Maioria dos brasileiros trocaria seus próprios dados por benefícios bancários

Todo cliente busca a mesma coisa: ficar satisfeito com o banco onde ele tem conta
Pontos-chave:
  • 65% das pessoas estão dispostas a compartilhar suas informações em troca de melhores taxas
  • Não há diferença entre classes sociais e faixas etárias quando o objetivo é ter acesso a juros mais adequados

Você trocaria algumas informações suas por juros menores na hora de pedir crédito e empréstimos? Pois é isso o que propõe o open banking. Entre as pessoas que possuem celular e têm conta em banco, 65% estão dispostas a compartilhar dados em troca de melhores taxas atreladas a um serviço contratado. É o que indica uma pesquisa da plataforma Quanto, em parceria com a Aster Capital.

A possibilidade de compartilhar os dados com diferentes instituições está em vigor desde o dia 13 de agosto de 2021. Com a permissão do usuário, os bancos escolhidos podem verificar um conjunto de informações e, a partir disso, oferecer produtos e serviços que, talvez, sejam melhores do que aqueles que o cliente teve acesso até então.

Qual é o objetivo do open banking?

A ideia dos bancos conhecerem melhor a vida financeira de seus clientes a partir dos dados cadastrados e das transações está na base do sistema financeiro no Brasil. Ao permitir que o cliente exponha seu histórico de endividamento e adimplência para outros bancos e fintechs, o Banco Central pretende melhorar a concorrência e ampliar a oferta de produtos e serviços adequados para cada pessoa.

Todos querem juros mais baixos

Ao ouvir clientes de bancos tradicionais e fintechs, o levantamento verificou que não há diferença entre classes e faixas etárias quando o objetivo é ter acesso a benefícios, como taxas de juros mais adequadas para cada realidade ou uma maior disponibilidade de serviços. Mas a comunicação clara e objetiva sobre os ganhos pessoais ao dar o acesso às informações é decisiva para o compartilhamento dos dados se concretizar, de acordo com a amostra feita com duas mil pessoas.

O desafio de comunicar as vantagens de se ter produtos específicos para cada realidade se acentua em um cenário em que o Pix se tornou amplamente difundido. Não é incomum a confusão entre quem acha que o Pix é o Open Banking, quando, na verdade, este é apenas mais um serviço — a exemplo de outros — do sistema financeiro aberto.

Cada brasileiro com até cinco contas correntes

De acordo com o levantamento, o brasileiro tem hoje, em média, 3,5 contas bancárias, sendo que quase 25% dos entrevistados possuem 5 contas ou mais. O número é semelhante ao já verificado entre a parcela mais jovem da população identificada na mais recente edição do Relatório de Cidadania Financeira, divulgada pelo Banco Central no fim de 2021.

A manutenção de uma conta em um banco ou fintech porque é de graça foi apontada por 79% dos entrevistados. Para outros 65%, poder sacar dinheiro é o que faz manter o vínculo com um banco tradicional. Já a busca de serviços diferentes é a razão para 77% terem contas abertas em mais de um banco.

O que conta é a satisfação do cliente

Os resultados indicam que, na disputa pelo nível de principalidade, ou seja, ser a instituição preferida para relacionamento, a satisfação dos clientes e a disponibilidade de serviços são os outros dois fatores decisivos para dar acesso aos dados via open banking. Segundo o estudo, as fintechs já possuem metade da principalidade de contas no Brasil. Quase metade dos clientes Nubank utilizam o banco como conta principal, uma das maiores médias do grupo. Na outra ponta, segundo a Quanto, PicPay e MercadoPago possuem as menores relações entre conta principal/contas abertas.

Com reportagem do Valor Investe