Dia das Crianças: ter um filho é caro? Sim, muito, portanto, organize-se!

Saiba o que incluir em um bom plano estratégico contra a falta de dinheiro

O Dia das Crianças é o dia de, em geral, ver elas felizes. Afinal, pais, avós e padrinhos mandam presentes, carinhos, telefonam, enviam mensagens, levam ao parque, trazem bolo. Mas isso é em um dia. Nos outros 364 dias do ano, a história é outra. Tudo isso continua valendo, mas há um componente que pesa nessa conta: o dinheiro. A família precisa estar bem estruturada financeiramente para dar conta do tranco que é ter um filho.

É possível fazer diferente? Claro. “Do ponto de vista financeiro, ter um filho pode ser, sim, muito caro. A depender do padrão de vida que você tem e do contexto social em que está inserido, incluir babá, plano de saúde, creche, escola, vestuário, lazer, brinquedos, livros, férias pode pesar bastante no orçamento familiar”, afirma Lai Santiago, educadora financeira da fintech de crédito Open Co.

“Mas é possível ter um filho com dignidade sem despejar uma fortuna para isso, usando a rede pública de ensino, fugindo da pressão do consumo e, claro, com uma rede de apoio familiar para compartilhar a responsabilidade de cuidar da criança”, diz.

Quanto custa um filho?

Quanto custa um filho?“. Pois bem, essa pergunta já foi feita milhares de vezes e você deve encontrar muitas respostas. A verdade é que cada família tem sua demanda, seus custos e sua inflação.

Apenas para ilustrar, vamos te dar algumas referências de preços, levando-se em conta um adolescente de 15 anos, que está entrando na adulta. Mas atenção: os preços abaixo têm como base São Paulo, uma das cidades mais caras do Brasil. Vamos lá:

  • Mensalidade do ensino médio: R$ 4 mil por mês;
  • Aula de inglês: R$ 500 por mês;
  • Plano de saúde: R$ 200 por mês;
  • Balada: R$ 80 por entrada

Isso sem contar coisas óbvias, como: comida, roupa, dentista, esporte, aula de reforço… Alguns planejadores financeiros falam que do zero aos 18 anos, uma família gaste em torno de R$ 1,5 milhão por filho

Agora veja: todos esses valores são públicos. É só ligar na escola de inglês ou mandar uma mensagem para o corretor do plano de saúde para se ter uma noção dos valores.

Então, por que os pais são pegos de surpresa com relação aos gastos com os filhos? “É muito difícil estar preparado financeiramente se você não sabe ao certo o que é a vida de quem tem filhos. E também porque, em geral, as pessoas não se planejam”, explica Lai.

É preciso saber pôr limites

Para começo de conversa, é preciso saber dizer “não” para as crianças. Pode parecer bobagem, mas essa é uma função que muitos pais se desdobram para cumprir. Por quê? Porque é mais fácil resolver o problema rapidamente do que dizer “não”, explicar o motivo do “não” e convencer a criança ou o jovem de que não dá para ter tudo ao mesmo tempo na hora que o filho ou a filha quer.

E isso deve ser feito com recorrência. Ainda que o valor do que a criança esteja pedindo seja baixo.

O foco da família deve ser o bem-estar de toda a família, e não o desejo de cada um. Principalmente em tempos de grana curta, inflação alta e desemprego rondando as casas.

Por isso, os planejadores financeiros recomendam que os pais devem sempre avaliar se a compra compromete as contas básicas da casa.

É importante colocar na balança se o pedido do filho é uma prioridade de toda a família. Se houver coisas mais importantes a serem pagas, é importante dizer “não” com firmeza, explicando que não é hora de aumentar o valor os gastos da família naquele momento.

“Porque não” é um caminho ruim

O “não, porque não” é um caminho ruim. Causa ruído, pois o contra-argumento vira o “sim, porque sim” e não ajuda na educação financeira dos filhos, sobrinhos, afilhados, primos, enteados.

Em que investir quando se pensa nos filhos?

Não há uma regra única sobre o que fazer com o dinheiro. Só você sabe o que você passa na sua casa. Mas existem alguns fatores que você deve ficar atento quando o assunto é o planejamento financeiro e filhos.

No vídeo abaixo, o matemático e mestre em economia Edgar Abreu fala sobre a melhor estratégia para você investir pensando nos seus filhos. E sabe quando começar? Antes mesmo de as crianças existirem. Dá uma olhada:

Não arrisque: o poder da renda fixa e das ações pagadoras de dividendos

Filho gera um gasto de longo prazo. Coloque nessa conta pelo menos 18 anos de manutenção, o que pode mudar de casa para casa. E esse custo é constante, com pequenas variações (um bebê gasta cerca de 200 fraldas descartáveis por mês, mas um pré-adolescente frequenta aulas de inglês…). Portanto, você deve colocar esse peso na sua balança de despesas.

Sabendo que este gasto, de uma forma ou de outra, será fixo e necessário, já separa uma linha do seu orçamento para ele. E, ao ser constante, os planejadores financeiros afirmam que, então, é melhor investir em produtos financeiros com rentabilidades igualmente constantes, como os ativos de renda fixa, ou as ações que paguem bons dividendos e que tenham uma certa previsibilidade.

Reserva de emergência

Lembrando que os responsáveis pelos menores nem sempre estão empregados ou têm salários que cubram todos os custos em todas as fases da vida, deixe uma parte dos seus investimentos numa conta separada, a chamada reserva de emergência.

Dentro desse valor, faça a reserva da reserva. Ou seja: um pedaço do total vai para os gastos infantis. Significa que você vai gastar o valor? Não. Mas significa que você vai poder contar com essa grana em situações fora do planejado.

“Ter uma reserva de emergência minimiza o impacto das adversidades. A criança certamente vai ficar gripada e você vai precisar pedir uma folga no trabalho e gastar com remédios. Ela pode decidir fazer uma obra de arte na parede da sala. São surpresas que podem acontecer e que podem ser contornadas com uma reserva financeira”, diz a educadora financeira Lai Santiago.

Diversifique

Ainda que a grana dos gastos com os filhos esteja separada, guardada e reservada, você pode abrir um pouco os horizontes. Mesmo nesse caso, dizem os planejadores financeiros, você deve diversificar a carteira, com cautela.

Na renda fixa, por exemplo, você pode salpicar seu dinheiro entre ativos que tenham mais têm a ver com com seu objetivo. E aí você encontra uma gama de produtos financeiros, como Tesouro DiretoCDB, LCI, LCA, debêntures, fundos de renda fixa. O pulo do gato é diversificar, ainda que com títulos de uma mesma classe de ativos.

Coloque toda a família dentro do projeto “Filhos”

Em se tratando de dinheiro, seja qual for a finalidade, inclua toda sua família. Todos devem saber que ali há uma preocupação e que você não pode ficar sozinho nesse objetivo. Afinal, a meta deve ser de todos.

Nesse planejamento, até as crianças podem participar. Vai fazer bem para elas saber que seus responsáveis têm uma preocupação financeira em relação a elas, e esse já é o começo da educação financeira.

“É muito importante que a criança saiba qual é a situação financeira da família. É bom que tenha noção de como é organizado o orçamento e as principais despesas. Esse assunto tem que estar presente no dia a dia”, diz Bruna Allemann, educadora financeira da fintech Acordo Certo.

Como falar sobre dinheiro com os filhos?

Mesada é um assunto importante nessa conta. E mães pensam diferente dos pais. Olha só: um estudo realizado pela fintech Acordo Certo com 1.600 pessoas revelou que 70% das mães têm o hábito de dar mesada, contra 29% dos pais.

E 89% delas falam com os filhos sobre a situação financeira. Entre os homens, 81% falam de dinheiro com os filhos.

Mas como falar de dinheiro com as crianças?

A administradora e escritora Thelma Ribeiro, que lançou um livro para crianças sobre dinheiro, diz que a chave é usar as situações do dia a dia com os pequenos. Basicamente o que pregava o educador reconhecido mundialmente Paulo Freire, mas aplicado às finanças.

“Use seu dia a dia e insira a criança nas situações que envolvem dinheiro”, ensina Thelma.

Cada fase, uma abordagem sobre dinheiro

A educadora financeira Bruna Allemann preparou um guia sobre como os responsáveis podem tratar de educação financeira com os pequenos. Dá uma olhada:

Dos 2 aos 5 anos

Introduza a matemática básica na rotina da criança. Comece explicando sobre moedas, o valor de cada uma e como funciona a soma delas.

Dos 6 aos 8 anos

É hora de falar sobre preços, gastos e como evitar desperdícios. É o momento ideal para ensinar como usar bem o dinheiro, brincando de mercadinho, por exemplo.

Dos 9 aos 12 anos

Com a noção do caro e do barato, as crianças podem começar a fazer suas escolhas. Incentive também a guardar um valor da mesada todo mês.

Dos 13 aos 15 anos

Ensine a criança a gastar pensando no futuro, sabendo a diferença entre querer e precisar de algo. Assim ela saberá dar prioridade para os seus gastos.

Aqui também é uma boa fase para começar a usar cartão de débito ou crédito. “Desde a infância somos influenciados pelos hábitos de consumo dos nossos pais. Não adianta falar para o filho controlar os gastos, se o pai ou a mãe se comportar como um comprador impulsivo. Controle-se também.”