Depois de um ano muito ruim, a economia reage: veja qual rumo dar ao seu dinheiro

Inflação e juros altos vão impactar na sua receita; foco deve ser a renda fixa
Pontos-chave:
  • A expectativa é de estabilidade ou de leve crescimento, devido ao combinado de guerra, inflação, juros, pandemia e eleição
  • Quem está com a renda comprometida deve organizar ainda mais o orçamento

A economia brasileira, medida pelo PIB, avançou 4,6% em 2021 em comparação ao ano anterior, conforme o IBGE divulgou nesta sexta-feira (4). O indicador ficou levemente acima da expectativa mediana das consultorias e instituições financeiras coletada pelo Valor Data, de 4,5%. Não é que o Brasil melhorou. Mas 2020 foi um ano muito ruim para a atividade econômica, devido à pandemia. Com auxílio emergencial e vacina, as pessoas voltaram a consumir. O índice um pouco mais forte que o previsto no ano passado melhoraram as previsões para a economia em 2022, de acordo com Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Com a confiança maior, o desemprego deve continuar caindo, especialmente no setor de serviços, que se beneficia da pandemia mais próxima do final, na análise dele. Contudo, a renda das pessoas deve ficar apertada pela inflação mais alta do que a projetada, com a guerra na Ucrânia aumentando os custos das companhias, devido ao aumento dos preços das commodities e à logística de transporte dificultada.

“Está cada vez mais difícil imaginar que o Banco Central corte juros neste ano, como o mercado imaginava em janeiro. A guerra na Ucrânia vai afetar os brasileiros, com a inflação pressionando os alimentos e o combustível. O pão vai ficar mais caro”, diz Cruz.

Alexsandro Nishimura, economista, chefe de conteúdo e sócio da BRA, afirma que ainda não dá para dizer que esta ano vai ser melhor para a economia. A expectativa ainda é de estabilidade ou de leve crescimento do PIB em 2022, devido ao combinado de guerra, inflação, juros, pandemia e eleição. “Ainda existe grande incerteza de como a guerra vai impactar a economia do mundo e do Brasil”, diz. Nesse cenário, ele aconselha que as pessoas mantenham em dia o planejamento financeiro, ou seja, saibam exatamente quando ganham e gastam, e evitem dívidas com a previsão de alta de juros.

Michael Viriato, estrategista da Casa do Investidor, avalia que a guerra na Ucrânia deve abalar a confiança dos empresários, que já estava em baixa, com o Congresso e o governo desagradando ao driblar o teto de gastos. Na análise dele, o desemprego deve continuar alto e a inflação deve seguir pressionando a renda. “Quem está com a renda comprometida deve organizar ainda mais o orçamento agora. Guardar dinheiro é muito difícil para a maioria da população neste momento, mas recomento cortar onde der e evitar gastos a todo custo”, sugere. Viriato afirma que não é uma boa hora para financiar carro ou imóvel, porque os juros estão muito altos. “Quem tem emprego e renda deve aproveitar agora para investir em renda fixa”, aconselha.

Proteja-se nos títulos atrelados à inflação

Embora a Bolsa ainda tenha oportunidades, segundo alguns especialistas, ela tende a perder atratividade, enquanto os investimentos de renda fixa chamarão cada vez mais atenção com a alta de juros. Nesse cenário, títulos mais recomendados são os atrelados à inflação, que remuneram o IPCA mais uma taxa prefixada, conforme estrategistas. Esses papéis protegem as pessoas do aumento dos preços e ainda pagam uma taxa prefixada, que está cada vez mais alta por causa da expectativa de juros maiores. Contudo, é preciso alinhar o prazo de vencimento do título com os objetivos, porque quem resgata antes corre o risco de perder dinheiro.

Ativos para quem tem pressa

Já quem precisa conseguir sacar a qualquer momento acha bons retornos em títulos atrelados à Selic, como o Tesouro Selic, ou ao CDI, como CDBs. Os CDBs de bancos médios e pequenos podem pagar um pouco a mais, porque têm mais risco. Os especialistas indicam diversificar os investimentos para calibrar os riscos.

Com reportagem do Valor Investe