Saiba como funciona a Selic e sua importância para a economia brasileira

A rentabilidade dos investimentos e os juros cobrados nos financiamentos são definidos a partir da taxa básica dos juros
Pontos-chave:
  • A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar o dinheiro em circulação
  • O aumento da Selic beneficia a renda fixa, cuja remuneração é baseada em juros
  • Quando uma aplicação oferece 100% do DI, ela paga ao investidor o equivalente à taxa média dos empréstimos realizados entre os bancos

A Selic é a taxa básica de juros do Brasil. Definida pelo Banco Central (BC) em reuniões a cada 45 dias (a mais recente aconteceu ontem, 27), ela é uma referência tanto para os empréstimos como para as aplicações financeiras no país.

Quando o BC aumenta ou diminui a Selic, os outros bancos podem seguir o movimento e elevar ou reduzir os juros cobrados dos clientes nos seus financiamentos. Por isso, a Selic é um instrumento que ajuda o BC a proteger o valor da moeda, o Real, ao controlar a quantidade de dinheiro disponível na economia.

Se a Selic é reduzida, os juros bancários acompanham e mais clientes vão se interessar em tomar crédito barato; com mais dinheiro circulando, a economia se aquece e cresce. Porém, o BC não quer que a economia aqueça demais, porque muito dinheiro sobrando encoraja as empresas a aumentar os seus preços, levando à inflação. E, nesse caso, nossa moeda perde valor. Então, o BC faz o contrário: aumenta a Selic para esfriar os ânimos. Como aconteceu ontem.

No mercado financeiro, a Selic serve de parâmetro para os investimentos. A elevação da taxa aumenta os juros pagos nas aplicações de renda fixa, e a redução faz o rendimento cair. Em momentos de crise, a Selic chegou a 45% ao ano. Desde 2017, a taxa vinha sendo reduzida. Mas ontem, o BC fixou ela em 7,75%, um aumento de 1,5 ponto percentual em relação à última taxa. A Selic vigente agora vale até a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que acontece nos dias 7 e 8 de dezembro.

E o CDI?

O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é um título que funciona como uma nota promissória entre instituições financeiras. Na prática, um banco que encerrou o dia com caixa negativo procura outro que tem um bom saldo e faz um empréstimo para conseguir fechar no azul, entregando ao seu credor um CDI.

Os juros cobrados são a chamada taxa DI, que acompanha os movimentos da Selic, mas é calculada diariamente (muita gente chama de taxa CDI, o que é errado tecnicamente). Pessoas físicas não podem investir no CDI, entretanto, a taxa DI serve de referência para diversas outras aplicações, como o CDB, a Letra de Crédito Imobiliário (LCI), a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e a Letra de Câmbio (LC).

Quando uma aplicação oferece 100% do DI quer dizer que ela paga ao investidor o equivalente à taxa média dos empréstimos realizados entre os bancos.

O que você precisa saber sobre a Selic

  • A Selic representa os juros básicos da economia brasileira e seus movimentos influenciam todas as taxas de juros praticadas no país, sejam as cobradas em empréstimos, sejam as que um investidor recebe ao realizar uma aplicação financeira.
  • Ela é a principal ferramenta do Banco Central para controlar o volume de recursos em circulação. Quando a economia está aquecida e há risco de inflação alta, a Selic é elevada, o que desestimula o consumo. Quando a Selic diminui, o consumo aumenta, e a economia tende a aquecer.
  • A cada ano são realizadas oito reuniões do Copom, órgão ligado ao Banco Central, para definição da taxa. Então, a cada 45 dias os responsáveis se reúnem para definir se a meta da Selic se mantém, se aumentará ou se será reduzida.
  • O aumento da Selic beneficia os investimentos de renda fixa (CDBs, letras de crédito, debêntures), que oferecem uma remuneração baseada em juros.