Dólar turismo e comercial são diferentes; entenda para o que cada um deles serve

Dólar comercial é mais barato, mas os turistas não têm acesso a ele
Pontos-chave:
  • O dólar turismo vendido a pessoas físicas é 4% a 8% mais caro do que o dólar comercial
  • Em países em que o dólar não é moeda oficial, em geral, comprar dólares no Brasil e fazer a conversão no país é a melhor alternativa

Dólar turismo X dólar comercial. Você já deve ter observado que a cotação de ambos é diferente e que o primeiro é mais caro que o segundo, usado para quem sai do Brasil, fazer compras em sites estrangeiros e para a conversão das despesas do cartão em outros países. Mas por que eles são diferentes?

O que é o dólar comercial?

O dólar comercial é usado em grandes movimentações financeiras entre bancos e empresas para importação e exportação de bens ou serviços. Por isso, ele define as taxas do mercado e é vendido a um valor mais barato ao ser comprado em grandes quantidades por pessoas jurídicas. Ou seja, tem uma liquidez maior e condições de compra mais favoráveis. 

A má notícia é que você, pessoa física, não pode levar sua maleta para encher de dólar comercial. O dólar turismo é a moeda em espécie, o papel físico vendido aos viajantes e pode custar entre 4% a 8% mais caro. Então, se US$ 1 comercial estiver valendo R$ 4,90, deve custar entre R$ 5,10 até R$ 5,29 no turismo por incorporar custos administrativos, de armazenamento, de logística e impostos, além das vendas serem em volumes muito menores. O Banco Central é o responsável por monitorar possíveis preços abusivos na cotação turismo.

Não há limites legais para a compra de dólares turismo, mas é preciso comprovar a origem do dinheiro para valores que ultrapassem os US$ 3 mil. É possível usar, por exemplo, a sua folha de pagamento ou uma declaração do Imposto de Renda.

O que levar na viagem: dinheiro ou cartões?

Para cada uma dessas opções, existe uma cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). São elas:  

  • Dinheiro em espécie: 1,1% incide sobre o valor total da compra;
  • Cartão de crédito: 6,38% incidem sobre o valor de cada compra feita;
  • Cartão de débito (cartão pré-pago): 6,38% incidem sobre o valor total no cartão;
  • Transferências internacionais para uma conta no exterior: 0,38% incide sobre o valor da transação.

Bia Moraes, especialista em finanças e investimentos e educadora financeira da Ativa Investimentos, recomenda sempre levar uma boa quantia em espécie. Caso a viagem seja muito longa ou para destinos que ofereçam algum risco para guardar ou transitar com dinheiro, a especialista aconselha adquirir uma parte em cartão pré-pago. Além de oferecer mais segurança, “evita que o viajante fique exposto a oscilações no valor do câmbio, já que o preço da moeda é travado no momento da aquisição e pode ser recarregado de qualquer lugar do mundo”, explica a especialista. 

O que é o spread das moedas? 

E quando a viagem é para países que utilizam outras moedas, como o rial catarense do Catar, sede da Copa do Mundo de 2022? Se o país aceita pagamentos com a moeda americana, você deve comprar dólares no Brasil para depois trocar pela moeda local ou comprar diretamente o rial no Brasil antes da viagem?

O rial catarense, por exemplo, é uma moeda pouco comum e muito menos usada nas transações. Sendo assim, é mais caro comprá-la diretamente devido ao seu maior spread cambial. Em inglês, spread significa margem e está presente sempre que há troca do real por alguma moeda estrangeira. Ele indica a diferença entre o preço pelo qual a casa de câmbio comprou a moeda e o preço de venda ao consumidor final. Isso você já deve fazer, mesmo sem saber o nome oficial da operação: você procura sempre o menor spread possível. Se a casa de câmbio compra a moeda por R$ 4,90 e vende a R$ 5,10, o spread foi de R$ 0,20 ou 4%. 

No caso da viagem ao Catar, país que aceita o dólar em muitos lugares, Bia Moraes explica que seria melhor comprar e levar dólares ao invés de comprar o rial diretamente, porque o spread do rial é muito elevado e pode ficar mais salgado para o seu bolso.

Colaborou Anne Dias