“Meu erro foi não ter aproveitado o efeito dos juros compostos para minha aposentadoria”

Essa é a lição do gestor Marcelo Guterman, pai de sete filhos, que, assim que percebeu que o caminho escolhido era ruim, mudou de rota

Você já pensa na sua aposentadoria? Ou, no caso dos mais velhos: quando você beirava os 30 anos, tinha foco no longo prazo? O gerente de produtos da gestora Western Asset, Marcelo Guterman, 56 anos, tem uma resposta ambígua: sim e não. Sim, ele investia desde cedo pensando em quando parasse. E não, não investia muito. Aliás, bem pouco. “Meu erro em relação ao dinheiro foi não ter poupado mais para a aposentadoria. Eu comecei com 5% do meu salário. Só passei para 10% dez anos mais tarde”, afirma Guterman.

E organização é fundamental para ele, que é casado há mais de 30 anos e tem sete filhos. Sim, sete. “Mesmo não tendo herança e recebendo um salário de nível gerencial, consegui sustentar uma família tamanho família”, diz Guterman. O segredo? Organização, como ele mostra no livro que lançou recentemente Finanças do Lar, pela Editora Labrador (à venda na Amazon e nas livrarias).

Nesta matéria da nossa série Meu Erro, você vai aprender com o erro de Guterman que não pode mais ignorar sua aposentadoria. Se, com sete filhos ele conseguiu reverter a situação, você certamente também conseguirá.

Qual foi seu maior erro em relação ao dinheiro?

Durante os dez primeiros anos da minha carreira, eu poupei 5% do que eu ganhava por mês para minha aposentadoria. Se fosse 10%, hoje, 31 anos depois, eu teria chegado a uma renda muito maior e teria aproveitado melhor o efeito dos juros compostos ao longo do tempo.

Por que você não planejou melhor sua aposentadoria?

Na época (década de 1990), a cultura previdenciária no Brasil era ainda muito incipiente, pouco se falava sobre isso. E, como jovem, eu não tinha consciência de como poupar para a aposentadoria é importante. Além disso, achava que, sendo meu salário baixo, não faria tanta diferença.

Como você descobriu que estava errado?

Foi o tempo e o crescente debate sobre a cultura previdenciária que me fizeram acordar para o problema.

Como você contornou a situação?

Aproveitei um aumento de salário e, a partir de então, comecei a poupar 10% da minha renda.

Quais lições você aprendeu?

Dar ouvidos aos mais velhos!

Como você avalia seus investimentos hoje?

Hoje temos uma ampla gama de ativos financeiros, que permitem montar uma carteira bem diversificada. Mas se o investidor não tiver consciência de onde ele quer chegar, acaba se perdendo.

O que você leva em conta quando decide investir?

Eu procuro não prestar atenção ao cenário econômico, observo mais o meu objetivo como investidor e escolho o ativo de acordo com esse objetivo.

Quais ensinamentos você daria para os investidores menos experientes?

É muito difícil antecipar cenários. Investir tentando adivinhar o futuro é a receita para entrar em bolhas e sair no pânico. Foque nos seus objetivos para obter resultados mais consistentes no tempo.

Qual é a melhor tacada nos investimentos?

Sinceramente, não perco meu tempo procurando a “próxima barbada”. Presto mais atenção nos meus objetivos, e aplico em opções tradicionais de investimentos, que são mais do que suficientes para atingir esses objetivos.

O que o leitor encontra no seu livro, o Finanças do Lar?

A mensagem que eu desejo passar é a de que controlar as próprias finanças e investir não é um bicho de sete cabeças. Com um pouco de disciplina e algumas técnicas, a organização financeira é um objetivo ao alcance de qualquer um. Tenho sete filhos e, mesmo não tendo herança e recebendo um salário de nível gerencial, consegui sustentar uma família tamanho família. O livro é fruto de minhas reflexões a respeito disso que muitos diziam ser impossível.