Pix, que custou US$ 4 milhões, conquistou os brasileiros; veja o que vem pela frente

Projeto completo termina em até três anos
Pontos-chave:
  • Em novo recorde diário, foram feitas 73,2 milhões de transações
  • Cerca de 60% das transações parceladas do Pix são valores de até R$ 200

Se você já efetuou alguma transferência de dinheiro via Pix, seja ela pequena ou grande, percebeu como o sistema é fácil. E olha que toda a funcionalidade ainda nem foi totalmente concluída. O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta semana que a implementação total do projeto ainda deve levar três anos. O desenvolvimento do Pix, segundo Campos Neto, custou US$ 4 milhões, ou cerca de R$ 20 milhões. Atualmente, o Pix é a intermediação financeira mais barata e rápida do Brasil.

Pix conquistou clientes pela facilidade do serviço

O Pix é uma novidade até que recente, mas é tão boa e prática que a gente quase já esqueceu como era a vida antes dela. Lembra que era preciso ir ao caixa eletrônico sacar dinheiro? E a complicação que era pedir todos os dados de uma pessoa para fazer um DOC, que só caia no dia seguinte e custava caro?

Qual foi o resultado do Pix?

Com a facilidade trazida pelo Pix, o Brasil se tornou o quarto país que mais realizou transações em tempo real no ano passado, um avanço de quatro posições frente a 2020. Foram 8,7 bilhões de transações, que representaram 5% das operações feitas no país, de acordo com relatório global da ACI Worldwide, companhia de software para pagamentos. A primeira colocação é ocupada pela Índia, com 48,6 bilhões de transações, seguida por China (18,5 bilhões) e Tailândia (9,7 bilhões). Além do Brasil, o “top 10” é formado ainda por Coreia do Sul, Nigéria, Reino Unido, Estados Unidos, Japão e México.

O que virá depois do Pix

Campos Neto, do BC, afirmou ainda que o próximo passo do Pix é o uso das chamadas wallets, plataformas em que os produtos bancários estariam disponíveis, o que pode melhorar as formas de uso da transferência instantânea. A ideia é conectar todas as contas e ter um algoritmo de risco de crédito, de modo que os juros que serão pagos em uma compra são calculados na hora. “Provavelmente é o fim do cartão de crédito como conhecemos hoje”, afirmou Campos Neto.

Pix parcelado: invenção brasileira

E eis que em meio à novidade surge a novidade da novidade: o Pix parcelado. Este não é um serviço oficial do Banco Central. Ou seja, a instituição não definiu as regras e os juros dessa funcionalidade. Mas ele existe e vem sendo bastante usado. Por enquanto, Santander, Mercado Pago e PicPay oferecem o serviço, cada um com suas taxas. O BC tem uma agenda de evolução para do Pix para os próximos três anos, mas o parcelamento ainda não foi lançado.

O Pix parcelado funciona como um empréstimo. Ao usar a função, o cliente pode fazer a transferência por Pix e realizar o pagamento em várias vezes, com cobrança de juros. O recebedor obtém o valor todo na hora. Então, se você compra um produto por R$ 1.000, pode ter esse dinheiro emprestado, parcelando com a instituição e pagando o vendedor na hora.

Resultado? A Digio, plataforma de serviços financeiros, realizou um levantamento do comportamento da base de clientes com a conta digital e descobriu quem usa o Pix divide o pagamento em 2,4 vezes, em média. Cerca de 60% das transações parceladas do Pix são valores de até R$ 200.

Quantas pessoas usam o Pix?

Em maio deste ano, o número de usuários de Pix bateu novo recorde de operações feitas em um só dia. Segundo o BC, foram feitas 73,2 milhões de transações pelo sistema de pagamentos instantâneos. O recorde anterior de 63,5 milhões havia sido alcançado em 7 de abril deste ano. De acordo com dados do BC, em abril, o sistema possuía 438,47 milhões de chaves registradas e 126,55 milhões de usuários, entre pessoas e empresas.

O lado ruim do Pix

É claro que nem tudo são flores com o Pix. Primeiro, você precisa ficar atento ao destinatário e ao valor da transação, porque o Pix é irreversível. Segundo, porque, com o avanço dos aplicativos de bancos, aumentou também o número de roubos do dispositivo. Em São Paulo, houve um aumento 25% em um ano: foram 11.937 celulares roubados só em março, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Muitos desses roubos acontecem para que os ladrões tenham acesso ao Pix. Como medida de segurança, o BC fez uma série de mudanças no Pix. O limite do sistema de pagamentos passou a ser de R$ 1.000 para operações entre 20h e 6h.