entrevistados dizem conhecer cerca de 21 empresas, em média.
Por que tantas contas?
O levantamento questionou os entrevistados, em pesquisas qualitativas, as razões pelas quais possuem hoje um número maior de contas. De acordo com o Google, a razão principal é uma busca dos usuários poder poder aproveitar ao máximo as melhores condições em cada serviço.
“Na pesquisa qualitativa, a pessoa cita 8 ou 9 bancos que ela tem relacionamento e a história dela é essa. Cai o salário em uma conta, ela faz o Pix para a outra para um pagamento, um Pix para outra para uma aplicação financeira, para uma outra para um cartão de crédito, para outra para uma oportunidade de investimento”, relata Vítor Zenaide, líder de insights para serviços financeiros do Google Brasil.
O especialista cita “o incentivo à experimentação” com os relatos de facilidade para abertura de contas, com isenções de tarifas para contas e cartões. Mais recentemente, os incentivos à portabilidade de serviços financeiros, como investimentos e a facilidade do Pix. “A pessoa quer ter a melhor conta global, o melhor cartão de crédito, então ela acaba aproveitando essa segmentação”, diz Zenaide, que cita o fato de que o número de chaves Pix superou a casa das 630 milhões, demonstrando que cada brasileiro utiliza múltiplas chaves, muitos chegando ao limite de quatro chaves por CPF.
Vale a pena ter muitas contas em diferentes bancos?
Para Eliane Habib, planejadora financeira CFP pela Planejar, a renda é um importante critério para definir se compensa, ou não, que uma pessoa tenha contas em diversas instituições.
“Para um público de mais baixa renda, não compensa ter muitas contas. Quando se tem entradas em diferentes bancos, e principalmente quando se usa muitos cartões, a dificuldade de fazer a gestão do orçamento é terrível”, argumenta.
A especialista argumenta que o uso pontual de contas adicionais para obter serviços melhores, principalmente conforme o patamar de renda sobe, pode ser útil para alcançar determinados objetivos. “Se é o caso de um financiamento imobiliário, um investimento estratégico que eu planejei, por uma melhor condição, aí pode realmente ser melhor”, explica.
O maior risco, afirma Eliane Habib, é mesmo o de aproveitar as várias contas para utilizar diferentes cartões. “Abrindo muitas contas, você corre o sério risco de tomar uma quantidade de crédito acima da sua capacidade. É como chocolate. Se eu só quero comer um, melhor eu comprar apenas um chocolate. Se eu comprar uma caixa inteira eu vou querer comer tudo”, diz.
Entre as dicas da planejadora financeira também está aproveitar um bom relacionamento com seu banco principal para negociar condições melhores para os produtos que se observa em concorrentes. Eliane Habib, no entanto, não recomenda que se mantenha uma única conta. “É sempre importante ter uma janela para observar o mercado. Assim, sempre poder comparar preços, em tudo”, conclui.
Qual o melhor banco? Como os brasileiros fazem essa escolha
O levantamento promovido pelo Google apresentou aos pesquisados uma lista de 28 razões para escolherem uma instituição financeira. No topo da lista, dos seis principais motivos, hoje quatro estão associados a conveniência e uma boa experiência digital.
“Eu trabalho no Google há nove anos. O comportamento do usuário tem mudado e ele está cada vez mais no comando das soluções de tecnologia. Ele se empoderou com o celular, foi o grande avanço que vimos de web no Brasil”, avalia Mônica de Carvalho, diretora de negócios do Google no Brasil, durante conversa com a imprensa da qual a Inteligência Financeira fez parte.
No topo da lista, de acordo com a pesquisa, está a opção “Ter um aplicativo de celular (fácil de usar, seguro)”. Em seguida, em terceiro está “Fazer todas as movimentações pela internet”, em quarto está “Ter tudo num lugar só” e em sexto aparece “Ter site/internet banking (fácil de usar, seguro)”.
Além de a segurança estár entre os quesitos bons na seara digital, a credibilidade também está na raiz das outras duas razões do top 6. Em segundo lugar, “Segurança nas transações/não ter a conta invadida” e em quinto lugar aparece “Banco sólido/pouco risco de quebrar”.
Veja os 10 principais motivos apontados como razões para a escolha de um banco:
- Ter aplicativo de celular (fácil de usar, seguro)
- Segurança nas transações / não ter a conta invadida
- Fazer todas as transações pela internet
- Ter tudo num lugar só
- Banco sólido / pouco risco de quebrar
- Ter internet banking (fácil de usar, seguro)
- Oferecer cartão de crédito sem anuidade
- Limite de crédito que atende as minhas necessidades
- Taxas de juros baixas
- Fácil de abrir a conta
Como os brasileiros escolhem seus 2 bancos principais?
Apesar de terem contas abertas em mais de 4 instituições, as movimentações estão concentradas mesmo em dois bancos — na média nacional, 1,8 banco principal por pessoa. Questionados sobre porquê apontam dois bancos como principais, os entrevistados alegaram as seguintes razões:
- 77% – “Onde faço mais pagamentos/transações”
- 58% – “Onde recebo meu salário/minha renda”
- 49% – “Onde tenho mais crédito”
- 44% – “Onde concentro investimentos”
O levantamento fez ainda uma segmentação por classe social. De acordo com o estudo, os grandes bancos são as escolhas principais dos clientes das classes A e B, enquanto os bancos digitais ganham força na classe C. Nas classes D e E há uma pentração grande da Caixa Econômica Federal, em razão dos benefícios oferecidos pelo governo federal através da instituição.
O levantamento aponta ainda que apenas 8% dos brasileiros dizem não ter nenhuma chance de trocar de banco principal. Por outro lado, 57% cogitam essa possibilidade, informa a pesquisa encomendada pelo Google.
Um outro aspecto relatado nas pesquisas qualitativas é a importância das agências. De acordo com os porta-vozes do Google, a presença de pontos físicos é citada pelo público mais velho, mas também quando o assunto gira em torno de produtos mais complexos.
O assunto foi tema de recente entrevista de Pedro Moreira Salles, copresidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco, para o programa Visão de Líder da Inteligência Financeira. O executivo abordou a expectativa sobre o futuro das agências e a possibilidade de que os pontos físicos sejam local para o esclarecimento a respeito de produtos que fujam do dia a dia dos clientes.
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